Não fui o único

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Sufocante.

Outra palavra seria demasiadamente rasa para expressar o sentimento de querer ar e não encontrá-lo.

Na mesma medida do vazio, estava sendo soterrado.

O Ackerman jamais poderia dizer o que significava aquele olhar entre eles, porém logo após a surpresa, algo mais surgiu nas orbes rebeldes, preciosas e brilhantes de Eren. Era algo que prendia Levi no lugar. Mesmo que pudesse sentir que Grisha e Lucy chegavam atrás de si, não era capaz de se virar ou dizer qualquer coisa. Apenas ficou parado, compartilhando aquele olhar que lhe queimava por dentro.

Havia sentido falta de ter sensações.

Ultimamente andava estressado, preocupado e desanimado. Apático. No máximo, sentia raiva. Eram sentimentos distantes demais daquele calor gostoso que estava sentindo ao fitar o olhar esmeralda do seu amado. Aquela impressão de que se pode fazer qualquer coisa no mundo se tiver aquela pessoa ao lado havia feito uma falta imensa.

O problema, aquele que o fez sentir uma crescente ira, foi que Castiel forçou a quebra daquela conexão.

Logo, Eren deixou de mirar o baixinho para dar atenção ao amigo diante de si.

— Ei! — O rapaz sacudiu as mãos diante dos olhos verdes. — Parece que agora foi você quem encontrou algo interessante pra ver.

Castiel havia se sentado na mesa por um instante. Queria falar com Eren sobre sua reação anterior, que deixou o fisioterapeuta confuso. Todavia, mal começou a falar e já perdeu a atenção do moreno, que olhava o outro canto do local de forma fixa e insistente, por mais que tentasse chamar sua atenção novamente.

Logo que se virou para tentar entender o que estava acontecendo, soube que mais uma cena estava por vir. Só se arrependeu de ter despertado a atenção do Jaeger pra si. Não deveria ter feito isso. Podia ter permitido que os dois ficassem se olhando até que percebessem que eram dois idiotas que nem pareciam adultos o suficiente para sentar e conversar. Ainda que Levi fosse apenas um jovem recém saído da adolescência.

Porém, o motivo para se arrepender nem havia sido esse, mas sim o fato de que Eren estava ficando louco. Ou talvez estivesse bêbado. Ou talvez, quem sabe, numa remota possibilidade, fosse mais inteligente do Castiel pensava...

Aquilo seria o que? Algum tipo cruel de estratégia?

Quando este sentiu a mão do Jaeger sobre sua bochecha, soube exatamente o que ele estava fazendo. Tanto que arregalou os olhos e sentiu o desespero aumentar de nível.

Pelo que ouviu de Petra, que era a mais próxima dele no grupo, e até mesmo de Annie e Armin, Levi não era a pessoa mais paciente do mundo. Além disso, o baixinho era bom de briga e Castiel prezava muito pelo próprio sorriso. Gostava demasiadamente de ter dentes na boca.

— Eren, não faz isso… — Pediu, no entanto nada fez para impedir a carícia. O olhar do amigo nem parecia normal, demonstrava que o álcool tinha um  efeito maior nele. De alguma forma, sentia-se responsável pelo outro e queria que ficasse bem, de preferência que aquela pessoa que o ajudou a dar o primeiro passo, ficasse bem com ele também. Se era um jogo, Castiel até podia ajudar, no entanto aquela era a forma errada.

Qualquer um podia ver que era um jogo. O olhar do moreno que antes parecia tão interessado em Castiel, agora demonstrava enxergar através dele, como se nem alí o rapaz estivesse. Mesmo assim, o toque era real. O olhar insinuante do Jaeger não era direcionado ao amigo, mas sim ao rapaz de cabelos negros que se encontrava parado feito uma estátua perto da porta de entrada do lounge.

A mão de Eren deslizava suavemente no rosto do amigo, que ainda estava sentado na mesinha diante de si. A pele era macia, no entanto não parecia tão certo assim tocá-la. Levi sempre seria sua sensação favorita…

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora