Seu passado Parte 2

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  Eren era basicamente uma criança assustada diante dele, seu amado e ao mesmo tempo seu carrasco.

— O que precisa me contar sobre o meu passado, no qual você está envolvido, Eren? — A voz saiu como um aviso.

  O moreno engoliu a saliva.

— Acho melhor eu ir. — Disse Petra e ia passando pela porta, quando sentiu seu pulso ser agarrado e um olhar forte ser lançado sobre si, fazendo seu corpo estremecer.

— Se você tem algo a ver com isso, acho melhor ficar. — O tom de ameaça estava bem claro e a moça arregalou os olhos.

— Ela não tem. — O Jaeger afirmou, interpelando aquela atitude que além de inadequada, era inesperada e digna de um antigo Levi, um de alguns meses atrás.

— E quem tem? — O baixinho indagou de volta imediatamente.

— Apenas eu. — Respondeu assinando sua sentença. Esta que ninguém podia ter certeza de qual seria. E de alguma forma, aquilo fez a raiva e expectativa de Levi aumentarem.

  Então Eren estava nisso sozinho. Não havia mais pessoas para responsabilizar, mais ninguém com quem dividir a culpa. O Ackerman nem sabia ainda o que era “isso”, no entanto era fácil perceber que se tratava de algo complicado de lidar. Eren seria o único a receber a carga dos seus sentimentos, da sua raiva ou desconfiança. Sabe-se lá o que iria sentir com aquilo que não fazia ideia do que poderia ser, só sabia que nada de bom poderia vir de um segredo, de algo que o moreno deveria lhe contar o mais rápido possível. Algo sobre sua história.

  Dadas as falas, Levi soltou o pulso alheio e permitiu que a ruiva partisse, não sem antes lhe lançar mais um olhar de desconfiança. A partir dali, possivelmente não confiaria em ninguém mais.

  Petra deixou presa em sua garganta um pedido para que o jovem fosse sensato e não fizesse nada de cabeça quente, já que o outro elemento da futura discussão — que todos sabiam que viria — era um convalescente e não poderia ter sua recuperação prejudicada. Entretanto, que direito tinha de pedir algo assim? Levi possuía total razão em ficar transtornado como fosse, ainda que ela guardasse em seu íntimo a esperança ferrenha de que nada fosse acontecer. Não era impossível que o Ackerman deixasse tudo como estava e apenas ficasse bravo no momento, todavia sem consequências muito graves, contudo algo lhe dizia que não seria assim.

  Devia se abrigar, uma tempestade avassaladora se aproximava afinal.

  Após a saída da moça, o mais novo virou-se novamente para o ainda namorado.

  Quando cataclismos estão para acontecer, diversas vítimas relatam que tudo ficou um tanto silencioso poucos momentos antes do mundo vir abaixo. É difícil prever qual será o tipo de desastre e em que escala ele assolará a terra, porém as pessoas que pisam em solo de risco estão constantemente preparadas ou se preparando para o pior. Eren viveu em solo de cataclismos nos últimos tempos, esperando apenas que a força de um fenômeno viesse arrancar seus alicerces e jogá-lo ao chão. Mesmo assim, por mais tempo que tivesse para se preparar, anos não seriam suficientes para preveni-lo de um olhar glacial como o que viu.

  Levi, um completo desconhecido para Eren Jaeger, caminhou da porta até a cadeira antes ocupada por Petra. Não sem antes fechar a porta do quarto, é claro.

  Pairava no ar o clima que costumava estar presente em situações que envolviam uma caça e um caçador. O mais novo segurou a cadeira de madeira pelo encosto e a deitou o suficiente para poder arrastá-la vagarosamente até estar diante de Eren. Posicionou o móvel de frente para o mesmo, sentou-se e cruzou as pernas numa postura diabolicamente elegante. O barulho da cadeira se arrastando no chão só fez aumentar a sensação de estar diante de um vilão dos piores filmes de horror.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora