Vicente tinha em suas mãos o livro de sua ex-mulher.- Nem sempre o amor perdoa. - ele leu o título em voz alta. - Vamos ver o que você escreveu, Diana Monteiro.
Uma frase lhe chamou atenção: O amor não é o principal alicerce para um casamento feliz, mas sim a confiança. E quando ela é querbrada, nem sempre pode ser reparada.
- Hipócrita. - disse com raiva e jogou o livro no chão.
Levantou-se, irado consigo, pois apesar de tudo, não conseguia perdoá-la.
Quando se acalmou, voltou a pegar o livro e recomeçou a lê-lo. Era uma história de amor que o fez lembrar dos dois. Quando ele ainda desfrutava de uma confiança cega nela. Quando a aliança no dedo de Diana ainda provava que era sua mulher.
Um tempo em que nunca tinham o bastante um do outro e raramente passavam um momento separados.
Vicente sentiu seu corpo enrijecer à lembrança de tudo que haviam partilhado. Da parte dela, o entusiasmo sem inibições, a risada, a paixão. Da dele, uma reação libidinosa e a perda de controle.
Algo que nunca experimentara com outra mulher, nem em qualquer outra área de sua vida.
***
Saio dali pisando duro até chegar ao meu chalé. Ignoro até o choro do meu filho. Meu coração estava disparado. Senti um frio na barriga em reação, porque bastara olhar para Vicente para as lembranças voltarem com intensidade.
As boas lembranças, quando a paixão e o carinho acendiam alguma coisa selvagem em sua alma, nosso amor, o dia do nosso casamento... e as não tão boas, quando houve a terrível discussão e a raiva em escalada, o divórcio.
Assustei-me quando ouvi batidas frenéticas na porta.
- Abra, Diana. - a voz de Vicente soava impaciente. - Nós não terminamos ainda. Precisamos conversar.
- Perdemos a arte de conversar com educação há muito tempo. - gritei de volta.
- Prefere o modo mais difícil? - ele falou, firme e irritado.
Bernardo não parava de gritar e seus olhinhos estavam vermelhos de tanto chorar. Abrecei-o.
- Perdoe a mamãe, bebê.
Abri a porta e seu semblante não era dos melhores.
- Não vê que está assustando o meu filho.
- Nosso filho. - corrigiu-me.
- Meu filho. Não há seu nome na certidão de nascimento dele.
Minha voz era cheia de amargura e ele simplesmente inclinou a cabeça.
- Bernardo é meu. Eu o carreguei por nove meses. - Meus olhos queimavam devido a uma emoção extrema. - Eu o alimentei, criei e amei.
Um músculo ficou tenso perto da mandíbula dele.
- Você me negou a oportunidade de participar de tudo isso. - ele me acusou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu odeio meu ex-marido (FINALIZADO)
Romance"Eles se separaram. Ela seguiu o caminho da esquerda. Ele, o da direita. Mas se esqueceram de algo: o fato do mundo ser redondo." Diana é comissária de bordo. João Vicente é empresário musical. Os dois se conheceram num avião à caminho de Lisboa e...