Finalmente eles chegaram a cidade. Os cheiros e sons do local eram extremamente familiares para Marlon, não importava o tempo que passava, nada ali parecia mudar. O cheiro do pão, as vozes felizes conversando, música tocando, o mar batendo nas rochas e a maresia.
Asterin olhou ao redor, primeiro preocupada com cartazes com seu rosto, o qual não havia chegado ali. Depois se permitiu olhar ao redor, maravilhada e ansiosa para entender o local onde o rapaz havia crescido. Pela localização acima da colina chapada, eles tinham uma visão privilegiada para o céu e mar, sem árvores ou qualquer outra cobertura, um vento constante e impiedoso tentava de todas as formas arrancar seu capuz da cabeça e os sinais de vida da cidade, seja por música, risos ou conversas eram agradáveis. Desejou ter nascido ali.
- Vamos! - ele disse pegando na mão dela e andando animado por entre as ruas.
A moça sorriu e se permitiu ser puxada por ele, Oto voava acima dos dois e Marlon concentrava na tarefa de bater o cajado no chão, contava cada batida no intuído de não se perder. Demorou bastante para Asterin notar a forma desconfortável que as demais pessoas olhavam para ele a medida que iam passado, primeiro torciam a boca para Marlon para em seguida se assustarem com a presença dela.
Andaram bastante até, enfim, chegarem em uma rua de pedras encaixadas no chão, próxima ao fim da chapada, permitindo que o mar ganhasse mais espaço na paisagem. As casas ali eram bem parecidas, mas, Asterin percebeu, que havia algumas poucas coisas que diferenciavam, como telas secando, músicas que saiam pelas janelas, flores plantadas com todo carinho. Além disso, por ali, um grupo de crianças brincavam, uma mulher grávida conversava com uma ruiva e um grupo de pessoas montavam uma decoração.
Marlon parou em uma porta muito bem feita e bateu duas vezes, trouxe a presença de Asterin para mais perto de si, enquanto beijava a sua mão e Oto pousava em seu ombro piando. A cortina ao lado foi aberta e uma linda garotinha de olhos avermelhados abriu um grande sorriso, sem demora escancarou a porta puxando o rapaz para dentro gritando.
- Mãe, pai! O tio Marlon chegou! - ela então percebeu a presença de Asterin, que sem graça era puxada junto para dentro do local - E trouxe uma namorada!
- Irmão! - uma voz soou para em seguida um homem tão grande quanto Marlon e extremamente parecido com ele aparecer para abraça-lo - Como foi de viagem?
- Tranquilo... - ele riu sem graça - Na sua maioria.
- Espero que esteja descansado o suficiente para ficar amanhã e os próximos dias tocando até o festival dos vaga-lumes acabar!
- Marlon... - uma voz mais tranquila surgiu junto ao uma bela mulher com os cabelos pretos bem lisos - Que história é essa de namorada...?
Os dois adultos olharam então para Asterin, que sentiu suas faces queimar e suas mãos suar. Automaticamente olhou para o rapaz em busca de apoio, mas viu apenas Oto voar para as madeiras que sustentavam o telhado e se abrigar ali para dormir.
- Primeiro, o nome dela é Asterin! - o rapaz disse sorrindo bastante - Segundo, ela foi machucada pelos ladrões da floresta, ficou na minha casa para se recuperar e nos aproximamos. Ainda está decidindo o seu rumo, a arrastei até aqui em busca de ajuda.
A moça sorriu enquanto abaixava o capuz e tentava se acalmar.
- Não deixe nossa mãe te ver. - o rapaz disse sorrindo e indo apertar a mão dela - Caso o contrário você só sai daqui casada, foi assim que eu conseguir obrigar minha esposa ficar comigo. Meu irmão falou meu nome?
- Mael. - ela disse apertando a mão dele.
- Parabéns! - ele disse para Marlon - Fez pela primeira vez um amigo.
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Princesa de Zaark [Concluída]
FantasyUma contadora de histórias não tem paz, para onde vou encontro com pessoas famintas por novas narrativas de amor, poder e vingança, sempre querendo mais e mais. O que as pessoas normalmente não sabem é que todas as histórias existentes, sejam lenda...