🕛🕛 TEMPOS DEPOIS
Mariana
Parece que foi ontem, mas já fazem mais quatro meses que eu não tenho uma notícia se quer do Felipe. Ele simplesmente evaporou.
Muita coisa aconteceu.
No início eu fiquei no apartamento da Anna os primeiros dias foi fácil camuflar a aflição, só que os dias se transformaram em semanas.
Raposa apareceu aqui algumas vezes para saber se eu precisava de alguma coisa e também para me entregar um chave de apartamento no Itaim Bibi. No começo não quis ir, chorei até me desidratar e a Anna esteve ao meu lado o tempo todo, até porque o Bruno proibiu ela de ir em Paraisópolis e ele também não está podendo se expor já que é notícia em todos os jornais que o Barão do tráfico está andando livremente no Brasil. Estavam passando umas fotos antigas dele, quem olha as fotos que a mídia mostra e ele agora não diz que é a mesma pessoa. Menos mal.
Em todo canto se noticiava, a associação dele com as FARC e outras organizações internacionais criminosas. Gente, meu marido não é assim. Ele é uma boa pessoa.
E também a Tayane foi presa, por associação ao tráfico. Segundo a polícia federal o apartamento dela e todos os bens foram adquiridos com dinheiro do tráfico. E ela usufruía, porque não trabalhava. Nem procurei saber no que deu.
Depois da Anna muito me convencer fomos conhecer o apartamento, era maravilhoso já estava decorado e como o Fê tem um bom gosto era claro, naquele dia não aguentei a emoção e desmaiei.
No meu apartamento eu não pude voltar, Anna que mais uma vez salvou minha vida e organizou a mudança pra nova casa. Não suportei permanecer na escola. Estava quase entrando em depressão.
Logo em seguida veio a notícia que me desestabilizou. Eu estava grávida.
Não contei a ninguém, estava de dois meses e três semanas. Até hoje não contei pra ninguém.
Estou insistindo para que o Raposa me passe pelo menos um celular na esperança de eu ser a primeira a falar com ele.
Pedi pra Anna não comentar nada com o Bruno a respeito. Quero ser eu a dar a notícia.
...
Estava no shopping Iguatemi distraindo a mente e comprando o enxoval do meu baby que não sei ainda o que é, agora nesses quatro meses e uma semana a minha barriga já está grandinha, todos que me olham já podem me considerar uma grávida.
Eu fiz besteira em sair da escola e agora não consigo arrumar um emprego, mas o Felipe não me deixou desprotegida. Veio um advogado e me passou um América Express Black, cartão de débito e crédito, falou que eu poderia usar a vontade, que a fatura seria paga.
Estou poupando o máximo possível, não quero que o que aconteceu com a Tayane aconteça comigo. Deus me livre, tenho um filho pra criar.
Ainda não contei pros meus pais sobre a gravidez.
Estou tentando levar a vida normalmente, mas é difícil quando chega a noite e lembro que não tenho notícias dele.
Estava fechando a compra quando meu celular toca, era a Anna.
Anna: Amiga, onde você está?
_ No shopping.
Anna: Me espera na entrada e vamos juntas a consulta.
_ Tá ok estou te esperando próximo a banca de revistas no ponto de ônibus.
Anna: Cheiros, cuida bem do meu neném.
Hoje eu tinha uma consulta marcada para saber o sexo do bebê. Íamos no Einstein, já que a Anna insiste em fazer tudo do melhor. Ela falou que pro afilhado dela não ia ter miséria, inclusive o quarto ela quem está decorando.
...
Estávamos na sala de ultrassom com uma doutora muito simpática a qual eu venho fazendo o pré natal, ela passou o gel na minha barriga e colocou o aparelho.
DRT.: Tem alguma escolha?
_ Não, vindo com saúde, pra mim é o que importa.
Anna: Eu quero que venha três pepecas, precisamos deixar o Dindo e o papai loucos.
A doutora riu, é o Bruno vai ser padrinho junto com ela.
DRT.: Bom, não tem três pepecas, mas temos dois piupiu.
_ O quê? Como assim?
Me levantei espantada.
DRT.: Calma mamãe assim você pode assustar os bebês. Veja aqui.- ela aproximou a tela preta cheia de chuviscos. - É um bebê, e aqui, está o outro. São dois meninos.
Anna: Ahhhhhhh! Eu não acredito, eu vou ser dinda dos dois, e nem adianta achar terceiros.
Ela pulou animada e me ameaçou logos em seguida, enquanto eu permanecia em choque.
Saimos do hospital e fomos no shopping Morumbi que era o mais próximo e Anna fez questão de comprar as primeiras roupas azuis para os meus bebês. A ficha ainda não caiu, a minha barriga realmente está pontuda para os quatro meses, mas não aparenta ser de gêmeos.
Será que é porque tenho me alimentado mal? Aí meu Deus, eu sou uma pessima mãe.
Comecei a chorar no meio da loja, e logo uma atendente veio com uma cadeira e outra com um copo de água.
A Anna de abaixou perto de mim.
Anna: Amiga o que foi? Me conta o que você está sentindo.
Xxx: Fica calma senhora, pode ser prejudicial ao bebê.
Quando ouvi isso foi aí que chorei.
_ Sou uma pessima mãe!
Falei e chorei mais. Com certeza são os hormônios da gravidez, eu só não conseguia parar.
Anna: Amiga nossos baby's ainda não nasceu, mas você será sim uma boa mãe.
_ Anna, olha minha barriga, é pequena demais pra gêmeos, não tô me alimentando direito, sou uma inrresponsavel.
A Anna teve uma crise de risos enquanto eu continuava a chorar.
Que amiga ingrata.
Anna: Sua tonta, você me assustou por causa disso?- pergunta rindo.- Se o problema e comida, vamos comer. Só vamos fechar as compras.
Sorri limpando as lágrimas.
_ Vamos, perdão moça.
Disse limpando minhas lágrimas que secaram e agradecendo a atendente que não saiu do meu lado.
Xxx: É normal, são os hormônios da gravidez.
Pegamos as sacolas e fomos direto no McDonald's, precisava comer por três agora, então, três lanches. Anna ficou incrédula até eu dizer que precisava alimentar meus pingos, aí ela me ofereceu até mais.
Estava satisfeita.
Que dia, realmente essa gravidez tem mexido com meu emocional, eu tenho chorado com mais intensidade do que o necessário.
Anna estacionou na garagem do meu prédio que mais parecia uma fortaleza.
Subimos rindo do acontecido na loja e eu reconheci que paguei um mico e tanto.
Ao abrir a porta meu sorriso morreu.
O motivo da minha tristeza, do meu choro insessante, da minha angústia estava parado no meio da sala.
_ Amor?
Ele me olhou com um olhar indecifrável, queria entender.
Felipe: Então é verdade? Tu tá grávida?
Alisei minha barriga pra que a bata que usava marcasse mais a onda que se formava em meu corpo.
_ Sim.
Sorri amplamente pra ele de todo meu coração.
Ele só fez um gesto negativo e quando eu achei que ele fosse me abraçar, ele passou direto e bateu a porta.
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AMOR INCONDICIONAL
RomanceAté onde você é capaz de suportar por amor? Até onde você é capaz de ir para proteger quem você ama