Wings of Love

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- Preciso te ver. - Eren esfregava a testa com dois dedos, enquanto a outra mão segurava o celular. O cotovelo apoiado em cima da mesa dava sustentação à sua expressão preocupada. Vez ou outra uma mecha insistente de cabelo caía em seu rosto e era colocada atrás da orelha. Não estava com paciência para isso. Desejou um elástico alí para prendê-los de uma vez.
- Não posso perder aula hoje. É importante e não é algo que prejudica só a mim. O que houve? - Dizia Levi ao celular. Não estava indiferente ao que o outro dizia, porém a seriedade de sempre se fazia presente.

Era meio da tarde e eles não haviam dormido juntos. Eren tinha, além de saudades, uma vontade desesperada de sentir algo que não fosse frustração, seu sentimento naquele momento. Precisava de sentir que não era tão impotente quando se via na situação que não saía de sua mente.
- Eu sei, Levi, mas eu realmente preciso te ver. Por favor. - A voz sofrida do moreno estava bem preocupante. - Posso ir te buscar. Passo na sua casa antes pra pegar seu uniforme e sua mochila. Você toma banho aqui na escola e podemos tomar café juntos no Flying, depois prometo que te levo pra aula a tempo. - Falou num embalo só. - Por favor... - Pediu novamente, após um suspiro curto.
- Não precisa pedir assim, moreno. Vou acabar ficando preocupado. - A voz de Levi parecia reconfortante. - Tudo bem, aceito a sua sugestão. Vamos fazer desse jeito. - Respondeu num tom já mais doce. - Se é importante pra você...

- É sim. - Interrompeu. - Eu juro que vou ficar doido se não conseguir te ver. - Confessou após mais um suspiro, dessa vez, mais profundo.

- O que houve? Por que ' pilhado assim?

- Nada que eu possa explicar agora. Vamos falar disso mais tarde, pode ser? - Indagou apressado.

- Eren, você está seguro? - O semblante de Levi foi ficando meio assustado. Eren não podia ver, mas Lucy sim e ela passou a ficar mais atenta ao colega, quando antes esteve focada no trabalho. - Não tem ninguém suspeito perto de você, tem? Eu vou até aí ag...

- Não. - O Jaeger se meteu no crescente desespero alheio. - Ninguém está me ameaçando. Fica tranquilo, estou bem. Não há perigo. - Garantiu com certa urgência. O casal havia ficado meio paranóico com esse tipo de coisas após tudo o que passaram. - É que não quero te atrapalhar ainda mais no trabalho e também só dei uma fugida pra te ligar. O pessoal está aqui segurando as pontas pra mim. A verdade é que... Me sinto frustrado com umas coisas que vêm acontecendo. Mas vamos falar sobre isso mais tarde. Não deixe de me avisar sobre qualquer mudança de planos. Vou estar aí no seu horário normal de saída. Ok?

- Ok... Mas prometa que vai tentar ficar bem até lá. - Exigiu o mais novo.

- Levi... Eu...

- Tentar, Eren. Prometa. - Exigiu taxativo.

- ' bom. Eu prometo, meu bem.

E ao finalizar a chamada, o Jaeger deixou o celular cair em cima da mesa.

Precisava tentar controlar o próprio impulso de sempre se cobrar demais. Queria puxar os próprios cabelos por pura raiva de si mesmo. Se isso fosse resolver o problema, há tempos o teria feito. Entretanto, logo tentou se recompor ao ver Armin entrar alí.

- Eu sabia que você estava aqui remoendo isso. - Disse o loiro. - Suponho que nem tenha dormido bem essa noite. Sem Levi, com cobranças bobas na cabeça...

- Você fala como se fosse possível não pensar. Tipo, bem fácil mesmo. É quase como se fosse só uma ida no supermercado. - Ironizou e revirou os olhos.

- É impossível pra você, já que é exagerado demais da conta. Só que não está certo se envolver tanto. Você se importa demais! - Ressaltou, no entanto viu um olhar chocado do moreno. - Não vem com essa cara não. Você sabe que estou certo. - Puxou uma cadeira e sentou-se diante do amigo. - Olha, Eren, se importar é bom. É lindo se colocar no lugar dos outros e tal, mas quando te deixa assim, passa a não ser saudável. Além disso, o projeto é lindo, maravilhoso, esplêndido, mas se há um problema, o que você pode fazer? Se soubesse como resolver, já teria feito e sei disso porque te conheço e não é de hoje. Você dá o melhor pra essas crianças e jovens. Não se culpe pelo que não pode fazer, cara! É demais pra qualquer pessoa.

Nos passos do destino • EreriOnde histórias criam vida. Descubra agora