22 • c u i d a d o •

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Félix segurava Bridgette nos braços enquanto a sentia soluçar no seu peito. Nunca tinha visto ela assim, e isso assustava um pouco. Ela era sempre tão prática. Via solução em tudo.

— Adrien está de cabeça quente, Bridge... não devia ter dito aquelas coisas.

— Não, ele tem razão — sua voz tremia. — Félix... eu fiz a mesma coisa com ela... eu sou um monstro. Ela não merecia ouvir as coisas que eu disse! Eu estava tão cega... Marinette não tem nada a ver com o passado. E agora... agora ela está lá dentro! E a culpa é toda minha... eu disse que a odiava... nunca vou me perdoar se tiver acontecido algo grave!

Levou algum tempo até o Agreste conseguir acalmar a noiva. Bridgette nunca pareceu tão vulnerável. Acariciou seus cabelos negros e sussurrou algumas palavras de força. Adrien apareceu na sala de espera outra vez, lançou um olhar frio e cortante para a cunhada, que abaixou a cabeça. Não se aproximou em nenhum momento. E não deu indícios de que voltaria a insultá-la, a menos que fosse necessário.

— Família de Marinette Dupain-Cheng? — uma enfermeira acompanhada de um médico chamou.

Adrien se aproximou primeiro. Bridgette e Félix estavam logo atrás.

— Como ela está? — Félix perguntou, sem rodeios. — Marinette vai ficar bem, não é?

— De um quadro clínico geral, conseguimos estabilizá-la — o médico pigarreou. — Ela fraturou o braço direito e duas costelas do mesmo lado. Também teve uma torção no tornozelo esquerdo e alguns hematomas pelo corpo. Tivemos que sedá-la, como um coma induzido, por causa da contusão. Foi um traumatismo craniano um tanto grave, e ela poderia chegar a ter convulsões.

Ele parecia querer dizer algo, mas estava com dúvidas.

— Doutor? — Adrien o chamou.

— Você é o que da paciente? Namorado?

— Hã, sim — ele disse, rapidamente. Temia ser expulso.

— Eu sinto muito informar que... ela estava grávida, de poucas semanas, e o feto não resistiu. — O médico analisou as expressões de choque dos três. — A paciente poderá receber visitas em alguns minutos. Um de cada vez. Qualquer dúvida, a enfermeira responsável por ela pode ajudar.

Adrien desabou numa cadeira, segurando a cabeça entre as mãos. Aquilo devia ser um pesadelo! Como era possível? Eles tinham usado camisinha em (quase) todas as vezes! Ok, faziam sim algumas semanas que estavam transando, e Marinette podia estar se divertindo com outro (ou outra), o que seria perfeitamente normal... mas no fundo, mesmo que isso não fizesse o menor sentido, queria acreditar que o bebê perdido era dele. Sofrer em dobro? Talvez. Mas assim podia criar a ilusão de que ela só estava transando com ele ultimamente.

— Adrien...?

— Ela não sabia que estava grávida... se não teria me contado — disse o mais novo. — Ela não pode saber que perdeu esse bebê. Não pode!

— Mas um dia ela pode descobrir, não? — Bridgette mordeu os lábios, vendo o olhar assassino dele sobre si.

— Graças a você ela já vai ter muito o que enfrentar quando acordar. Eu vou pensar em como dizer na hora certa.

[...]

Assim que entrou no quarto onde ela estava, Adrien sentiu o corpo perder forças. Estava ali por ela. Pra ser forte. Mas ver sua cabeça meio enfaixada, seu corpo delicado e franzino parecendo mais pequeno com alguns aparelhos conectados, além do tubo de respiração.

Ah, Marinette, daria qualquer coisa para que não estivesse aí.

Se sentou na poltrona do lado e segurou sua mão esquerda. O rosto sereno sugeria que estava em paz. Que estava apenas dormindo. Beijou o torso da sua mão e a colocou na própria bochecha.

Ele ia garantir que ia se recuperar. Ia garantir que Marinette ficasse bem e segura.

𝐴𝑙𝑚𝑜𝑠𝑡 ꪶꪮꪜꫀ ||MLB • AU|| ⚠️reescrevendo⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora