Nos passos do destino • Ereri

Instabilidade

  Não era tão difícil lidar com Lucy.

  Não fosse pelo seu excesso de olhos lacrimejantes e falta de tato com críticas, por mais construtivas que fossem, ela seria a melhor colega de trabalho.

  O chefe tinha razão. A garota era um tanto desorganizada, porém conseguia resolver problemas com uma facilidade incrível e tinha muito jeito com as pessoas. Era muito comum vê-la conquistando um potencial cliente com apenas uma conversa. Não tinha talento para negociações, mas se lhe explicassem antes as vantagens do negócio, conseguia ser bem convincente e persuasiva. Levi estava contente por trabalhar com alguém assim, pois quase não havia estresse entre eles.

  Isso quando ela não estava lacrimejando por conta de suas respostas ásperas ou tocando-o excessivamente. Muitas vezes seu jeito expansivo se assemelhava ao de Hanji.

- Ela me irrita. – Ele reclamou enquanto vestia uma de suas inúmeras camisas brancas recém-compradas.

- Respire, amor. – Jaeger pediu. - Você é direto e sincero, mas tente ser menos assim com sua colega. Precisa que dê tudo certo pra ela também, certo? Eu ficaria muito orgulhoso se você recebesse uma promoção tão rapidamente. Está trabalhando há apenas duas semanas e já conquistou seu lugar. – O tom de orgulho estava lá.

- Eu sei, eu sei...  Me desculpa, mas de vez em quando preciso extravasar. Ela não é tão ruim, mas esse jeitinho costuma me deixar meio irritado. – Suspirou e terminou de se vestir, dando pulinhos pra entrar na calça jeans preta que usava habitualmente. Tinha recebido aval para se vestir de forma mais casual, então normalmente usava camisas sociais de manga curta e calça jeans preta, apertada mesmo, como gostara desde sempre.

- Quer uma ajudinha pra fechar? – Jaeger indagou com um tanto de safadeza transbordando das palavras.

  Sem esperar pela resposta, se aproximou e olhou intensamente nos olhos azuis do namorado. Tocou o tecido da calça bem perto do botão e o fechou, deslizando os dedos por dentro, se aproveitando da situação; depois subiu o zíper devagar. Seu rosto já estava bem perto do menor, que mantinha seus olhos parados nas íris verdes do moreno.

- Isso não é justo... – Balbuciou a reclamação sem desviar o olhar.

- Você acha? – A voz de Eren saiu rouca.

- Acho muito.

- Então, - Ele segurou os ombros do mais novo e foi andando em direção à cama, obrigando-o a ir pra trás até caírem no colchão macio. – o que você acha de amassarmos um pouco da sua camisa? – Começou a beijar o pescoço que exibia a pele branca e imaculada.

- Vamos nos atrasar... – Um suspiro escapou de sua boca.

- Vá de carro. – Jaeger deu a sentença.

  Levi ainda não tinha o documento que lhe permitia dirigir, esperava que chegasse até a semana seguinte, mas vez ou outra ainda se arriscava em ir trabalhar com o carro do namorado. Sabia que o documento chegaria em breve e seguia todas as regras, portanto dificilmente seria parado numa blitz.

  Ir de carro lhe daria alguns minutos a mais, apesar de que teria que tomar um banho e trocar a camisa após a brincadeira que Eren insinuava. Mesmo assim, o baixinho quis continuar.

  Era sempre assim entre eles.

  Passaram parte da noite transando e foram dormir cansados, mas se um dos dois iniciava uma brincadeira, o outro não conseguia negar. Não por se sentir pressionado, mas sim porque o desejo se alastrava no corpo de um e contagiava o outro. Impossível resistir. Estavam conectados de um jeito intenso.