Recomeço

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— Eren… — A voz soou rouca, então ele pigarreou e foi isso que acordou o moreno.

Este que mexeu um pouco a coluna, ainda de olhos fechados e pensou estar sonhando quando os abriu.

A primeira visão que teve foi os  quase que permanentemente inexpressivos olhos azuis acinzentados de Levi.

Seria impossível mensurar o quanto o amava e tinha noção disso naquele momento. Como se pudesse ver, mesmo sem medir, o quanto aquele sentimento era enorme. Não tinha como expressar o quanto adorava aquela pessoa e aqueles olhos com todo o seu coração e devoção. Cada nuance acinzentada, cada traço mais ou menos azul…

— Para de me olhar assim. — O baixinho pediu, desviando o olhar e ficando um pouco corado.

— Assim como? — Eren provocou, sabendo exatamente sobre o quê o outro estava falando, então segurou lhe levemente o queixo e o fez retomar a troca de olhares. — Só estou aproveitando a oportunidade de ver como seus olhos ficam tão claros pela manhã; não que eu fosse capaz de esquecê-los. — Ao ver a expressão envergonhada do outro, que procurava desviar o olhar, ele sorriu de lado. — E tem o bônus do seu rosto vermelhinho quando te faço um elogio. Achei que tivesse mudado. Não aprendeu a lidar com eles ainda?

— Tch… Você é idiota mesmo, hein Eren! — Levi deu um tapa no ombro do mais velho e foi se levantando sem muito cuidado, acabando por colocar um pouco de força demais nos joelhos que estavam na altura das coxas alheias.

Eren reclamou um pouco da dor que sentiu, no entanto a diversão era maior. Seu sorriso era largo. Era sempre divertido provocar o baixinho com elogios, ainda mais porque sabia que Levi era tudo isso e muito mais.

— O que fazemos agora? — Ele se sentou e olhou em volta, ao passo que esfregava as coxas pra tentar aliviar a dor, sem nem reclamar.

A sala da casa de Lysandre estava vazia, assim como esteve quando eles adormeceram.

Finalmente Eren sentia-se estranho numa casa desconhecida.

Ele até mesmo achou que ficara tempo demais distraído. Levi tinha esse poder sobre si. Agora, recém desperto, se dava conta de que não estava na casa da mãe.

Que estranho era acordar em outro ambiente...

— Agora nós vamos embora. — Levi respondeu à questão do mais velho.

— Não devíamos esperar pra agradecer tudo o que eles fizeram?

Eren era como um adolescente pedindo orientação aos pais.

— Não sei. — Levi refletiu um pouco. — O Lysandre é meu professor. Eu o vejo toda semana, então talvez possa agradecer depois.

— Bom… Sobre isso, eu achei que você podia… — Eren hesitou bastante. — Depois de ontem… Eu achei que você fosse voltar... — Ele estava meio confuso.

— Eu imagino. — Levi o interrompeu. — Mas você não acha melhor mantermos as coisas como estão? A gente ia devagar, não era?

— Sim, mas-

— Eren. — Ele chamou a atenção do outro. — Você ainda não está dando aulas, certo?

— Claro que não. Como eu poderia? — Ele apertou as coxas com força demais e fechou os olhos.

Não se tratava de uma dor física, mas sim emocional. O Jaeger sentia-se inútil e incapaz por não poder andar, mesmo que recentemente tivesse avançado bastante.

— Ei, ei… — O Ackerman se aproximou novamente, ambos já sentados lado a lado. Segurou a mão alheia, oferecendo conforto. — Você vai conseguir, ok? E quando voltar a dar aulas, prometo que volto contigo. Só volto pra Lunar se for pra ter o melhor como professor. — Garantiu e ofereceu um sorriso leve com um olhar profundo, então Eren sorriu o seu sorriso mais largo.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora