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O bar até que era gostosinho, não era como os que estava acostumada a frequentar lá do centro, mas era agradável. Estava bem mais animado, as pessoas aqui falavam alto e cantavam de uma maneira empolgada. Tinha umas garotas também que meu pai.

Não é por nada não, não me tirem por patricinha ou nojenta, sou pobre de família simples e do interior litorâneo, mas minha mãe sempre me educou que mulher tem que ter modos e que deve se portar como tal.

"Deixa tua mãe saber o que você fez com o Felipe."

Olha meu subconsciente me acusando. Mas a questão é, a mulher pode se portar como vulgar do jeito que for com seu marido ou namorado entre quatro paredes, agora na rua? Na rua é uma lady e toda trabalhada na postura.

Nunca fui de brigar para que as pessoas pudessem testemunhar, nunca fui de discutir na rua, o que tiver que resolver, resolvo em casa, até porque sou pacifica demais para arrumar confusão, e acho que todo esse alvoroço aqui não é nada que eu esteja acostumada. Tanto que a minha amiga me encarou, ela me conhece sabe como sou.

Bruno nos levou para um canto onde já tinha bebida a vontade, cerveja, Red Label, gelo de coco, Grey Goose, tinha até o Cuervo. Ri de desespero porque toda essa combinação e Anna não daria bom resultado. Como amanhã é meu primeiro dia de trabalho não quero passar a impressão de irresponsável, então fiz um copo de vodca com suco de manga bem fraco só para não ficar sem graça aqui com todos e decidi que seguraria ele até o final da noite.

O pagode cada vez mais enchendo e ao nosso redor, onde estávamos com Bruno e alguns homens aparecia umas meninas meio estranhas, que achava que estava parando o mundo. Parou um grupinho de cinco bem na frente de onde estávamos cheias de risinho para o Bruno. Se eu que sou lerda para essas coisas percebi, imagina Anna que é toda sagaz? Ela fechou a cara e saiu do meu lado para ir abraça-lo, e de pirraça já deu um beijão.

Minha amiga é fogo!

Fiquei lá curtido sozinha, já que fui abandonada pelo casalzão ali. Cheguei a arriscar uns passinhos quando senti uma mão na minha cintura, o frio na barriga e a esperança no coração foi inevitável... E a decepção também.

Xxx : Tá sozinha princesa?

_ Nesse momento estou, minha amiga me abandonou. - Sorri simpática.

Xxx: Prazer Renato, Renatinho ao seu dispor. - Me cumprimentou com um beijo no rosto.

_ Mariana, mas pode me chamar de Mari.

Renatinho: Bora dançar?

Assenti e ele me levou para o meio da rua que era a pista adaptada. Ele me rodava me fazendo rir e eu não me continha. Meu acompanhante sabia conduzir a dança.

A música parou e chegou um cara perto dele e falou algo em seu ouvido que o deixou espantado. Logo em seguida ele me falou que tinha que sair, não entendi, mas tudo bem. Voltei alegre para o meu lugar porque havia me descontraído.

Bruno: Se liga hein, o irmão não tá aqui, mas eu tô!

_ Não entendi!? - Perguntei confusa, pelo seu tom de voz muito rude.

Até então não havia feito nada demais, minha consciência estava tranquila e que eu me lembre não tenho compromisso com ninguém.

Bruno: Tá no nome do Barão e fica se engraçando pros cara.

_ Estou no nome de quem? E quem disse que estava me engraçando " pros caras"? Foi só uma dança.

Bruno: Suave, fica ai. Curte aqui de perto!

_ Não, já vou indo, não quero estragar a noite de ninguém.

Falei decidida, se o álcool queria fazer algum efeito no meu organismo, foi cortado naquele momento.

Anna: Amiga?

Ela estava do lado dele?

_ Não Anna, já deu para mim e amanhã temos que trabalhar. Se você quiser pode ficar que eu vou de ônibus ou de trem.

Anna: Fica mais um pouco, aí vamos juntas.

_ Eu vou indo! - falei decidida e ela entendeu.

Quem esse cara pensa que é para me repreender assim na frente de outras pessoas, a namorada dele é outra. E eu estou no nome do Barão, quem é Barão? Povo cheio do não me toque! Euein!

Só sinto pela minha amiga, tadinha, estraguei a noite dela.

Ficamos em silêncio uma boa parte do caminho, até ela se pronunciar.

Anna: Ele que toma conta da favela.

_ Quê?

Anna: O disciplina, o frente, o gerente geral como queira chamar, ele me falou o que ele é, só que eu me esqueci. O Bruno é o que cuida daquela favela.

Aí meu pai! Olha o que essa menina me fez. Eu acabei de afrontar um traficante e ela só me diz agora.

Anna: Amiga, diz alguma coisa!

_ Eu... Eu... Anna... Desde quando você sabia?

Anna: Desde a primeira noite que nos vimos, quando estávamos indo para o meu apartamento apareceu uma viatura e ele me pediu para despistar. Ele se fingiu de bêbado e eu tive que soltar a minha lábia para que o policial pudesse nos libertar. Bruno ficou louco de ciúmes, depois que consegui acamá-lo ele me contou tudo, me disse quem ele era.

_ Mas não parece!

Anna: Não, realmente.

_ Não sei o que dizer.

Anna: Eu tô muito feliz do lado dele.

_ Amiga...

Olhei para ela e queria abraçá-la, mas não dava por causa da direção.

_ Jamais vou te abandonar, e aí dele se te fizer sofrer. Ele sabe manusear uma arma e eu sei manusear uma chapinha e água quente.

Rimos juntas, eu de muito nervoso por toda a situação.

Outro dia estávamos conversando sobre questões de mulheres malucas e surgiu essa da chapinha, pau na chapa e limpeza de ouvido com água quente!

Era uma situação complicada, mas éramos parceiras, amigas, aliadas e sei que jamais a abandonaria independente da situação, então não criei tanto caso, a conheço o suficiente para saber que se ela quisesse, levaria esse caso a diante e se não, acabaria antes mesmo que eu pudesse me importar. Por fim, ela me deixou em casa e antes de partir dei um abraço apertado nela e falei que a amava.


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