Sugestão: A devassa e o santo

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O santo

Corria os dedos lentamente pelo rosário de madeira que carregava comigo. Perambulei por entre aquelas pessoas estranhas, sentindo o cheiro de perfume, suor e podridão da sociedade mundana. 

Mais do que nunca tive certeza de que não pertencia àquele lugar.

Se estava ali, era porque minha obediência ao mandamento "Honrar pai e mãe" me obrigava a ser submisso ao meu genitor.

Concentrei-me ainda mais na oração silenciosa, afastando a raiva que principiava a ser formar em meu coração. Eu não deveria odiar aquele que me deu a vida.

Senti o arrepio percorrer a minha nuca e se alastrar por meu corpo, antes do silêncio varrer o salão.

Era ela.

Ainda respirei fundo ao me virar para as escadas.

Antes não o tivesse feito.

A imagem que se apresentou parecia um quadro de Botticelli. A pele alva, emoldurada pelos cachos dourados, os olhos escuros e o corpo pequeno e esguio.

As rendas e sedas desenhavam seu corpo e o cobriam completamente. Quando se aproximou, o escarlate de suas vestes, espelhou os lábios cheios e avermelhados.

Mesmo que eu só pudesse ver seu rosto, senti que aquela mulher exalava a pecado, a luxúria e a tudo que fosse libidinoso.

Uma miríade de sensações que eu desconhecia perpassou meu corpo.

Senti que o mundo esquentava, depois um frio por dentro. Minhas mãos estavam adormecidas. Perdi a capacidade de respirar e minha pele formigava.

Ela se aproximou com passos delicados, um sorriso de pura lascívia se formou em seus lábios e não consegui tirar meus olhos dali. Sem querer, pensei no gosto que teriam e senti um calor se espalhar por meu corpo e se concentrar completamente no meu quadril, naquela parte que deveria estar morta para o mundo.

Amaldiçoei-me por ser tão fraco. Aonde estava a vocação para o sacerdócio que senti por tantos anos?

Apertei com mais força o terço em minhas mãos, até sentir que a cruz feria minha carne. Eu queria me punir por ser facilmente corruptível.

Antes que eu estivesse preparado ela parou na minha frente. Estendeu a mão enluvada.

Eu deveria me virar de costas e me rebelar contra meu pai. Ir embora e voltar para o mosteiro, de onde nunca deveria ter saído.

Contudo, como se meu corpo tivesse vida própria, me vi pegando sua mão e a levando aos lábios para um beijo casto.

− Sou Martine d'Aulnoy, sua futura esposa − a voz melodiosa combinava perfeitamente com ela.

Não encontrei palavras para respondê-la. As palavras de meu pai retornaram com força enquanto eu me perdia no olhar escuro de Martine.

" Arranjei um casamento para você, pare com essa sandice de ser padre" "Ela é uma viúva, então vai te ensinar a ser homem".

As frases que antes me assustaram, agora deixavam meu corpo em chamas.

Eu estava perdido!


***

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Oi pessoas lindas,

essa é minha futura obra. O queridinho que esta nascendo em minha mente e me fazendo perder madrugadas de sono.

Ainda não tenho data para começar a postar. Quero adiantar vários capítulos, assim não me demoro a apresentá-la a vcs.

Bjinhos e nos lemos em breve.

Marido de aluguel [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora