17°

6.2K 576 30
                                    

MARIANA


Minha mãe conversou comigo e me ajudou a compreender a situação.

E ela tem toda razão. O que adianta pensar com o coração agora, se mais pra frente quem vai sofrer sou eu?

Ela sabia quais as palavras usar, era uma mulher sabia, sempre foi meu exemplo.

Infelizmente alguns passos seus eu não pude seguir, porque meu coração decidiu pensar por si mesmo.

Depois de me consolar ela me levou para fora do quarto. Encontrei meu pai na cozinha com meu irmão fazendo algo que estava muito cheiroso. Strogonoff de Camarão!

Fizemos o jantar em família, como antes. Eu precisava disso. Relaxei como anos atrás quando nos reuníamos para cozinhar e não precisa ser uma data específica, era algo que nos unia e nos fazia bem. Minha mãe não comentou mais nada sobre o assunto e meu pai sempre tão discreto também não procurou saber.

Sei que ela ficou triste com a situação.

Era tarde quando fomos dormir.

Estava forrando o colchão no meu antigo quarto quando meu pai entra com o celular na mão.

Mário: Sua amiga, filha. Ela parece bem preocupada.

_ Obrigada pai.

Mário: Está tudo bem? - Tentou insistir no assunto.

_ Sim, não se preocupa.

Esperei ele sair do quarto para então falar com a Anna.

_Irmã.

Anna: Você tá doida? Como você faz isso?

_ Eu precisava respirar Anna.

Anna: E para você respirar precisava nos matar de preocupação? Você tem noção do que está acontecendo aqui? De como Barão está?

_ Eu não quero saber. Vim pra cá, justamente para me afastar dele.

Anna: Irmã, o Barão pegou o cara que te deixou sair. Tá morto.

Ah, meu Deus, ela me conta como se isso fosse uma coisa natural. Não acredito que ele fez isso? Ele era pior do que eu pensava.

Anna: Amiga ele está doido atrás de você. Tentou rastrear o seu celular e nada. Foi na escola, no seu apartamento. Já bateu na minha porta como seu eu fosse a culpada por te esconder. Só não me bateu para tirar informação porque o Bruno entrou no meio.

_ Anna, não sei o que fazer. Quero me desligar dele, eu não quero mais ficar no meio dessa situação. A única que vai se dar mal em toda essa história sou eu e ninguém mais.

Anna: Liga para ele, explica a situação. Pede para respeitar e que depois vocês conversam. Se não ele vai acabar matando um monte de gente aqui, inclusive eu.

_ Tá, vou pensar.

Desliguei o celular e fui entregar para meu pai, aproveitei para dar boa noite e em seguida voltei para o meu quarto, fiquei pensando se ligava ou não. Por fim liguei meu telefone e disquei seu número.

Chamou quarto vezes antes de atender.

Xxx: Alô?

_ Biano?

Biano: Porra Mariana, tá querendo fuder a minha tropa caralho?

_ Só liguei para falar que estou bem, não precisa me procurar. Quando for o tempo eu volto.

Biano: Tá querendo me levar de ralo? Vai falar com o Barão. Espera aí que tô levando o celular pra ele.

Aguardei enquanto ouvia passos no telefone. Estava subindo escadas e de repente o celular ficou mudo, afastei o aparelho do ouvido para ver se tinha a sorte da chamada cair, mas não, ela continuava lá e meu nervosismo aumentando.

Então a sua voz grossa, porém cansada surgiu na linha.

Felipe: Minha morena? Porra amor! Onde você tá sua filha da puta?

_ Barão, eu preciso desse tempo, quando eu voltar... quando eu voltar nós conversamos. Preciso respirar.

Felipe: Não tava respirando perto de mim? Teu lugar é aqui comigo Mari, papo torto é esse? Fala onde cê tá que vou te buscar!

_ Não, não quero ir.

Felipe: Porra Mariana. Não faz eu ir atrás de você, porque já tô bolado. Vou te machucar!

_ Só quero que você me respeite!

Felipe: Respeitar é o caralho! Minha mulher tem que ficar do meu lado.

Xxx: "Preto, volta pra cama"

Eu ouvi aquilo e foi como uma facada em meu coração! Logo em seguida ouvi a voz dele gritar com fúria.

Felipe: Cala a boca vagabunda!

Ouvi o som de um impacto parecia soco, seguido de um grito de mulher.

Não suportei mais e desliguei.

Ele estava com outra enquanto tentava me trazer de volta. Que ódio!

Era a vida esfregando a verdade em meu rosto, eu era a amante hoje e se um dia ele pensasse em me assumir, com certeza ele arrumaria uma outra.


AMOR INCONDICIONALOnde histórias criam vida. Descubra agora