Vigília

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Narrado por Santiago

Sussurrei dezenas de palavrões enquanto colava meu corpo no muro. Maldita hora em que me distraí observando Ana e ela me reconheceu entre a multidão.

Se ela me encontrasse eu teria corrido todos os riscos à toa, principalmente de sair do país com identidade falsa.

Porém, eu precisava vê-la com meus próprios olhos. Entender o que realmente havia entre ela e aquele maldito ator.

Tomei a decisão de partir para Dubai novamente durante um jantar com vários amigos, incluindo Alice e Lucas.

Em meio a conversas amenas, Lucas revelou que Ana viajaria outra vez para Dubai. Neste instante ele e Alice gargalharam admitindo o quanto minha Ana estava apaixonada.

A fúria cega me tomou. Até então eu tinha deixado as coisas acontecerem porque sabia que aquele casamento não passava de uma farsa. Ela tinha pagado aquele maldito para fingir ser seu marido. Ana era racional demais para se envolver com alguém tão inferior a ela.

Não era possível que Ana tivesse se apaixonado!!

Eu precisava ver com meus próprios olhos para ter certeza que minha Ana não estava com aquele homem.

Viajei logo que eles saíram do Brasil e fiquei sempre por perto. Queria vê-la interagindo com aquele desgraçado. Consegui acompanhá-la em cada passo, pois finalmente tinha conseguido infiltrar dois agentes meus na mais alta segurança de Ana, o que me permitia ter informações privilegiadas de onde ela estava em qualquer momento do dia ou da noite.

Eles saíram pouco do quarto do hotel, apenas para reuniões e jantares de negócios.]

Minha mente teimava em criar as cenas eróticas que se desenrolavam naquele quarto, mas procurei agir com frieza e expulsei qualquer conjectura.

Naquele dia eles tinham saído para um passeio comum e era o meu momento de vigiá-los.

Dei a volta pelo muro e a procurei entre as barracas. Em pouco tempo a localizei. Eles conversavam e se olhavam o tempo todo. Ana entregou algo a ele e sorriram novamente.

Aquele maldito a tinha iludido. Ele ia pagar muito caro por ter me roubado Ana.

Ana também pagaria. Ela aprenderia que seu lugar era ao meu lado, nem que para isso precisasse sangrar no processo.

Voltei para o hotel sentindo cada fibra do meu corpo vibrar de raiva.

Eu tinha que extravasar toda aquela fúria que queimava em meu corpo.

Quebrar o quarto novamente não era opção. No hotel que eu tinha ficado anteriormente recusaram sumariamente minha presença por causa do pequeno incidente. Mesmo eu tendo pagado todo o prejuízo que causei.

Dei várias voltas pelo quarto bufando. Tomei um banho frio e mesmo assim aquela raiva ainda queimava em mim. Não adiantava eu ficar mais ali naquele país. O melhor era voltar para o Brasil e dar andamento aos meus planos. Era urgente que eu os colocasse em prática.

Primeiro fiz várias ligações práticas para esquematizar tudo.

A penúltima ligação foi para Davi, irmão de Ana. Eu o usaria sem que o tonto percebesse. Era um inútil que nutria um sentimento infantil de inveja pela irmã mais inteligente e bem sucedida que ele.

Enquanto jogava as roupas de qualquer forma na mala. Fiz a última chamada. A voz feminina atendeu no terceiro toque. Ela sabia que eu odiava esperar e que cada vez que eu ficava nervoso, havia consequências.

− Esteja pronta. Sua hora começa a contar a partir de agora e você ficará comigo até quando eu mandar, vadia.

A voz trêmula concordou e desliguei.

Marido de aluguel [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora