Nos passos do destino • Ereri

Decisões

  Izzy apareceu e a Jaeger ainda estava caída no chão da varanda.

— Carla, o que houve? — Questionou quase num grito ao sair do táxi e correu até a mulher mais velha, ajudando-a a levantar-se.

— O Levi, ele saiu... — Ela queria dizer que ele saíra feito um louco e ela não sabia para onde, porém não tinha forças para falar. Temia pelas besteiras que o jovem poderia fazer e por todos os riscos aos quais estava se expondo. Porém, não conseguiu expor nada antes de ter tomado um copo de água com açúcar e ter visto Izzy examinar Eren, comprovando que estava tudo bem, além de medicá-lo com um calmante leve para que dormisse por um tempo. Felizmente, Carla havia citado a questão do nervoso do rapaz e por isso a biomédica viera preparada, ainda que tivesse saído às pressas de casa, tomando para si um medicamento que costumava tomar quando se sentia exausta o suficiente a ponto de não conseguir relaxar para dormir.

— Agora consegue me contar o que está acontecendo? — Inquiriu ao ver que a Jaeger já se encontrava no sofá, um pouco mais calma, porém com um olhar perdido e o semblante preocupado.

— Não sei bem o que te dizer, mas acho que posso resumir alguma coisa. — Afirmou sem muita certeza.

— Não se preocupe. Nem precisa contar se não quiser. — Garantiu educadamente como sempre, no entanto sua pergunta fora por motivos médicos e esperava sim uma resposta que explicasse o estado de seu paciente para que pudesse saber como agir.

— Na verdade, pelo que entendi, o Eren soube há alguns anos sobre a existência de um primo da Mikasa que estava vivo e não contou a ninguém sobre isso. Ele ficou em depressão durante muito tempo por causa da morte da esposa e não foi fácil sair dela. Com certeza não foi algo que fez por mal, mas esse primo da falecida é o Levi e é claro que ele não aceitou isso bem. Acho quem nem eu aceitaria. — Considerou meio perdida em pensamentos. — Isso tudo por conta do que passou durante a adolescência; do que sofreu e poderia ter sido evitado se tivesse sido encontrado por nós.

— É, — Ela pensou um pouco. — eu me lembro de ajudar a Mikasa com isso pouco antes de... — Engoliu em seco, incomodada em precisar tocar no assunto há muito tempo enterrado e superado. Ainda assim, aquilo também era difícil pra ela, uma vez que Mikasa havia sido sua primeira paixão homossexual e foi assim que teve plena consciência de sua sexualidade. — Antes do acidente. Ela estava tão animada com a possibilidade de ter parentes vivos! Consigo me lembrar perfeitamente da sua investigação e da dedicação que teve durante a busca.

— Hã? — Carla olhou a outra com estranhamento, depois caiu em si. — Sempre me esqueço de que você não conheceu o Eren agora. Você foi colega da Mikasa, não é?

— Sim. Trabalhei com ela por um tempo. — Decidiu que aquele não era um momento para lamentar seus amores perdidos.

— Então você sabia dessa história toda?

— Não exatamente. — Respondeu a mulher. — Eu sabia sobre a busca, mas achei que vocês tivessem seguido a pista e encontrado o garoto depois que a Mika faleceu. Ia perguntar sobre ele na última vez que vim aqui e o Eren se sentiu mal.

— Entendo... — Carla olhou o copo vazio em suas mãos, contendo ainda alguns cristais do açúcar mal dissolvido. — Os dois sofreram demais. — Comentou e seu timbre tremeu um pouco. Estava prestes a chorar novamente, pois não conseguia suportar que aquilo tudo estivesse acontecendo. — Meus dois meninos estão sofrendo de novo agora e o que eu posso fazer? — Ela mirou a outra como se nela fosse encontrar a resposta. — Me sinto impotente.

— Não sou mãe, Carla, mas sei que vocês são famosas por compreender e apoiar seus filhos. — Disse e fez um carinho leve no joelho alheio, tentando passar um pouco de conforto para aquela mulher cansada. — Vejo que considera muito o Levi, mas dê um tempo para ele pensar. Ele também parece gostar muito de você e se não voltar, vai dar um jeito de te fazer saber dele. Sei que vai conseguir compreender as dores do Eren e do Levi e aconselhar os dois. Acho que você é a única que pode fazer isso. — Revelou hesitante.