Dg💣
Dg: Vai logo Marina!
Mari: Fica quieto cara.- passou um bagulho no machucado.- nem tá me pagando e quer apressar, eu hein.
Dg: Meu morro tá em conflito porra.
Mari: Tem outras pessoas que podem cuidar disso, agora vira a perna.- fiz o que ela mandou e senti minha perna arder pra caralho.
Logo no início da invasão tomei um tiro de raspão na perna.
Ela fez o curativo usando gaze e eu coloquei minha perna no chão fazendo força pra levantar.
Mari: Não faz força.
Dg: Eu preciso sair Marina.
Mari: Tem milhares de vapores lá fora, para com isso.
Dg: Eu não posso perder o comando.
Mari: Não pode perder o comando mas a vida pode né? Você não consegue andar, é melhor você ficar.
Dg: Merda.- murmurei sentando.
Mari: Todos os dias você tem que lavar bem o machucado e fazer o curativo, consegue fazer sozinho?
Dg: Não.
Mari: Então eu venho fazer o curativo.
Dg: Jaé.- falei por fim e a gente ficou em silêncio se olhando.
Mari: Geralmente isso demora quantas horas?
Dg: Depende pô, pelo jeito essa aqui vai durar umas duas horas.
Mari: Eu vou ter que ficar esse tempo todo aqui contigo?
Dg: Vai! Se quiser sair eu também não ligo.
Mari: Você é um cavalo sabia? - mandei dedo pra ela.
Dg: Você acha que eu me importo Marina? Tô pouco me fudendo.
Mari: Você nunca foi capaz de amar alguém né?
Dg: Única pessoa que eu amei foi a minha mãe.
Mari: E o seu pai?
Dg: Tu quer saber de tudo em, puta que pariu.
Mari: A gente vai ficar horas aqui, qual o problema conversar?
Dg: Eu não sou de falar da minha vida pra qualquer pessoa.
Mari: Você me falou um pouco naquele dia.
Dg: Mas não é tudo, parceira.
Mari: Me conta.- insistiu.- me fala como era quando seus pais estavam vivos.
Dg: Era horrível, meu pai chegava em casa bêbado e drogado todos os dias e ainda batia na minha mãe, traía ela, tratava ela como um lixo. Ele nunca demonstrou amar ninguém, sempre foi um cara fechado que só falava o necessário com as pessoas tá ligada? Teve um dia que ele me torturou só pq eu tinha pegado o colete dele pra brincar, tu tem noção do que é um pai torturar um filho de oito anos? E mesmo assim, minha mãe escolheu morrer junto com um cara que nem gostava dela.
Mari: Ele podia ser dessa forma, mas ele podia te amar, amar a sua mãe. Tem pessoas que por conta do orgulho não diz o que sente.
Dg: Todos os dias ele falava que me odiava, esse era o único sentimento que ele tinha por mim pô.- ela saiu do outro sofá e sentou do meu lado.
Mari: Seu pai era uma pessoa tão ruim assim?
Dg: Era pô, ele deixava minha mãe trancada em um porão sem comer por dias. Eu que dava um jeito de pegar a chave escondido e levava comida pra ela, mas quando ele descobria. Ele me amarra e me batia.
Do nada ela me deu abraço mó apertado, fiquei até sem reação, mas retribui ao abraço dela.
▪▪▪▪
Mari: Finalmente.- abriu a porta.- liberdade cantou.
Dg: Para de ser maluca cara.
Mari: Até que ficar contigo não foi tão ruim.
Dg: Não vai me dar nem um beijinho?
Mari: Não! Agora eu tenho que ir, a Júlia deve tá preocupada comigo.
Dg: Os bagulho que nós conversou lá dentro fica entre nós jaé, foi mó erro te contar essa bagulho.- sai de dentro de casa junto com ela.
Mari: Eu não vou contar pra ninguém, até amanhã.- se virou e saiu andando.
Fiquei olhando ela por um tempo e depois entrei no beco que da na boca principal.

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Além do Tráfico
Teen FictionTodo crime é vulgar, assim como toda vulgaridade é criminosa.