Capítulo 6

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Depois de alguns anúncios do rei os nobres foram liberados da sala do trono e rapidamente o local tinha ficado quase vazio, Aires e Akanta pediram para serem liberados e caminharam sem hesitar para a porta. Quando Gayla passou pelo trono o rei a pediu para esperar um instante, o príncipe se preocupou, mas não havia o que fazer além de deixá-la sozinha.

Assim que não havia mais ninguém no salão, o rei respirou mais relaxado e se aproximou da menina calmamente, fez um sinal com a cabeça para que olhassem uma tapeçaria. Não era algo muito diferente da do resto, mas o rei uma vez disse que era a sua favorita por haver um erro que ninguém percebia até que notava, uma sombra colocada de forma errônea no nariz de uma rainha que deixava enorme.

- Está bem, pequena? - ele disse, realmente preocupado.

- Sim, senhor... - ela disse olhando para o marido da rainha má feita, era bem parecido com Vincent - Já disse que é estranho voltar para Zaark, eu sinto que deveria me sentir bem lá, mas é pior do que aqui!

- Aqui não é tão ruim... - o monarca disse rindo - Você tem amigos, família e muita coisa para fazer. Eu sei que se sente incomodada com a fofoca da corte e...

- E os hábitos, costumes, a forma como todos conversam comigo ou esperam que eu reaja. - ela bufou rindo - Só que melhorou muito e eu sei que a tendência é que me sinta cada vez melhor com tudo.

- Sim... - o rei disse distante - Como é Malakay? Vi ele apenas quando era uma criança.

- Foi estranho também, primeiro ele me pareceu um camponês normal. Tinha olhos azuis claros e cabelo escuro e ele ficou bem chocado ao me ver. - ela riu - Achei isso normal, por algum motivo muitos de Zaark ficam chocados ao me ver, mas isso se estendeu muito e então ele me chamou de Avalon... isso foi a coisa mais estranha que já passei na minha vida!

- Imagino.

-E eu reparei que nenhuma mulher usa calça em Zaark. - ela disse mudando de assunto, o clima estava estranho - As moças de lá não são ensinadas a lutar?

- São... - ele riu - Mas de saia.

- Como? - ela disse rindo, arrancando risadas do rei.

O homem sorriu satisfeito, liberou a garota que agradeceu a preocupação e encontrou seus companheiros no corredor a esperando. Não questionaram, sabiam que Vincent era preocupado com o bem estar de Gayla e esse tipo de conversas acontecia com muita frequência, as vezes Aires também ficava, mas raramente Akanta podia e isso a magoava muito.

- E o que vamos fazer agora? - Aires disse empolgado.

- Dormir. - Gayla disse rindo.

- Eu tenho que terminar de arrumar o baile do solstício de primavera. - Akanta disse tocando no ombro de Caleb - Sabe, papai realmente gosta das festas bárbaras e nada pode está errado. Gayla, depois experimenta seu vestido, está no seu quarto!

- Sim. - ela sorriu para a menina que levava seu guarda pelo corredor, se virou para Aires e sorriu - Vamos dormir?

- Isso é um convite? - ele disse se aproximando com malícia.

- Estou sugerindo ir dormir, não ir para cama. - ela disse revirando os olhos - Olha, eu estou exausta e...

- Aires! Gayla! - uma voz masculina disse se aproximando e frustrando os planos da guarda - Como vai?

- Darlan! - Aires disse cumprimentando o recém chegado - Quanto tempo meu amigo!

O rapaz sorriu, ele era filho do duque John, um ano mais velho que Aires tinha belos olhos verdes e cabelos cacheados castanhos avelã, muitas meninas da corte sonhavam de olhos abertos com ele por perto, sabendo disso ele se aproveitava.

Seu gosto por mulher foi tanto que o duque enviou o menino para ficar com a família por um tempo, esperando que isso o colocasse em seu lugar, havia voltado durante a viagem dos três. Gayla não pode deixar de notar que estava mais bonito que nunca.

- Gayla! - ele disse pegando em sua mão e dando um leve beijo - Fico dois anos fora e você tem a audácia de crescer! Está linda!

- Foi uma transformação dolorosa... - ela disse rindo sem graça.

- Imagino que há filas na porta do rei competido por sua mão. - ele disse dando uma piscadela - Gostaria de entrar nessa fila!

- Há uma fila, mas para Akanta. - ela disse dando um leve tapa no ombro do rapaz - Ninguém quer casar com uma menina mais forte do que ele! Além disso, deixe de exageros! Sua lábia não funciona comigo, predador.

-Adoro esse apelido! - ele disse rindo, depois se virou para Aires que aparentava está muito desconfortável - E você meu amigo, como é andar do lado dessa nova beleza?

- Sempre foi difícil! - ele disse sorrindo colocando a mão no ombro dela.

- Pronto! - ela disse rindo - Vamos mudar de assunto, por favor!

- Bom... - Darlan disse sorrindo - Que tal discutirmos o que devemos fazer, afinal é a primeira vez em muito tempo que o trio está reunido!

Aires e Gayla trocaram olhares brincalhões, o rapaz estava certo! Quando pequenos os três andavam pelo castelo procurando encrenca, graças às suas brincadeiras e aventuras, o braço de Aires era ligeiramente torto por causa de uma fratura (caiu de um cavalo, enquanto fugia do castelo para ir a uma cachoeira na floresta), Gayla tinha uma enorme cicatriz nas costas (tinha ficado pendurada em um galho pela roupa) e Darlan proibido de entrar na cozinha eternamente (um quase incêndio no castelo), a medida que cresciam essas tramoias de criança passaram a ser coisas mais como programas juntos - lutas, longas conversas e desafios bobos - já tinha passado da hora deles fazerem algo junto de novo.

- O que sugere? - Gayla disse cruzando os braços e sorrindo.

- Não sei ao certo... - ele olhou para o pátio do castelo - Que tal algo infantil?

Aires e Gayla olharam para a janela, tentando imaginar sobre o que ele estava falando. Por causa dos preparativos da festa havia no meio do pátio uma grande quantidade de pessoas, mas no centro dele havia uma grande estrutura de madeira pronta para ser decorada de flores. Não dava tempo nem de pensar, Gayla empurrou os dois meninos para trás e saiu correndo, já descendo as escadas em dois em dois, Darlan fez o mesmo, deixando Aires para trás, que apenas virou de costas e seguiu correndo pelo outro lado.

Já no andar de baixo, Gayla gritou licença para um grupo de damas que olharam confusas e abriram espaços para a guarda, que por pouco não as atropelou, Darlan veio logo atrás dando uma piscadela para uma delas. Do outro lado do castelo, Aires descia escorregando pelo corrimão e caindo na sala das costureiras, riu sem graça e saiu pela outra porta.

Darlan, percebendo que a menina estava muito na sua frente, aproveitou o espaço aberto que dava para o pátio e pulou em cima do feno de cavalo, amortecendo a queda considerável. Gayla apenas continuou correndo até a escada e pulando em um local menos alto, sentiu uma pontada de dor, mas continuou correndo, desviando facilmente das pessoas.

Saindo do meio do feno, sem conseguir se limpar Darlan notou Aires saindo da cozinha já correndo  sem piedade até a estrutura, desesperado ele voltou a correr. Em algum momento Aires esbarrou em uma dama, a jogando no chão e Darlan em um homem que carregava madeira, o que fez ele derrubar tudo, enquanto os dois tomavam estavam pedindo desculpas foram capazes de ver Gayla chegando primeiro.

Princesa de Zaark [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora