"Eles se separaram. Ela seguiu o caminho da esquerda. Ele, o da direita. Mas se esqueceram de algo: o fato do mundo ser redondo."
Diana é comissária de bordo. João Vicente é empresário musical. Os dois se conheceram num avião à caminho de Lisboa e...
Diana olha tudo ao redor e chora. Sentada no chão num canto daquele apartamento que um dia fora tão feliz. Agora tudo mudara. E ela estava diferente também. Triste. Amargurada. Enraivecida. Decepcionada. Infeliz.
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Cada canto lhe lembrava um momento especial. Beijos roubados. Amor quando um ou o outro retornava de viagem. Café da manhã na cama quando tinha alguma data especial. Os dois enroscados no sofá assistindo um filme ou quando ele assistia jogo de futebol e ela ficava com ele.
Ela e Vicente jamais tivera uma briga ali. Sempre foram coisas tão bobas que até isso fazia parte de momentos felizes. Era por causa da tampa do sanitário levantada. Ou a porta de um armário da cozinha aberta e Vicente reclamava porque quase tinha batido a cabeça. Ou ciúmes tolos. Nunca houve uma briga. Nem mesmo quando ele a flagrara com Henrique na cama. Nem naquele momento terrível Vicente se dignou a brigar. Simplesmente a olhou e foi embora.
Diana levantou do chão e olhou ao redor pela última vez. E antes de sair daquela apartamento, prometeu a si mesma que seria feliz. Longe daquela apartamento. Longe das lembranças. Longe de Vicente.
***
Eu estava estática.
- Amor, o que houve? - Vicente veio pra minha frente.
- Meu Deus, Vicente! - exclamo. - Eu esqueci. - falo meio chorosa. - Eu juro que esqueci. Esqueci completamente. Assim que eu cheguei da sua casa tinha aqui um monte de amigos, o que já me distraiu. Mas o pior foi aquela mensagem que o Tadeu me envio que você ia se entregar. Depois eu fui pra delegacia, fiquei super preocupada com você. - desandei a falar e ele tinha o cenho franzido sem entender nada. - Quando voltei pra casa só pensava em você e em ir te buscar no outro dia. Então passamos o dia inteiro juntos.
- Amor, respira. - ele disse enquanto segurava meu rosto em concha. - Eu não tô entendo nada.
- Mas ainda dá tempo. - eu continuei como se ele não tivesse falado nada. Me desvencilhei dele e fui para a cômoda onde estava a minha bolsa com o comprimido dentro. - Olha só: nós fizemos amor ontem pela manhã. Certo? - ele assente com o cenho ainda franzido. Eu abro a bolsa e pego a sacolinha da farmácia. - Hoje pela manhã fez vinte e quatro horas. Que horas são agora? - ele olha o relógio no pulso.
- Cinco e quarenta e sete.
Eu sorrio.
- Então ainda dá tempo. Pode ser tomado até três dias e só passou um pouco mais de um dia. Claro que era pra tomar logo em seguida ao ato, mas ainda dá tempo.