18

94.5K 5.2K 2.1K
                                        

Dg💣

Dg: Vai logo Marina!

Mari: Fica quieto cara.- passou um bagulho no machucado.- nem tá me pagando e quer apressar, eu hein.

Dg: Meu morro tá em conflito porra.

Mari: Tem outras pessoas que podem cuidar disso, agora vira a perna.- fiz o que ela mandou e senti minha perna arder pra caralho.

Logo no início da invasão tomei um tiro de raspão na perna.

Ela fez o curativo usando gaze e eu coloquei minha perna no chão fazendo força pra levantar.

Mari: Não faz força.

Dg: Eu preciso sair Marina.

Mari: Tem milhares de vapores lá fora, para com isso.

Dg: Eu não posso perder o comando.

Mari: Não pode perder o comando mas a vida pode né? Você não consegue andar, é melhor você ficar.

Dg: Merda.- murmurei sentando.

Mari: Todos os dias você tem que lavar bem o machucado e fazer o curativo, consegue fazer sozinho?

Dg: Não.

Mari: Então eu venho fazer o curativo.

Dg: Jaé.- falei por fim e a gente ficou em silêncio se olhando.

Mari: Geralmente isso demora quantas horas?

Dg: Depende pô, pelo jeito essa aqui vai durar umas duas horas.

Mari: Eu vou ter que ficar esse tempo todo aqui contigo?

Dg: Vai! Se quiser sair eu também não ligo.

Mari: Você é um cavalo sabia? - mandei dedo pra ela.

Dg: Você acha que eu me importo Marina? Tô pouco me fudendo.

Mari: Você nunca foi capaz de amar alguém né?

Dg: Única pessoa que eu amei foi a minha mãe.

Mari: E o seu pai?

Dg: Tu quer saber de tudo em, puta que pariu.

Mari: A gente vai ficar horas aqui, qual o problema conversar?

Dg: Eu não sou de falar da minha vida pra qualquer pessoa.

Mari: Você me falou um pouco naquele dia.

Dg: Mas não é tudo, parceira.

Mari: Me conta.- insistiu.- me fala como era quando seus pais estavam vivos.

Dg: Era horrível, meu pai chegava em casa bêbado e drogado todos os dias e ainda batia na minha mãe, traía ela, tratava ela como um lixo. Ele nunca demonstrou amar ninguém, sempre foi um cara fechado que só falava o necessário com as pessoas tá ligada? Teve um dia que ele me torturou só pq eu tinha pegado o colete dele pra brincar, tu tem noção do que é um pai torturar um filho de oito anos? E mesmo assim, minha mãe escolheu morrer junto com um cara que nem gostava dela.

Mari: Ele podia ser dessa forma, mas ele podia te amar, amar a sua mãe. Tem pessoas que por conta do orgulho não diz o que sente.

Dg: Todos os dias ele falava que me odiava, esse era o único sentimento que ele tinha por mim pô.- ela saiu do outro sofá e sentou do meu lado.

Mari: Seu pai era uma pessoa tão ruim assim?

Dg: Era pô, ele deixava minha mãe trancada em um porão sem comer por dias. Eu que dava um jeito de pegar a chave escondido e levava comida pra ela, mas quando ele descobria. Ele me amarra e me batia.

Do nada ela me deu abraço mó apertado, fiquei até sem reação, mas retribui ao abraço dela.

▪▪▪▪

Mari: Finalmente.- abriu a porta.- liberdade cantou.

Dg: Para de ser maluca cara.

Mari: Até que ficar contigo não foi tão ruim.

Dg: Não vai me dar nem um beijinho?

Mari: Não! Agora eu tenho que ir, a Júlia deve tá preocupada comigo.

Dg: Os bagulho que nós conversou lá dentro fica entre nós jaé, foi mó erro te contar essa bagulho.- sai de dentro de casa junto com ela.

Mari: Eu não vou contar pra ninguém, até amanhã.- se virou e saiu andando.

Fiquei olhando ela por um tempo e depois entrei no beco que da na boca principal.

Além do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora