TRÊS

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Vicente olhava o mar, extasiado. Sorriu ao lembrar da sua assistente, Vivi, dizendo que ele se cansaria logo da calmaria do lugar e voltaria correndo pra agitação da cidade. Mas ele estava adorando a tranquilidade daquela vila de pescadores. O chalé que alugara era aconchegante e a mulher que cuidava do local fez com que ele se sentisse em casa.

No outro dia acordou cedo e foi surfar ao lado norte, pois a praia era mais propícia ao esporte . Almoçou num restaurante pitoresco da cidade e voltou para o chalé. Fez algumas ligações para sua assistente pra saber como estavam as coisas. Ele não tirava férias há anos, mas seu médico o aconselhou a desacelerar um pouco.

A tardinha, Vicente resolveu dar uma volta ao lado Sul da praia, onde as ondas eram mais calmas. Aquele lado, ele pôde observar, era deserto. Ao longe viu que havia uma moça com um menino pequeno brincando na areia. Vicente continuou seu caminho. Mas algo lhe chamou atencao: aquele menininho olhou pra ele, começou a balançar os bracinhos e sorria muito.

Vicente sorriu, mas olhou pra trás pensando que, talvez, o menino estivesse olhando para alguém atrás dele. Mas não havia ninguém ali além dele mesmo. Ele nunca fora muito chegado a crianças, mas aquele menininho lhe chamou a atenção.

- Oi, campeão. - ele se aproximou, se agachou e o menino fazia sons de alegria. - Como é seu nome, campeão? - perguntou olhando o menino e sem desviar sua atenção.

- Bernardo.

O coração de Vicente apertou. Ele lembrou de uma conversa com sua ex-mulher, onde ela disse que o primeiro filho do casal se chamaria Bernardo.

- É um lindo nome, campeão. - ele se sentoum na areia e começou a brincar com o menino. - Ele é seu?

- Não. - a moça riu. - Ele é filho de uma amiga da minha mãe. Eu fico com ele às vezes, como babá.

Vicente assentiu e continuou sua conversa com o menino numa linguagem só deles.

Ao chegar no chalé, Vicente ficou perplexo ao constatar o quanto ele gostara de ficar com aquele menininho, afinal nunca tiveram jeito com crianças.

No outro dia, a tarde, ele foi para o mesmo local pra ver se encontrava o pequeno Bernardo. E seu sorriso doe-lhe as bochechas de tão feliz que ele ficou por reencontrar seu pequeno amigo.

Bernardo também demonstrou alegria ao vê-lo. Os dois brincaram muito. Os olhos daquele menininho eram muito familiares.

- Olhe só que interessante. - disse a moça. - O Bê tem um sinal no pé igual ao seu.

Vicente olhou o pé do menino depois olhou o seu próprio. A marca de nascença era a mesma. Uma mancha marrom que lembrava o formato de um peixe.

- Que coincidência. - disse ele.

Ele ficou pensativo. Aquilo era realmente muita coincidência .

- Temos que ir. - disse a moça.

- Mas já? - Vicente se surpreendeu com a própria tristeza em sua voz.

Eu odeio meu ex-marido (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora