Confia em mim!

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Fitei-me no espelho enquanto peteava, com os dedos, os cachos do meu cabelo.

Seis dias, pensei. Há apenas seis dias eu tinha me entregado a Felipe e parecia que eu lhe pertencia a vida toda.

Suspirei e um sorriso dançou em meus lábios. Felipe era tudo o que eu poderia esperar de um homem: gentil, doce, um amante perfeito e insaciável.

Isso tudo sem contar o corpo escultural, trabalhado em músculos perfeitos que agora eu conhecia cada centímetro. Poderia indicar até as pequenas pintas que possuía atrás da orelha esquerda.

Perdi a noção de quantas vezes transamos desde o primeiro dia. E todas as vezes parecia ser a mais intensa, a mais sublime. Meus sonhos adolescentes não chegaram nem perto de imaginar como era tê-lo.

Quase todas as noite, Felipe me acordava de madrugada semeando beijos por meu pescoço e minhas costas. Percebi que ele queria aproveitar cada instante. A consciência de que havia uma data marcada para nossa relação terminar, tornava tudo mais intenso.

Nem se eu quisesse poderia resistir a ele. Meu corpo tinha se viciado em Felipe. Eu estava sempre pronta, ansiando por suas mãos, sua pele e sua boca.

Uma fome primitiva parecia ter sido libertada e me devorava em cada segundo que eu não estava em seus braços.

Suspirei. Aquelas sensações passariam, sempre passavam. Era a novidade de um corpo e toques novos. Em breve, tudo se tornaria entediante. Ao mesmo tempo que esta constatação me trazia um alivio, porque eu não queria viver um sentimento por Felipe, também me sentia vazia por não ser capaz de me entregar completamente.

Quando passei as mãos pelo rosto o pequenino berloque da pulseira chamou minha atenção. Aquele tinha sido um delicado presente de Felipe na primeira vez que andamos nas ruas de Dubai. Era uma miniatura do hotel onde estávamos.

Sorri tocando o objeto e conferindo se estava bem preso. Eu não o perderia, seria a minha relíquia daqueles tempos felizes.

Era uma bijuteria simples, que Felipe havia comprado com seus poucos recursos, mas seu gesto arraigou um valor inestimável ao objeto que superava qualquer joia que eu tinha ou que viesse a desenhar.

Eu estava me arrumando para passearmos pelas ruas de Dubai e fazer algumas compras de tecidos e joias que eu não possuía em minhas lojas no Brasil.

Era uma pequena folga nas intensas reuniões com os árabes. Em todas elas Felipe esteve presente. A primeira foi extremamente interessante porque quando adentramos na sala os homens de negócios só conversaram com meu marido. Em inglês, Felipe me apresentou e disse que nestes empreendimentos eu tinha a palavra final, puxou a cadeira principal para que eu me sentasse e se retirou para um canto.

Ouvi quando comentaram entre si, em árabe, que somente um brasileiro se curvaria aos caprichos de uma mulher. Contrariados, mas percebendo que Felipe não lhes daria atenção tiveram que focar em mim.

Rapidamente eu os envolvi em dados, planilhas e previsões orçamentárias que fizeram seus olhos brilharem. No final, ouvi o que, para eles, seria o máximo de um elogio: "ela parece um homem". Sorri como se não tivesse compreendido. Muitas vezes, no mundo dos negócios era preciso fingir-se de sonsa e ignorante para alcançar os objetivos. E eu estava há um passo do meu.

Após esta reunião, as outras transcorreram mais tranquilamente e fiquei surpresa com a rapidez com que eles tomavam decisões. Praticamente já tínhamos fechado as parcerias e só faltava finalizar os locais e assinar a documentação.

Sendo assim, era bem provável que eu não precisasse ir negociar com eles pessoalmente outra vez. Quando as lojas estivessem em pleno funcionamento, eu designaria um ou dois gerentes para cuidarem das filiais e se reportarem diretamente a mim.

Marido de aluguel [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora