O casamento

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3 semanas depois

Eu estava em meu quarto, olhando "aquilo", tive vontade de gritar ou colocar fogo. Arrependi-me de ter sido estúpida ao ponto de levar aquela história adiante. Dando socos no ar de raiva tirei o roupão e coloquei aquela porcaria.

O vestido de noiva.

Eu não tinha nada contra vestidos de noiva, desde que não estivessem em meu corpo. Não sonhei em usar um vestido assim e, provavelmente, se não o tivessem comprado para mim, me casaria com um tailleur qualquer.

A renda delicada e marcante abraçava o tule. Mesmo eu nunca tendo experimentado, o vestido era perfeito para o meu corpo. E totalmente inútil para uma situação daquelas.

Eu estava me casando de mentira, um acordo com data para findar. Não precisava de toda aquela palhaçada.

Todavia, se eu impedisse minha família de realizar e participar da cerimônia, surgiriam muitas perguntas, às quais eu não estava preparada ou gostaria de responder.

Enquanto as assessoras fechavam os milhares de botões e ajustavam meu cabelo e maquiagem, pensei no quanto aquelas últimas três semanas tinham sido corridas e turbulentas.

Depois do episódio na Lancer não tive coragem de encarar Felipe. O beijo e depois o ato heroico dele me fizeram balançar. Algo que sempre ficou adormecido em mim tentou acordar e aquilo me assustava.

Antecipei uma viagem para os EUA e mergulhei no trabalho lá até três dias atrás. Confesso que, por várias vezes, esqueci completamente do casamento, andando pelas ruas de Wall Street ou presa em reuniões.

Fui arremessada de volta à realidade e a tudo que estava acontecendo na minha ausência no Brasil, quando recebi um áudio de Lucas Anderi, um famoso estilista de vestidos de noiva. Ele agradecia pela escolha de um de seus modelos e me parabenizava pelo casamento.

Nem precisei pensar em quem era a responsável por aquilo. Liguei para meu irmão Lucas que, às gargalhadas, me colocou a par de tudo. É claro que ele recebeu vários palavrões e ameaças por não ter me avisado imediatamente.

Nas semanas em que estive fora, minha mãe contratou um batalhão de gente para organizar a cerimônia de casamento que ocorreria em uma das fazendas da família.

Antonella nunca perderia a chance de ostentar nossa família frente aos amigos e a mídia, mesmo não aprovando o marido que eu, supostamente, tinha escolhido.

Eu que desejara uma cerimônia rápida em um cartório tendo apenas as duas testemunhas obrigatórias, iria me exibir em um vestido de noiva para 800 pessoas.

Estava prestes a cancelar tudo quando meu pai me ligou, dizendo que a ideia tinha partido dele. Afinal, eu era a única filha, seu sonho era me ver de noiva e entrar comigo para receber as bênçãos.

Não me convenceu, mas aceitei.

Ao pensar naquilo, meu coração se apertou. Pelo meu pai eu faria aquele sacrifício. Sua saúde era frágil e eu sabia que ele também se sentia preso naquela família.

Quando liguei para Felipe, a princípio ele se assustou e depois achou tudo muito divertido, o que me irritou ainda mais. O mundo tinha enlouquecido e eu era a única sã?

Ele não sabia e nem foi consultado sobre nada. Logo que viajei, ele conseguiu um trabalho de propaganda em Fortaleza e ficou por lá enquanto estive fora.

A única coisa que consegui decidir e organizar foi a viagem de lua de mel. Partiríamos ainda naquela noite para Dubai, onde eu começaria a negociar com os árabes.

Marido de aluguel [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora