38

76.9K 4.3K 1.5K
                                    

Marina🌙

Toda vez que o Douglas sai eu fico assim, com o coração apertado com medo de que alguma coisa aconteça com ele.

Eu quero poder impedir ele de sair mas é impossível, é o trabalho dele.

É a vida dele, eu só posso ficar em casa chorando e pedindo pra Deus não deixar que nada aconteça com ele.

Eu já vi amigos, pessoas próximas dele morrer, já vi o Dg chegar em casa atordoado.

Por ter visto o amigo morrer e não poder fazer nada pra ajudar.

É inevitável, todos que estão nessa vida corre risco, e o pior de tudo é que em muitas dessas invasões crianças e pessoas inocentes são vítimas de bala perdida.

Com a mão fria e o coração disparado eu peguei meu celular pra mandar mensagens pra Júlia.

Não sei se ele estava em casa quando começou.

Mensagens📩

Mari: Amiga, tá aonde? Tá tudo bem? (18h43)
Júlia💕: Oi Mari, eu tô em casa. Tá tudo bem e ai? (18h44)
Mari: Eu tô bem, mas com muito medo. (18h45)
Júlia💕: Fica tranquila, vai ficar tudo bem. (18h45)

Mensagens📩

Bloqueei meu celular colocando ele em cima da cama e sai do quarto indo até a cozinha.

Já se passaram duas horas de muitos tiros, e eu não vou sossegar até ter o Douglas aqui comigo.

Pra me acalmar bebi um copo de água com açúcar e voltei pro quarto.

Sempre que tem invasão o Dg deixa alguns envolvidos fazendo a proteção da casa.

Hoje não sei se tem, não vi movimentação nenhuma do lado de fora além dos tiros.

Sentei na cama ainda tremendo e logo os fogos foram lançados novamente.

O que diz que já acabou.

Mas mesmo assim eu ainda não estou tranquila.

Sai novamente pra sala e abri um pouco a porta pra ver o que se passava lá fora.

E a visão que eu tive foi de muitas pessoas correndo desesperadas e mães chorando a procura de seus filhos.

Mari: Algum de vocês sabe do Dg? - perguntei pra dois meninos armados que estavam na frente de casa.

- Ele desceu tem uns quinze minutos. Foi dar assistência pra um parceiro que morreu.

Assenti fechando a porta e liguei a tv vendo que já estava falando sobre o confronto de hoje aqui no morro.

Já cansada de tanta tragédia mudei de canal e comecei a assistir um programa que estava passando.

Depois de quase uma hora a porta foi aberta e eu corri pulando no colo do meu homem.

Mari: Você tá bem? - beijei ele.- eu tava tão preocupada.

Dg: Tá tudo bem pô.- falou um pouco abalado e me puxou pra mais um abraço.

Mari: Leonardo tá bem? - ele assentiu e eu sentei no sofá puxando ele junto comigo.

Dg: Foguin morreu Marina.- falou de cabeça baixa.- Karen tá chorando demais, levaram ela pro postinho.

Na hora senti meu coração apertar e eu peguei na mão dele.

Eu não era muito próxima do Foguin, mas a gente se via diariamente.

Ele vivia junto com o Dg, em festas etc.

Mari: Não fica assim amor, eu sei que é doloroso, mas agora ele tá em um lugar melhor.- ele continuou de cabeça baixa.

Dg: Eu tinha uma consideração da porra com o Foguin Marina, tô mal pra caralho tá ligada? - assenti abraçando ele.

Mari: É difícil eu sei, mas a vida é assim. Quando chega a hora eles se vão amor, e não tem nada que a gente possa fazer.

Dg: Tô ligado nisso, mas eu só consigo pensar que um cara novo, parceiro, moleque bom perdeu a vida assim tão rápido.- levantou soltando minha mão e foi em direção ao quarto.

Entrei no quarto logo após ele e deitei na cama.

Eu não sabia nem o que falar, então eu puxei ele que deitou junto comigo com a cabeça no meio peito e fiquei acariciando o cabelo dele.

Além do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora