Olhei as horas no celular pela milésima vez nos últimos dez minutos. Alice estava atrasada. Nem me preocupei ou surpreendi, só me impacientava por perceber que minha amiga não mudava. Alice era o tipo de pessoa que nunca conseguia cumprir horários.
Disfarçadamente, abri o aplicativo de mensagens e deslizei os dedos até chegar nas últimas que troquei com Felipe, há dois dias.
"Estou indo para Porto Alegre filmar aquela ponta que lhe falei. Volto em duas semanas"
Nenhuma doçura na mensagem ou menção sobre a saudade que sentia de nós.
Meu "ok" gritava seco logo abaixo.
Se ele queria ser frio, eu seria uma geleira.
Há dois meses tínhamos voltado de Dubai. Como nos prometemos, o que aconteceu na cidade ficou lá. No entanto, imaginei que manteríamos uma relação mais próxima. O que se mostrou impossível.
Felipe mal falava comigo. Então, evitei agendar compromissos sociais de casal e voltei a dar desculpas para ficar no escritório até tarde e dormir por lá.
Felipe, como previsto se afastou ainda mais, eu deixei e até contribui para isso.
Poucos dias depois da nossa volta, começou a chover novas ofertas de trabalho a Felipe e ele passou a ficar dias e até semanas fora em gravações.
O que aumentou ainda mais a distância entre nós.
Mesmo assim fiquei feliz por ele e me regozijei por ter conseguido ajudá-lo, apesar de que ele nunca viesse a saber.
Ainda em Dubai, pedi a minha secretária para agendar uma reunião com Carlos Macella, o tal diretor que destruiu a carreira dele.
Fiquei surpresa quando ela me disse que ele tinha ligado há alguns dias tentando marcar um almoço. Como minha agenda do mês estava fechada. Ela esperaria eu voltar de viagem para abrir a do mês seguinte.
Foi aí que tive a ideia. Pedi que ela retornasse a ligação dizendo que tinha aberto um horário e se ele podia me encontrar em meu escritório.
A resposta foi imediata e ele prontamente aceitou.
Dois dias depois da nossa volta de Dubai, eu me encontrava sentada diante do homem que desgraçou a vida de Felipe.
Os cabelos grisalhos e os vincos na pele indicavam que ele já tinha passado dos sessenta anos. Os olhos escuros passearam atentos e gananciosos pelas obras de arte do ambiente.
Deixei que ele se deleitasse com tudo, sentindo minha raiva crescer.
Ele conheceria a ira de Ana Barrizzi hoje.
Abri um sorriso simpático e ingênuo que convenceria qualquer um de que eu era uma frágil garota.
Como esperado ele sorriu de volta, caindo em minhas teias.
− Obrigado por me receber, senhorita Ana − sua formalidade me lembrava aqueles boçais do século XVIII.
− Senhora − corrigi com um sorriso mostrando a aliança na mão esquerda.
− Infelizmente... − respirei bem devagar para conter minha raiva, ela explodiria na hora certa e do jeito certo.
− Não entendi... − fingi inocência − conhece meu marido?
− Tive o desprazer... − desdenhou − tentei agendar um horário com a senhora antes de se casar, justamente para avisá-la do perigo que corria...
− Perigo? − dramatizei uma expressão de medo, levando a mão ao peito - vocês já trabalharam juntos?
Eu iria dar muita corda para ele se enforcar sozinho, até o momento ele estava caindo exatamente como eu previa. Se fosse um pouco menos arrogante e seguro de si, teria percebido minha péssima atuação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Marido de aluguel [COMPLETO]
RomanceAna precisa de um marido Felipe de dinheiro Dois corações endurecidos pela dor Um contrato de casamento Um ano Uma vida Um amor Se vc estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma q não seja o Wattpad provavelmente esta correndo riscos d...