Na quinta feira era como se nada tivesse acontecido; lógico que ainda haviam marcas das últimas brigas, mas não doíam tanto quanto na terça feira de manhã. Entrou na livraria como todos os dias e foi para o balcão; Gonzalo estava com ela, falando alguma coisa sobre academia e como eles dois deveriam voltar a ser um casal. Ela ignorou fielmente todas as tentativas de entrar no assunto. Se fosse para ser bem sincera consigo mesma, a morena não estava com a menor inclinação romântica com ninguém.
Mas havia sonhado com Macarena.
A dona dos olhos mais azuis do mundo; do cheiro quase amadeirado dela... Na verdade, Bárbara não conseguia definir exatamente aquele cheiro, pareceu madeira, pareceu mel, pareceu limão e um sabonete de flores, como era possível? Era fascinante. Mas ela precisava definir um cheiro para Macarena, então precisava ver a mulher de novo.
Que sensação gostosa que era, apesar de agoniante, Bárbara pensou. Queria sentir nas mãos os cabelos que eram como mel escorrido e ouvir por horas a voz aveludada. A voz dela era doce, suave... Como música. Colocando todos os fatos na mesa, Macarena fazia o coração de Bárbara parecer uma orquestra sinfônica.
Ela queria sentir aquilo de novo, mas não sabia onde encontrar, o sobrenome e muito menos aonde começar a procurar. Como encontraria alguém que não fazia ideia de onde tinha vindo? E se ela não morasse em Monterrey? Ela poderia ser uma turista... Mas ela tinha um jeito de falar tão parecido com a maioria das pessoas de lá. Certo, então turista ela não era.
Não poderia ser. Bárbara só queria encontrar a mulher de novo. Seria ótimo se Macarena resolvesse aparecer de repente, apenas para explorar a livraria de novo, ela pensou enquanto guardava o livro.
E como obra do destino e das melhores comédias românticas, um papel dobrado caiu do livro na hora que Bárbara o colocava de volta na prateleira. Estranho, ela não lembrava de ter colocado nada naquela obra. Ou em nenhuma obra. Na verdade ela nunca guardava nada em livros e sempre conferia todos os que guardava. Pegou o papel e analisou; estava muito bem dobrado, até com cuidado. Mas foi o cheiro que a atingiu chamou sua atenção, ela conhecia aquele cheiro...
"Morena,
Tive que fugir, se quiser me encontrar...
55 1701 943
Um beijo, Maca"
E lá estava a sensação que ela queria; o coração batendo forte, o ar faltando no peito e o sorriso incontrolável explodindo contra suas bochechas. Como era bom o frio no estômago, mas péssimo ao mesmo tempo; o que será que estava acontecendo com ela? E agora ela tinha o número do telefone de Macarena, seria fácil encontrar a garota. Será que era muito cedo para ligar?
Como uma adolescente boba, Bárbara ligou para Macarena para descobrir que o celular estava desligado. Diabos. Como encontraria a mulher agora? E por que estava se sentindo tão deliciosamente desesperada para encontrar? Provavelmente era desejo. Fazia tanto tempo que ela não sentia interesse por alguém que havia esquecido como a sensação era deliciosa.
Deu—se todas as razões para ficar ocupada e não pensar em Macarena, mas simplesmente não conseguia tirar aquele sorriso da cabeça, cada pessoa que entrava na livraria ela desejava que fosse Macarena, mas ninguém era. E a mulher ficava sempre em sua cabeça, nunca em sua frente.
— Você está aérea hoje, corazón.
A voz de Gonzalo tirou a morena do transe em que estava; e infelizmente ele não era Macarena também, e estava muito longe de ser, e muito longe de causar qualquer sensação em seu estômago ou coração. Bárbara sentiu—se subitamente desanimada.
— Acho que estou mesmo.
— Quer falar sobre?
— Não tem muito o que falar, acho que estou apenas cansada.
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O Mar Do Teu Olhar | Barbarena
RomanceBárbara Lopez vive uma vida tranquila, pacata. Trabalha em uma livraria conhecida no centro de Monterrey; a maioria das pessoas são clientes antigos que a conhecem desde a adolescência quando era apenas filha do dono do lugar. Com a morte dos pais e...