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_ Vamos de carro, deixa a moto que alguém leva depois.

Estávamos já alcançando o portão quando o Bruno me para.

Bruno: Tá indo onde?

_ Pra casa, não vou conversar com meus filhos aqui.

Bruno: Jaé, vou passar a visão.

...

Chegamos em casa e eu me joguei no sofá. E agora, como vou falar pros meus filhos que o pai morto tá vivo e que é um filho da puta!

Eles estavam me olhando.

_ Sentem que o assunto é muito delicado.

Samuel: Tá assustando mãe.

_ Lembra que eu disse que o pai de vocês era o Barão, Felipe?

Pedro: O mais pica de todos.

_ Filho?

Mesmo sem conhecer Pedro idolatrava o pai de uma maneira surreal.

Pedro: Perdão mãe.

_ Aconteceu alguns problemas. Por causa do trabalho dele, lembra que contamos que ele foi morto numa emboscada enquanto vocês estavam na minha barriga. Ele sofreu essa emboscada, mas não morreu, ele está vivo.

Samuel:Vivo

Pedro: Como assim vivo?

_ Vivo, ele teve que se manter afastado por problemas do trabalho da família meus amores, e ele não podia aparecer pra nós, eu acabei de descobrir sobre tudo isso. Ainda é tudo muito recente para nós então ninguém pode saber que ele está vivo. Continua sendo segredo.

Pedro: Onde ele tá?

Ouvimos um som de carro entrando na garagem.

Eles se levantaram e viraram pra porta esperando ansiosos quem estava chegando.

Ele entrou logo seguido do Bruno.

Os meninos não se mecheram. Ele também ficou parado.

Felipe: Porra, são idênticos.

Bruno: Bora cadê a educação que eu dei pra vocês? É o pai de vocês caralho.

Os meninos foram até ele sem dizer uma palavra.

Pedro foi o primeiro a se pronunciar indo até ele e dando um abraço.

Pedro: Pai.

Felipe: Sou eu filho. Vocês não sabem o quanto eu quis fazer isso. Abraçar vocês.

Samuel: Então porque não veio antes?

Felipe: Igualzinho a tua mãe, porra! Vem cá me dá um abraço.

Eles se abraçaram e ficaram na sala conversando. Esse momento não era meu. Era deles, e não queria atrapalhar.

Subi pro meu quarto e fui tomar um banho. Que felicidade meu coração se encontra. E ao mesmo tempo que tristeza.

Respeitei a morte dele, por amor, por não querer apagar o toque dele em meu corpo e ele se divertindo com outras.

Voltei pro quarto e me troquei, coloquei um short de pano mole e uma blusa de manga e minhas meias. Desci e notei vozes animadas vindo da sala. Principalmente a de Pedro que já era a cópia fiel do pai sem ele estar aqui, agora não quero nem ver.

Fui até a cozinha e retirei batata do freezer, coloquei o óleo pra esquentar. Vou fazer uma batata frita pra eles porque é certeza que o assunto vai longe.

Estava forrando uma travessa com papel sugar quando o Bruno entrou.

Bruno: Cunhada, vou indo.

_ Tá certo. O Felipe vai com você?

Bruno: Não, o mano tá em casa. Ele não pode dar muita bandeira no morro até o Biano colar.

_ Ok, e Bruno? Para de me chamar de cunhada.

Bruno: Paro não, briga de casal daqui a pouco resolve.

_ Será?

Bruno: Vou indo, qualquer fita liga lá.

_ Boa noite e obrigada por tudo. Por ser esse irmão e cumpadre que você é.

Bruno: Por nada.

Ele saiu sorrindo.

Coloquei as batatas pra fritar e sai correndo.

Que ódio! Vou ficar com cheiro de gordura.

Os meninos vieram para a cozinha com o pai.

Felipe: Qual foi do Digato sair sorrindo da cozinha? Tá dando ousadia pro mano?

_ Me poupe Felipe, sou solteira.

Pedro: E aí mãe? Ontem tava dizendo que sentia saudades do pai e hoje tá com essas conversas?

_ Me poupe você também Pedro. Agora não bastasse um, tenho dois. Você também Samuel?

Samuel: Falo nada mãe, só acho que a senhora deve respeito né? Pai tá aqui fica de dois papo.

_ Ahhh, meu Jesus! Toma aqui ó, fiz batata. Comam.

Coloquei guaraná na mesa e a fanta laranja do Pedro.

Se serviram e foi quase o pacote todo de batata.

Depois de deixar tudo organizado dei boa noite pros meus bebês e fui até meu quarto, separei lençol de cama e algumas cobertas pra arrumar o sofá pra Felipe quando estava recolhendo pra descer ele apareceu.

Felipe: Vai pra onde com isso?

_ Vou arrumar o sofá pra você.

Felipe: Porra morena, tô velho já. Vai me fazer dormir no sofá?

_ Quis ficar não foi? Então é o sofá ou procura teu rumo.

Felipe: Fiquei todo felizão, quando te vi. Queria passar a noite te curtindo como antes.

_ As coisas mudaram. Mudaram a partir do momento em que só eu participo do relacionamento.

Felipe: Eu também participo.

_ Me traindo? Comendo outras? Se você quer relacionamento assim, tá bom então. Vamos ficar juntos, mas eu vou ficar com outros caras também.

Ele veio até a mim com fúria nos olhos, segurou firme meu cabelo e meu braço.

Felipe: Vai filha da puta, testa minha fé. Vai ficar com outro o caralho. Mato ele e depois te dou uma surra pra ficar esperta!

_ Você não é doido de encostar a mão em mim.

Felipe: Te amo Mari, mas se te pegar na vacilação eu mato, tá ouvindo porra?

_ Me larga, vou dormir.

Felipe: Deixa eu dormir aqui morena. Eu não te toco se tu não quiser.

Me deu um beijo seguido de um chupão no pescoço.

_ Sai Felipe. - me afastei dele. - Se você encostar em mim, nunca mais falo com você.

Felipe: Tá bom, vou tomar um banho.

_Suas coisas continuam no mesmo lugar.

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