Macarena estava determinada. E foi com essa determinação que saiu de seu hotel até o apartamento que costumava ser seu; tocou a campainha algumas vezes, e não houve som nenhum no apartamento. Olhou no celular, pela hora, Bárbara já deveria estar em casa. A menos que estivesse no Lucho de novo.
Bateu na porta e chamou a morena.
Estava pronta para ir embora, quando ouviu os sons dentro do apartamento; algo se quebrando, alguns resmungos e então a morena abriu a porta para encontrar Macarena. A dona dos olhos azuis arregalou—os. Bárbara estava com o rosto todo arrebentado, mais arrebentado do que da última vez, com sangue fresco escorrendo por seu nariz e boca — nariz esse que parecia estar quebrado. Ela não hesitou ao entrar no apartamento.
— Ah que ótimo. — Bárbara resmungou enquanto caminhava até o sofá com uma garrafa de vidro entre os dedos. — Agora meus sonhos estão ainda mais reais. Viraram pesadelos.
Macarena fechou a porta atrás de si.
Nunca pensou que veria Bárbara bêbada, mas lá estava a morena aos tropeços em direção ao sofá; tomou outro gole do que deveria ser algum álcool forte, só pelo cheiro, e fechou os olhos.
— Pesadelo? — Macarena perguntou ao se aproximar.
— Sim. Você está aqui, mas não é minha. Só pode ser um pesadelo.
A dor nas palavras de Bárbara não passou despercebida por Macarena, mas infelizmente aquela conversa teria que ficar para outro momento; ela precisava cuidar da morena ali. A morena que estava arrebentada, sangrando e alcoolizada. E a culpa era inteiramente sua. Ajoelhou—se de frente para ela e segurou as mãos macias, marcadas por roxos, coágulos e sangue seco.
— Vou cuidar de você.
Bárbara sorriu e seus olhos estavam completamente desfocados enquanto ela se inclinava na direção de Macarena.
— Agora eu sei que estou sonhando.
— Por quê?
— Porque você está aqui. — Ela murmurou com a voz falhando e oscilando de tom. — Porque você ainda parece minha.
Macarena mordeu o lábio com força para não responder.
Carregou a morena para o banheiro. Ela começou a vomitar no meio do caminho, e então chorou; como uma criança. Macarena sentiu que estava se despedaçando ali mesmo, inteirinha, em todos os pedaços possíveis. Bárbara estava vulnerável como ela nunca havia visto antes. Como ela nunca pensou que veria. A morena caiu de joelhos no chão do banheiro e botou as tripas para fora — metaforicamente — de tanto que vomitava. Macarena ficou ao seu lado, segurando seus cabelos.
— Você está bebendo desde que horas?
— Desde que você me deixou.
Macarena queria gritar, mas apenas manteve o tom suave:
— Eu não te deixei.
Bárbara começou a fechar os olhos, com o rosto caído contra o vaso sanitário.
— Ei. — Macarena chamou com carinho. — Venha cá, fique comigo. Não durma, ainda não.
— Está difícil... Estou tão cansada.
— Eu sei meu amor, mas tente um pouco. Aqui. — Se ia fazer aquilo, deveria fazer direito, Macarena pensou, então foi fácil puxar a morena para si até que ela estivesse em seu colo, com o rosto colado em seu pescoço. — Fique comigo. Por favor.
— Eu só queria que você ficasse também.
As lágrimas de Bárbara molhavam seu pescoço e foi a primeira vez que Macarena viu a morena como uma garota sensível e perdida; geralmente aquela posição era sua. Ela não estava acostumada, e tão pouco sabia o que fazer. Mas faria tudo o que podia fazer. Bárbara se agarrou em Macarena como se estivesse em um sonho bom — e estava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Mar Do Teu Olhar | Barbarena
RomanceBárbara Lopez vive uma vida tranquila, pacata. Trabalha em uma livraria conhecida no centro de Monterrey; a maioria das pessoas são clientes antigos que a conhecem desde a adolescência quando era apenas filha do dono do lugar. Com a morte dos pais e...