Sozinha

2.4K 269 25
                                    

A porta se fechou e as lágrimas, duramente contidas, escorreram por meu rosto.

Tinha acabado.

Meu casamento com Felipe chegara ao fim.

Desde a conversa com meu pai, tive a certeza de que aquela era a melhor decisão a tomar. Eu não tinha o direito de segurar Felipe em uma relação baseada em um contrato. Ele era livre para ir.

E voltar se quisesse.

Como eu sonhei com a volta dele!

Como imaginei ele entrando em minha sala, rasgando os papéis, me dizendo para criar coragem e perceber que poderia existir sentimentos muito mais fortes do que eu estava disposta a admitir.

Quando lhe falei sobre o divórcio e os papéis, foquei-me em seus olhos para ver se havia alguma emoção além. Meu coração se encheu de esperança quando vi o susto e, quiçá, revolta com a minha decisão.

Todavia, a partir dali nada pareceu real.

Ele simplesmente pegou os papéis e assinou como se aquilo não passasse de algo corriqueiro em sua vida.

Busquei seus olhos novamente, enquanto os meus imploravam por respostas e marejavam de lágrimas.

Ele não mais me fitou.

Meu coração doeu ao imaginar que ele queria esconder uma alegria incontida por se ver livre do nosso casamento.

Então era isso.

Tão rápido quanto começou, tinha terminado.

Se quando assinamos a primeira vez, meu coração se encheu de esperança e de ideias mirabolantes sobre aquele casamento. Desta vez o vazio tomava conta e me fazia sentir uma dor tão forte no peito que era difícil respirar.

Que sensação era aquela?

Tudo parecia tão errado. Uma sensação de urgência fazia meu coração acelerar sem compreender o motivo.

Comecei a dar voltas pelo escritório tentando compreender. Eu sempre me movera pelo lado racional de qualquer acontecimento.

No entanto, agora um turbilhão de emoções se apossava de mim e eu não conseguia lidar com elas.

Uma leve batida na porta chamou minha atenção e eu tremi ao pensar que Felipe tinha voltado.

− Entre! − me contive para minha voz não transparecer tamanha ansiedade.

A decepção foi instantânea ao ver o chefe da minha segurança entrar.

− Desculpe incomodá-la, senhora.

− Tudo bem! Fale!

− Um dos meus agentes informou que o senhor Felipe saiu da residência há alguns minutos e avisou que mais tarde alguém buscará seus pertences. Tenho autorização para entregar o que for pedido?

Mais um golpe. Senti que perdia as forças outra vez.

Felipe tinha realmente ido embora e sequer me avisou. Eu esperava pelo menos uma despedida seca e fria. A indiferença machucava ainda mais.

− Tem sim − suspirei − pode entregar o que ele pedir.

− O carro também? − a pergunta me surpreendeu.

− Ele não saiu com o carro?

− Não senhora, saiu de táxi.

− Sim, o carro também.

Com um aceno ele se despediu e saiu. Voltei a ficar sozinha.

Aquele incômodo que fazia meu coração acelerar e minhas mãos suarem ainda estava ali.

Marido de aluguel [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora