Eu odeio meu ex-marido (FINALIZADO)

DOIS

Vicente andava apressado numa rua do centro de São Paulo a procura de algum lugar que vendesse cigarro, seu mais recente vício depois do divórcio. Ele estava na cidade acompanhando uma das bandas que empresariava. Quando, de repente, ao passar por uma livraria, um cartaz chama a atenção:

Tarde de autógrafos com Diana Monteiro.

O amor cura.

Não era possível, ele pensou. Não podia ser a sua Diana Monteiro. Sua? Ele só podia estar louco. Ela não era sua há exatos dois anos. Na verdade ela nunca fora sua.

Mas e se fosse a mesma Diana Monteiro? Ela estava ali? A alguns metros de distância dele. Mas ele não queria olhar pra ela. Não depois de quase dois anos do divórcio. Não depois de sua traição. Sim, era melhor seguir o seu caminho. E foi o que ele fez, mas deu meia volta e entrou na livraria. A sua curiosidade de saber com ela estava foi maior.

Olhando para todos os lados, não a encontrou. Uma vendedora veio, solícita, perguntar se podia ajudá-lo.

- Vi o cartaz da escritora Diana Monteiro.

A vendedora sorriu.

- A tarde de autógrafos foi ontem. O cartaz será retirado ainda hoje. - falou como se pedindo desculpa.

- Eu gostaria de ver o livro dela. 'O amor cura', não é isso?

- Sim, é isse mesmo. Mas ontem todos os exemplares da loja foram esgotados. - ele deu um suspiro impaciente. - Diana Monteiro é uma autora nova, mas que vem conquistando um público fiel.

- Há outros livros dela?

- Sim. Me acompanhe, por favor. 'O amor cura' é seu terceiro livro. - a vendedora começou a tagarelar enquanto passavam por estantes e mais estantes. - O primeiro foi 'nem sempre o amor perdoa' e o segundo foi 'os caminhos tortuosos podem florir'. Aqui está. - disse ela pegando os dois exemplares. - Estão quase acabando e o dono da livraria já fez outro pedido.

Ela estendeu o livro e Vicente foi logo em direção a orelha do livro onde sempre continha informações do autor. E lá estava ela. Com o mesmo sorriso lindo e doce que ele conhecia tão bem.

- São romances lindos. - a vendedora continuou. - O senhor vai levar?

- Não. - disse ele, seco. Fechando rapidamente o livro, entregrou-a.

- Que pena. Tenho certeza que adoraria os livros dela. Eu não a conhecia pessoalmente, mas ontem tive o privilégio. Diana Monteiro é mesmo única.

Ele assentiu sem muita paciência e ia indo embora quando a curiosidade o venceu mais uma vez.

- Mudei de ideia. Vou levar os dois.

A vendedora sorriu.

- O senhor não vai se arrepender. Esses livros são maravilhosos. - ela ia falando enquanto os dois se dirigiam ao caixa. - Se o senhor quiser pode já reservar o exemplar de o amor cura'.