Hitch

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— E por acaso você já fez o que mandei? — Irwin averiguava impaciente. Não queria aquele homem falando coisas em seus ouvidos, coisas essas que não estava com vontade de ouvir. Se não fosse pra acrescentar algo, preferia não estar a par de suas ações inúteis. Além disso, odiava falar ao telefone.

— Sim, Irwin, eu fiz o que você me pediu. — Frisou a última parte, para que ficasse claro que o loiro estava lhe pedindo um favor e não lhe ordenando algo. O delegado podia estar alguns patamares abaixo do juiz, porém não iria se deixar levar por isso. Tinha seu orgulho e não gostava de intromissões em seu trabalho, sobretudo se tais interferências viessem de alguém mais novo. Considerava uma afronta.

— E...? — Questionou com o lado da boca um pouco torto em sinal de descaso. Controlou-se para não suspirar, demonstrando assim sua impaciência e tédio com aquela conversa. Devia reconhecer que estava fora de sua jurisdição interferir num caso como aquele, então deveria ao menos dominar seus suspiros.

— E... Que as gravações de segurança mostraram algo sim. Inicialmente pareceu casual, mas conseguimos mais uma prova.

— Que seria...? — O Smith havia se endireitado na cadeira de sua sala. Ainda que Ryko, não soubesse do que se tratava aquela conversa, ele a olhava como se tivesse encontrado a ponta de um novelo que puxaria até desenrolá-lo completamente e ela sentiu-se satisfeita por ver o chefe feliz.

— Uma mulher estranha apareceu no local de trabalho do senhor Ackerman.

— Como sabem que é estranha? Aquele lugar recebe muitas pessoas por dia.

— Acontece que ela entrou sorrateiramente. Foi tudo muito suspeito.

— Oh... — Irwin ficou sem fala. Aguardou que o outro continuasse.

— Notamos um vulto no canto de uma imagem e decidimos buscar outro ângulo. Passaria despercebida se não tivesse se escondido tanto, além de ter tentado ocultar sua identidade das câmeras ao usar um capuz.

— Então descobriram uma forma de identificá-la. — Concluiu satisfeito, antes mesmo de o homem afirmar mais alguma coisa.

— Sim. Havia fios de cabelos dela na garagem do prédio. Não teríamos descoberto se não tivesse se formado uma poça de óleo quando outro carro estacionou por lá, na mesma vaga em que o carro do senhor Jaeger ficou no dia anterior ao acidente. Provavelmente ela havia usado uma peruca para esconder sua identidade ao entrar, mas como fez esforço para cortar os cabos e teve que deitar embaixo do carro, a peruca deve ter saído do lugar, não sei muito bem, porém pretendo descobrir os detalhes quando interrogá-la.

— É claro. — O juiz concordou com um sorriso no rosto.

— A aparência da mulher já estava diferente quando ela passou novamente diante da câmera principal, por isso pensamos na hipótese da peruca. Há outra imagem, só que na entrada da garagem, gravada por uma câmera antiga. Vamos verificá-la apenas para ter certeza.

— Obrigado por seu trabalho. — Irwin elogiou bajulador. — Quem é a pessoa de quem estamos falando?

— Desculpe, mas essa é uma informação sigilosa. — Disse o delegado prontamente.

  Felizmente ele estava a quilômetros de distância de Irwin, do contrário teria seu colarinho amassado novamente... No mínimo.

  O homem engoliu em seco ao pensar em tal possibilidade.

— Pra que esse suspense? Nós dois sabemos que não tenho interesse algum em prejudicar essa investigação, Shadis. Esses protocolos são apenas para isso.

— Ainda assim, prefiro me reservar de alguns direitos, Irwin. — Reafirmou seguro do que estava fazendo.

  O loiro suspirou, depois rangeu os dentes irritado. Ao seu lado, Ryko ficava apreensiva. Seu corpo inteiro ficou tenso, ao passo que seu chefe ia fechando os olhos e cerrando os punhos.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora