QUATRO

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Vicente tinha em suas mãos o livro de sua ex-mulher.

- Nem sempre o amor perdoa. - ele leu o título em voz alta. - Vamos ver o que você escreveu, Diana Monteiro.

Uma frase lhe chamou atenção: O amor não é o principal alicerce para um casamento feliz, mas sim a confiança. E quando ela é querbrada, nem sempre pode ser reparada.

- Hipócrita. - disse com raiva e jogou o livro no chão.

Levantou-se, irado consigo, pois apesar de tudo, não conseguia perdoá-la.

Quando se acalmou, voltou a pegar o livro e recomeçou a lê-lo. Era uma história de amor que o fez lembrar dos dois. Quando ele ainda desfrutava de uma confiança cega nela. Quando a aliança no dedo de Diana ainda provava que era sua mulher.

Um tempo em que nunca tinham o bastante um do outro e raramente passavam um momento separados.

Vicente sentiu seu corpo enrijecer à lembrança de tudo que haviam partilhado. Da parte dela, o entusiasmo sem inibições, a risada, a paixão. Da dele, uma reação libidinosa e a perda de controle.

Algo que nunca experimentara com outra mulher, nem em qualquer outra área de sua vida.

***

Saio dali pisando duro até chegar ao meu chalé. Ignoro até o choro do meu filho. Meu coração estava disparado. Senti um frio na barriga em reação, porque bastara olhar para Vicente para as lembranças voltarem com in­tensidade.

As boas lembranças, quando a paixão e o carinho acendiam alguma coisa selvagem em sua alma, nosso amor, o dia do nosso casamento... e as não tão boas, quando houve a terrível discussão e a raiva em escalada, o divórcio.

Assustei-me quando ouvi batidas frenéticas na porta.

- Abra, Diana. - a voz de Vicente soava impaciente. - Nós não terminamos ainda. Precisamos conversar.

- Perdemos a arte de conversar com educação há muito tempo. - gritei de volta.

- Prefere o modo mais difícil? - ele falou, firme e irritado.

Bernardo não parava de gritar e seus olhinhos estavam vermelhos de tanto chorar. Abrecei-o.

- Perdoe a mamãe, bebê.

Abri a porta e seu semblante não era dos melhores.

- Não vê que está assustando o meu filho.

- Nosso filho. - corrigiu-me.

- Meu filho. Não há seu nome na certidão de nascimento dele.

Minha voz era cheia de amargura e ele simplesmente inclinou a cabeça.

- Bernardo é meu. Eu o carreguei por nove meses. - Meus olhos queimavam devido a uma emoção extrema. - Eu o alimentei, criei e amei.

Um músculo ficou tenso perto da mandíbula dele.

- Você me negou a oportunidade de participar de tudo isso. - ele me acusou.

Eu odeio meu ex-marido (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora