Sinto que estou derretendo e me despejo lentamente. Cada dormida em que acordo banhada em suor foi um pouco de mim que se foi, em meio aos escândalos dos pesadelos da madrugada foi um pouco de mim, foi um pouco da minha felicidade, um pouco da minha essência. Deixei alguns ml de mim no mundo dos sonhos.
A cada choro e noite chorando que passo é mais um pouco de mim, mais despejo, mais felicidade que se vai e que se esvai sem pedir permissão. Dizem que não é pra eu deixar que isso aconteça, mas não consigo conter as águas, me pedem pra conter as águas como uma represa, mas não depende de mim, é a natureza.
A cada momento que eu olho pro nada e não tenho força pra levantar, não tenho força pra chorar ou pra pedir ajuda, é um pouco de mim que se esvai no nada. São mais ml de mim que vai derretendo e talvez buscando um corpo mais vivo que o meu, e eu permaneço em choque, a correnteza aumenta a condutibilidade e eu permaneço imóvel, apenas com os espasmos da eletricidade que me fazem parecer em movimento.
Tenho medo de onde eu vim parar, cada vez menos eu, me despejo e não consigo mais controlar, me desfaço e não consigo mais conter, apenas escrevo como últimos suspiros e espasmos de um corpo frio. Quando chega a noite eu choro, choro mágoas sem precedentes, gasto o pouco que me resta de mim, todos os dias, até que eu acabe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Silêncio que se lê
PoesíaO silêncio guarda nossos sentimentos mais profundos, o silêncio fala verdades, emite certezas e incertezas. O silêncio é único que entende a confusão, que no meio do breu, se expande sorrateiramente ocupando o espaço da tristeza. Existem momentos qu...