SEIS

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Era sexta-feira. Mais um final de semana que passaria sozinho. Sem ela. Sem os beijos dela. Sem o cheiro. Sem a risada gostosa. Sem sua mania desastrosa de querer cozinhar. Sem o corpo quente que o recebia com tanto ímpeto. A vida sem ela era uma merda. Um vazio que nunca era preenchido.

Vicente estava arrasado com a traição da esposa.

Daria qualquer coisa no mundo para que aquilo tudo fosse um pesadelo. Divorciar-se de Diana foi uma das coisas mais difíceis que já fizera na vida. Às vezes pensava se não agiu por precipitação e deveria ter dado à esposa a oportunidade de se explicar. Afinal, ele vivia viajando por empresariar artistas do ramo musical e talvez Diana estivesse carente demais com sua ausência.

Ele se levantou abruptamente de sua cadeira e derrubou com fúria tudo o que estava na mesa de seu escritório.

- Seu idiota patético. - gritou para si mesmo. - Você está parecendo seu pai arrumando desculpas para traição da esposa. - diminuiu o tom para uma melancolia que ele mesmo odiava reconhecer.

Vicente colocou as mãos na cabeça e ficou olhando a vista da praia de Copacabana, onde ficava seu escritório. Mas a verdade é que nada via. Só enxergava a sua dor.

- Vicente. - ele escuta a voz de sua assistente, mas não se vira. - Tem cliente esperando lá fora e ouviu o que você fez e falou aqui dentro.

Vicente riu ainda sem olhá-lá. Mas não havia humor ali.

- E você acha que eu me importo, Vivi? A minha vida já tá fodida mesmo.

Ele ouviu os saltos altos de sua assistente batendo contra o piso de madeira. Ele odiava aquele som. Vivi se aproximou dele e pousou sua mão em seu ombro.

- Ela não merece nem um só minuto do seu pensamento, querido.

Vicente fechou os olhos. Ela tinha mais que míseros minutos dos seus pensamentos. Bem mais. Muito mais do que ele estava conseguindo suportar.

- O que você precisa é se dar uma oportunidade. Talvez a mulher que o mereça esteja bem perto. - Vicente olhou para ela e Vivi sorriu. - É só abrir bem os olhos, meu querido.

- Ou...

Os dois olharam em direção à porta para o espectador que só naquele momento se fez ser notado. Era o Tadeu, seu advogado e melhor amigo.

- Você precisa de uma boa trepada. - disse ele rindo.

Vicente riu também, mas Vivi olhava furiosa para o amigo do patrão.

- Tadeu, meu amigo, você nunca esteve tão certo.

Vicente se afastou da janela e pegou seu casaco.

- Vamos em busca disso, então. - e ja se dirigia à porta.

- Mas e os clientes? - indagou Vivi, atônita.

- Cancele.

Disse Vicente simplesmente e os dois amigos saíram.

Eu odeio meu ex-marido (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora