Para ser mais dramático, faltava uma chuva, Macarena pensou enquanto andava pelas ruas perto do apartamento que ela costumava dividir com Bárbara. A noiva, por quem ela era louca, a mulher que movia seu mundo, iluminava seus dias e que... Agora aparentemente a traíra da forma mais baixa o possível. Ex noiva, ela se corrigiu mentalmente. O anel ainda estava em seu dedo, pesando como chumbo. Ela deveria tirar e jogar o mais longe o possível, numa rua qualquer, no primeiro lixo que encontrasse.
Mas manteve no dedo por que ainda amava a morena.
E no fundo, ainda havia algum tipo de esperança.
Mesmo que seu peito estivesse rasgado de dor, e ela se sentisse tão dilacerada quanto era possível... Ou impossível. Ela já não sabia mais o limite e a linha para a dor que estava sentindo; e a raiva por ter sido enganada. Mas ela reconhecia o olhar perdido de Bárbara; sabia que naquilo ela não estava mentindo: realmente não se lembrava de nada.
Mas se não lembrava, como poderia negar o óbvio?
Tudo indicava que havia acontecido algo e Gabriela parecia a única sóbria e sensata ali. Mas ainda assim... Seu coração estava muito apertado. As coisas não encaixavam perfeitamente ali, não podia; Bárbara não faria aquilo. Não podia. Apesar de lembrar que não deveria colocar sua mão no fogo, hipoteticamente falando, por ninguém, ela sabia que queimaria o corpo inteiro por Bárbara se fosse necessário. E naquele momento a morena merecia um voto de confiança. Merecia, de fato. Mas como ela viveria com a dúvida?
E se elas nunca conseguissem descobrir o que havia acontecido? Ela conseguiria viver bem, casar com a morena e passar o resto da vida sem saber se ela havia dormido com a ruiva dos infernos? Mas ela realmente precisava saber? Era um impasse maldito, e ela não queria pensar em mais nada; como era possível que seu coração implorasse por algo enquanto sua mente gritava o exato oposto? Ela não queria ouvir nenhum dos lados.
Queria fugir de novo.
Esconder—se e nunca mais aparecer.
Dentro de seu apartamento, Bárbara mordeu o lábio inferior algumas vezes, enquanto o ar saía quase denso por suas narinas. Nunca em toda a sua vida estivera tão enfurecida. Poderia esperar qualquer coisa, menos uma traição como aquela, não que ela e Gabriela fossem melhores amigas ou coisa do tipo, mas esperava no mínimo um pouco de respeito.
Apesar disso, não sabia o que poderia ter acontecido, o que teria acontecido... Sabia o que se lembrava. E não lembrava de ter dormido com Gabriela ou coisa do tipo.
— Eu não queria causar uma situação dessas.
— Senta.
A ordem saiu tão fria que Gabriela estremeceu.
— Eu não vou falar de novo.
Gabriela sentou no sofá. Bárbara se aproximou, tão ameaçadora que a ruiva afundaria no sofá se pudesse.
— Eu quero que você me diga a verdade do que aconteceu ontem. E não vem com esse papo de que eu abri um vinho e transamos pela casa, porque não vai colar. Eu não faria isso.
— Você fez.
— Não é possível.
— Porque não? Você não ficaria comigo?
— Nem nos seus sonhos. — Ela respondeu, seca. Foi tão cortante e rude, e ela não estava se importando. — Só existe uma pessoa no mundo para mim e ela se chama Macarena.
— Você não lembra do que aconteceu. Pode ter acontecido qualquer coisa.
— E pode ter acontecido nada.
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O Mar Do Teu Olhar | Barbarena
RomanceBárbara Lopez vive uma vida tranquila, pacata. Trabalha em uma livraria conhecida no centro de Monterrey; a maioria das pessoas são clientes antigos que a conhecem desde a adolescência quando era apenas filha do dono do lugar. Com a morte dos pais e...