Assim que me vi no carro fiz a primeira ligação para que aprontassem o helicóptero. Quando o carro ganhou as ruas fiz a segunda chamada.
Eu não conseguiria passar por tudo aquilo sozinha e quando ele atendeu no terceiro toque, respirei aliviada.
− Lucas...
O resto da narrativa veio permeada de lágrimas que escorriam por meu rosto e xingamentos do outro lado da linha.
Terminei a ligação sentindo um pouco mais de alívio em saber que ele viajaria comigo para Santos.
Eu precisava do meu irmão para me apoiar no tempo de espera ou para me sustentar se falhasse em minha missão.
O abraço de Lucas no heliponto e sua mão quente segurando a minha durante os vinte e cinco minutos que me separavam do litoral me trouxeram a calma que eu precisava e a força para lutar.
Quando cheguei na base da marinha, uma equipe imensa me recebeu. Todos os rostos estavam sérios e tensos. Nada de bom parecia vir dali.
Uma figura pequena e altiva se destacou em seu uniforme impecavelmente branco. O cabelo preto estava preso à nuca e nenhum fio escapava. Os brasões no peito indicavam e legitimavam a competência de Paula.
Ela me surpreendeu ao quebrar os protocolos e me acolher em seus braços.
− Minha amiga! − sussurrou em meu ouvido e segurei as lágrimas para não desmoronar ali, na frente de todos, enfim ela me afastou e me fitou − estamos prontos para começar as buscas. Este é o Capitão-tenente Fábio. Ele lhe passará algumas informações. Seja forte, Ana. As possibilidades não estão a nosso favor.
Senti o braço de Lucas circular meus ombros e me deixei apoiar por ele.
− Prazer, senhora! Consideraremos o caso do seu marido uma ocorrência MOB, men over boat, que seriam os casos de pessoas perdidas no mar. Todavia, acreditamos que ele ainda esteja na lancha, uma vez que não houve nenhum fenômeno atmosférico de grande complexidade para que o levasse a perder-se na água...
Todo o meu corpo tremeu. Eu não tinha pensado na possibilidade de Felipe ter caído no mar. Ele não sobreviveria esse tempo todo nadando. Afastei o pensamento apavorante de que se ele tivesse caído no mar inconsciente, não havia esperança.
Concentrei-me nos olhos claros do Capitão Fábio e tentei entender todas as palavras que ele falava.
− Essa ocorrência é uma das mais complexas, mas já traçamos um perímetro entre seis e sete quilômetros das coordenadas que você nos passou...
Pisquei ao compreender que Fernanda estava certa em sua orientação, a qual eu acabei esquecendo de mencionar para eles. Como ela podia entender tanto de tudo?
− O tempo esta contra nós − Fábio continuou − como foi um caso de claro de tentativa de homicídio, consideramos que não tem água ou comida na embarcação. A falta de alimentação não nos preocupa agora, a de água potável sim. Felizmente, choveu durante o dia e se seu marido conseguiu tomar pelo menos 100ml de água teremos um pouco mais de tempo. Ana, estamos trabalhando com as melhores hipóteses, mas você precisa ficar ciente de que ele pode estar desacordado e não ter tomado água ou pode ter ingerido água salgada, o que desencadearia o que chamamos de osmose reversa, acelera a desidratação, causa diarreia e insuficiência renal.
− Este é o pior cenário − interrompeu Paula − há esperança, Ana. Já resgatamos pessoas depois de dez dias e elas sobreviveram.
Saber daquilo não me aliviava, minha mente apenas conseguia pensar nas piores possibilidades.
Fábio explicou mais coisas que não conseguiria me lembrar depois. Paula se voltou para a equipe e traçaram todas as estratégias. Poucos minutos depois cada um saía para um lado para cumprir sua parte na missão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Marido de aluguel [COMPLETO]
RomanceAna precisa de um marido Felipe de dinheiro Dois corações endurecidos pela dor Um contrato de casamento Um ano Uma vida Um amor Se vc estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma q não seja o Wattpad provavelmente esta correndo riscos d...