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10 ANOS DEPOIS

MARIANA.

Eu ainda estou de pé.

Muita coisa aconteceu sem o meu amor aqui.

Sofri pra caralho, só que hoje não há quem me derrube. Estou debaixo da sombra de Deus.

Tanta coisa pra contar, mas hoje é dia de relembrar, de reviver meu luto.

Dia em que as pessoas sabem que eu vivo pra minha dor eterna.

...

No dia em que recebi a notícia da morte do Felipe, eu passei mal. Fiquei internada no hospital e não pude ir no velório simbólico. Porque o corpo que entregaram não se parecia em nada com ele em vida.

Não podia estar acordada, porque quando acontecia me via chorando e entrando em desespero. Os médicos me sedavam.

Quando passou 7 dias que eu já estava aparentemente calma me deram alta.

A notícia da morte dele teve proporção mundial. Nas redes de televisão não se falava em outra coisa. Até o que não competia ao Felipe eles colocaram nas costas dele.

Teve rebelião em várias cidades do Brasil. Os irmãos fizeram a cidade de São Paulo um verdadeiro caos. As cidades do nordeste também não ficou atrás.

Nunca vi o meu país do jeito que ficou.

Foi necessário atitudes extremas para acalmar.

E foi através dessa notícia que minha mãe soube quem era meu homem. Ela não virou as costas pra mim ao contrário do meu pai que sim. Ela veio até a capital e ficou comigo até o final da gravidez, onde nem Anna nem Adriana me abandonou.

Bruno me amparou também. Cuidou de mim e me protegeu como se fosse o próprio Felipe.

Mesmo me sentindo amada e cuidada por todos ao meu redor não evitou que eu entrasse em depressão.

Precisei de muito acompanhamento médico para sair dessa situação.

As organizações que ele participava vieram até mim pouco antes dos meninos nascerem. Me passou os valores que eram do Felipe e Bruno também disse que eu iria receber uma pensão por causa dos meus filhos e pelo que eu representava pro Felipe.

Biano desapareceu, Nem Adriana achou ele. Fiquei muito triste. Se foi ele que fez essa trairagem com Felipe... Não quero nem pensar.

Meus bebês nasceram, Samuel e Pedro, e apesar de serem lindos eu os rejeitei.

Não tive vontade de amamentar, nem de segura-los no colo.

Eu só queria o meu amor. Só queria ele perto de mim. Só que isso não iria acontecer.

Assim aconteceu por três meses. Lembro que foi num dia em que o Samuel teve uma bronquite forte que a Anna me chacoalhou. Segurou firme em meus braços e me deu um tapa no rosto. E me pediu para tomar atitude de mulher, porque havia duas vidas que dependia de mim. E a coisa mais dura que ela me perguntou foi: " Você quer matar seus filhos?"

E bastou para eu fingir pras pessoas que me reergui.

Cuidei do Samuca, meu lindo, e então peguei amor por eles. Foquei em ser mãe o que me consumia grande parte do meu tempo.

...

O tempo passou, mas a data da morte do Felipe nunca passava em meu coração

Eu o amei e ainda o amo.

E por mais que o tempo tenha passado ainda permanece aqui.

Quando os gêmeos completaram dois anos eu voltei aos trabalhos. Não pra escola.

AMOR INCONDICIONALOnde histórias criam vida. Descubra agora