Marina🌙
Toda vez que o Douglas sai eu fico assim, com o coração apertado com medo de que alguma coisa aconteça com ele.
Eu quero poder impedir ele de sair mas é impossível, é o trabalho dele.
É a vida dele, eu só posso ficar em casa chorando e pedindo pra Deus não deixar que nada aconteça com ele.
Eu já vi amigos, pessoas próximas dele morrer, já vi o Dg chegar em casa atordoado.
Por ter visto o amigo morrer e não poder fazer nada pra ajudar.
É inevitável, todos que estão nessa vida corre risco, e o pior de tudo é que em muitas dessas invasões crianças e pessoas inocentes são vítimas de bala perdida.
Com a mão fria e o coração disparado eu peguei meu celular pra mandar mensagens pra Júlia.
Não sei se ele estava em casa quando começou.
Mensagens📩
Mari: Amiga, tá aonde? Tá tudo bem? (18h43)
Júlia💕: Oi Mari, eu tô em casa. Tá tudo bem e ai? (18h44)
Mari: Eu tô bem, mas com muito medo. (18h45)
Júlia💕: Fica tranquila, vai ficar tudo bem. (18h45)Mensagens📩
Bloqueei meu celular colocando ele em cima da cama e sai do quarto indo até a cozinha.
Já se passaram duas horas de muitos tiros, e eu não vou sossegar até ter o Douglas aqui comigo.
Pra me acalmar bebi um copo de água com açúcar e voltei pro quarto.
Sempre que tem invasão o Dg deixa alguns envolvidos fazendo a proteção da casa.
Hoje não sei se tem, não vi movimentação nenhuma do lado de fora além dos tiros.
Sentei na cama ainda tremendo e logo os fogos foram lançados novamente.
O que diz que já acabou.
Mas mesmo assim eu ainda não estou tranquila.
Sai novamente pra sala e abri um pouco a porta pra ver o que se passava lá fora.
E a visão que eu tive foi de muitas pessoas correndo desesperadas e mães chorando a procura de seus filhos.
Mari: Algum de vocês sabe do Dg? - perguntei pra dois meninos armados que estavam na frente de casa.
- Ele desceu tem uns quinze minutos. Foi dar assistência pra um parceiro que morreu.
Assenti fechando a porta e liguei a tv vendo que já estava falando sobre o confronto de hoje aqui no morro.
Já cansada de tanta tragédia mudei de canal e comecei a assistir um programa que estava passando.
Depois de quase uma hora a porta foi aberta e eu corri pulando no colo do meu homem.
Mari: Você tá bem? - beijei ele.- eu tava tão preocupada.
Dg: Tá tudo bem pô.- falou um pouco abalado e me puxou pra mais um abraço.
Mari: Leonardo tá bem? - ele assentiu e eu sentei no sofá puxando ele junto comigo.
Dg: Foguin morreu Marina.- falou de cabeça baixa.- Karen tá chorando demais, levaram ela pro postinho.
Na hora senti meu coração apertar e eu peguei na mão dele.
Eu não era muito próxima do Foguin, mas a gente se via diariamente.
Ele vivia junto com o Dg, em festas etc.
Mari: Não fica assim amor, eu sei que é doloroso, mas agora ele tá em um lugar melhor.- ele continuou de cabeça baixa.
Dg: Eu tinha uma consideração da porra com o Foguin Marina, tô mal pra caralho tá ligada? - assenti abraçando ele.
Mari: É difícil eu sei, mas a vida é assim. Quando chega a hora eles se vão amor, e não tem nada que a gente possa fazer.
Dg: Tô ligado nisso, mas eu só consigo pensar que um cara novo, parceiro, moleque bom perdeu a vida assim tão rápido.- levantou soltando minha mão e foi em direção ao quarto.
Entrei no quarto logo após ele e deitei na cama.
Eu não sabia nem o que falar, então eu puxei ele que deitou junto comigo com a cabeça no meio peito e fiquei acariciando o cabelo dele.
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Além do Tráfico
Teen FictionTodo crime é vulgar, assim como toda vulgaridade é criminosa.