Narrado por Felipe
Não sei o que me despertou. Se o frio, a dor no ombro, as pontadas na cabeça ou a dificuldade em respirar.
Tudo estava escuro. Eu não consegui sabia se meus olhos estavam abertos ou fechados.
Meus pulsos tinham adormecido e ao tentar movê-los percebi que foram amarrados.
A respiração era difícil. Aos poucos percebi que havia algo cobrindo minha cabeça.
As lembranças surgiram desconexas. Primeiro Ana me dando o divórcio. Depois eu descendo para o jardim, sentindo o coração estraçalhado.
Forcei para me lembrar mais e as pontadas na cabeça aumentaram. Eu não tinha ideia de como tinha ido parar ali.
Pensei em me mover e encontrar uma posição menos desconfortável. Antes que fizesse qualquer coisa, vozes chegaram até mim e paralisei.
− imbecil e burra sim. O chefe deu ordens claras para não deixar marcas no corpo dele... você usou aquelas cordas de seda, certo? – uma voz masculina soou raivosa.
− Relaxa, o corpinho lindo dele não terá nenhuma marca de amarras. E aquele golpe que apliquei não deixa vestígios. Só apaga mesmo... – a voz feminina veio permeada de risadas.
Então foi assim que me tiraram da casa de Ana. A dor na nuca e na cabeça tinham uma explicação. Eu fora golpeado. Como ninguém percebeu? A casa dela era vigiada 24h por dia por dezenas de seguranças.
− Você é louca? O cara esta apagado há quase 7 horas. Poderia tê-lo matado.
− Ahh, dane-se, não vamos matá-lo de qualquer jeito? – atreveu-se e meu sangue gelou.
O medo se apossou de todo o meu corpo. Meus pelos se eriçaram e senti o estômago embrulhar.
Eles iam me matar.
Eu não era religioso. Raramente pensava em questões metafísicas. No entanto, sempre imaginava que meu fim viria com a idade avançada. Um processo natural quando eu sentisse que tinha realizado tudo o que devia.
Pensei em Ana e nas infinitas possibilidades que se abririam se ela não tivesse me dado os papéis do divórcio. Na verdade, pensei em inúmeros "se", se eu não tivesse assinado. Se eu tivesse rasgado e a puxado para meus braços? Ela corresponderia com o mesmo ardor que fizera em Dubai?
Ou se manteria fria e distante como ficava no Brasil.
Eu nunca tentei beijá-la enquanto estávamos em casa. Teria sido um erro não tentar, não me arriscar e pagar para ver?
Poderíamos ser felizes juntos. Quem sabe construir uma família. Ter um cachorro.
Eu nunca havia pensado que me incomodaria tanto em não ter deixado um legado no mundo. E não me refiro a ter filhos. Este nunca foi um desejo em mim. O mundo era confuso demais para eu trazer a ele mais uma vida.
O que eu tinha feito de importante? Pelo que seria lembrado? Seria lembrado?
Pensei em minha carreira. Quantos se lembrariam de mim depois que eu morresse?
Provavelmente as tvs fariam homenagens de dois ou três dias. Depois quando completasse um ano e, por fim, esqueceriam completamente meu nome.
Em quantas memórias eu estaria presente? Quem sentiria saudades de mim?
Será que Ana se importaria?
Pensar em Ana me trouxe uma angústia para além daquela que já habitava minha alma. O que ela estaria fazendo? Será que tinha dado por minha falta? Estaria procurando por mim? Ou se sentia aliviada por eu ter partido.

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Marido de aluguel [COMPLETO]
عاطفيةAna precisa de um marido Felipe de dinheiro Dois corações endurecidos pela dor Um contrato de casamento Um ano Uma vida Um amor Se vc estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma q não seja o Wattpad provavelmente esta correndo riscos d...