Um novo plano

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Narrado por Santiago

Ao ouvir aquele vaso se estilhaçar na parede, procurei em volta outro objeto para descontar a minha ira. Não tinha mais nada. Eu quebrei tudo ali nos minutos seguintes depois de ouvir as duas notícias que eu não queria ter ouvido.

A primeira me foi dada quando Clovis veio me procurar dizendo que aquele desgraçado recusara a proposta de me vender Ana. Claro, não para mim, mas para um sheik fictício.

Quando ainda estava no Brasil, lembrei de histórias de troca e venda de mulheres nos países sauditas, pesquisei e rapidamente várias histórias apareceram que narravam esta possibilidade ali. Todavia, eu precisava ter certeza se não passavam de fantasias criadas para entreter as pessoas, baseadas em um preconceito contra a religião islâmica.

Então, mandei mensagem para um antigo colega jogador de polo que hoje advogava em Qatar. Ele, entre risadas, me confirmou ser possível, bastava que o marido, pai ou irmão da referida mulher cedesse sua tutela a outro homem. Não era algo que estivesse escrito nas leis. No entanto, se feito, seria facilmente validade pelas autoridades.

Em êxtase viajei para colocar o plano em prática, sabendo que o casamento de Ana não passava de uma farsa, eu tinha certeza que aquele desgraçado a cederia para mim pelo preço certo.

E agora o imbecil do Clovis vinha me dizer que ele tinha recusado, mesmo com a ameaça de morte.

Tudo estava cuidadosamente planejado, quando ele aceitasse eu a teria linda casa, ali mesmo em Dubai. Criados para servi-la em seus mais pequenos desejos e eu viajaria para ali sempre que quisesse, para tê-la. Ela seria só minha. Como o tempo, eu a faria ver que era o único homem capaz de amá-la.

Mas não!!! O projeto de ator mal sucedido tinha que estragar tudo e recusar.

Duvidei que Clovis e os outros tivessem sido firmes o suficiente com a ameaça de morte. Nenhum homem se colocaria em risco por uma mulher. Ainda mais um que aceitava dinheiro para se casar.

Bando de incompetentes!

Se eu tivesse feito eu mesmo, com certeza ele teria se dobrado. Contudo, minha presença seria logo notada por Ana e eu queria fazer uma surpresa para ela. Não iria me mostrar assim tão rápido.

Até isso foi um desastre!

Para piorar, fui informado de que Ana tinha alguns seguranças. Provavelmente, logo que o paspalho voltou para o quarto e foi choramingar, ela colocara a equipe de prontidão. A informação era de que não passava de meia dúzia de agentes.

Se eu conhecia bem Ana, e eu a conhecia, ela teria mandado seguir Clovis e eu fui tolo o suficiente para descer com ele até o hall do hotel.

Neste momento, Ana sabia que eu estava por trás de tudo e aquilo me enfurecia ainda mais.

Seria muito mais difícil fazê-la entender que tudo o que eu tinha feito era por amá-la demais.

Clovis imbecil!

Minha vontade era esmagar sua cabeça no lugar de algum daqueles vasos estilhaçados.

Tudo saiu errado! O caminho mais fácil para ter Ana estava intransitável para mim agora.

Logo, eu teria que partir para a segunda parte do plano: cumprir a ameaça e sumir com o atorzinho.

Confesso que até desejava que ele se recusasse para eu poder fazê-lo sumir.

Liguei para as pessoas encarregadas deste serviço e me sentei para degustar um vinho e um charuto, enquanto imaginava o modo como iriam acabar com ele. Eu esperava que fosse bem lento e dolorido.

O plano era esperar Ana e o idiota saírem do hotel, incitaríamos uma confusão generalizada e, acidentalmente, o cara partiria desta para uma pior.

Minutos depois meu celular tocou. Sorri ao atender para receber a boa nova de que Ana enviuvara. Assim que a notícia fosse confirmada, eu entraria com uma representação para que ela passasse para minha tutela.

Tudo deveria ser muito rápido, antes dela ter tempo de voltar ao Brasil e estar perdida novamente para mim. Então, organizei toda a documentação com um juiz local e ele assinaria assim que eu sinalizasse.

Ao atender tive a minha segunda pior frustração. Eles sequer tinham saído do quarto, mas isto não era o mais complicado, porque eu poderia muito bem atingi-lo lá. Fui informado de que havia uma equipe gigantesca de segurança, que não estava ali antes, protegendo-os em cada canto do hotel.

Nada passaria por eles. Eu sabia como Ana contratava seu pessoal, aqueles que faziam parte de sua segurança direta eram incorruptíveis. Enquanto estivessem juntos, seria impossível atingir o cara.

Eu tinha que desistir, pelo menos por enquanto, e aquilo me enfurecia sobremaneira.

Minha ira era ainda elevada a uma potência ainda maior por saber que eles ficavam enfurnados naquele quarto tempo demais para um casal de mentira. Pensar que o desgraçado tinha seduzido a minha Ana e estava usufruindo de seu corpo me cegava de ódio.

Maldito! Xinguei dezenas de vezes. Tudo era culpa dele. Ele era o responsável por me separar de Ana, da minha Ana.

Se ele sumisse ela seria minha novamente.

Ele tinha que sumir!

Um plano começou a se desenhar em minha mente e o saboreei em cada pequeno detalhe. Como se eu visse um filme, as ideias foram se desenvolvendo e eu consegui ver o final maravilhoso, onde o sujeito desapareceria e Ana voltaria aos meus braços.

Infelizmente demoraria um pouco, porque teria que ser executado no Brasil e eu precisava de tempo e ajuda de Davi para executar tudo.

Era preciso cuidado para não falhar novamente. Eu tinha errado em não pensar em tudo, por isso meu plano falhara, não cometeria o mesmo erro outra vez.

Sorri contente. Voltei à minha taça de vinho e ao meu charuto. A desordem e destruição do quarto não me incomodavam. Eu renascia como a fênix e iria vencer.

Marido de aluguel [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora