|| SEBASTIAN ||
ACENDO O SEGUNDO cigarro e me recosto na cadeira do meu escritório exausto por não conseguir mais pistas de quem está por trás do sumiço da Stacy e a onde ela está. Essas últimas semanas tem sido um inferno, o meu peito parece que vai rasgar de tanta dor a cada dia que passa e eu não consigo traze-la de volta pra mim. Eu me sinto um merda por ter falhado com a minha irmã mais nova, se eu tivesse protegido-a mais nada disso teria acontecido. Eu deveria ter tirado ela daquela casa a meses mas ela sempre amou muito os seus pais adotivos, pois eles deram tudo que os meus pais não puderam, amor e carinho. E ela teve tudo que eu não pude dar e de alguma forma eu sinto gratidão por eles terem escolhido ela naquele orfanato há 11 anos atrás.
Há um ano eu já havia proposto a Stacy colocar pelo menos dois dos meus homens na sua cola, que ficariam de olho nela de longe por causa dos seguranças dos pais adotivos e eu ficaria mais tranquilo, mas ela já se sentia muito sufocada por ser "filha" do governador de Toronto e ter tantos homens atrás dela, então eu descartei a ideia.
Um erro enorme.
Jamais vou me perdoar por isso.
Já passamos por muitas coisas juntos mas a pior foi quando nossos pais morreram no naufrágio de um cruzeiro. Era a segunda lua de mel deles, estavam tão empolgados... E lembro como se fosse hoje o quão horrível foi saber da notícia que parou o país e abriu o meu chão. Stacy já estava dormindo e eu estava na sala assistindo um filme qualquer quando o anuncio foi dado, foi um desespero terrível pois eu tinha apenas 16 anos, não tinha meus pais e não havia ninguém além dos vizinhos para nos consolar. Passei a noite em claro chorando, revoltado, perguntando pra Deus por que havia acontecido aquilo com meus pais... Eles não mereciam. Procurei um jeito menos pior de contar para a minha irmã o que havia acontecido, e essa foi a pior parte.
Um nó subia em minha garganta toda vez que eu tentava lhe dizer o que havia acontecido, na época ela tinha apenas 4 anos e foi a pior conversa da minha vida. Dormimos agarrados um ao outro para tentar amenizar a dor que parecia me afundar a cada respirar. Stacy passou metade da noite chorando e eu precisava ser forte pois era o irmão mais velho e agora responsável por ela. Quando eu fechei meus olhos por alguns segundos, acordei com o grito da minha irmã tendo um pesadelo com nosso pais. Eu prometi que ficaria tudo bem e que agora seria apenas nós dois.
Eu sabia que iriamos acabar em um abrigo por que não tínhamos parentes vivos e eu ainda era menor de idade, não tinha um emprego fixo e nem uma renda estável. Então fomos levado ao orfanato Children's House, não era tão ruim assim mas eu não queria que a minha irmã mais nova tivesse uma infância infeliz sem os pais, mas eu não consegui fazer nada que mudasse aquilo, apenas prometia a ela todos os dias em que acordava que iriamos sair dali logo logo e seriamos felizes na nossa casa. Quando eu fiz 17 anos eu não aguentava mais ver a minha irmã afastada nos cantos daquele casarão, as vezes chorando e eu sabia que eu tinha que fazer algo para vê-la feliz. Resolvi fugir daquele lugar e prometi a ela que voltaria para busca-la assim que eu conseguisse a posse de nossa casa e um emprego, mas meus planos não foram como o esperado. A nossa casa tinha sido vendida e o dinheiro foi depositado nas nossas contas do banco e só iriamos conseguir retirar com a maior idade.
Infelizmente eu tive que morar na rua por alguns meses e senti na pele o que é a miséria. Eu não dormia direito com medo de ser roubado o pouco que tinha e fui expulso de muitos lugares no qual eu tentava um emprego pela minha aparência... Eu era um homem destruído, que não tinha o que comer, onde morar e também não podia ver a minha querida irmãzinha. Eu já havia desistido de viver.
Mas em uma noite isso mudou.
Eu estava revirando o lixo de um restaurante no centro da cidade quando um homem de meia idade bem vestido e mal encarado me ofereceu um emprego. Ele prometeu que eu iria conseguir dinheiro rápido em pouco tempo, que eu poderia ter uma vida de bacana e eu não pensei duas vezes ao aceitar o emprego mesmo desconfiando do que seria. Ele me levou pra sua casa, me deu roupas novas, um quarto, comida e explicou o que exatamente ele tinha em mente pra mim. De primeira fiquei assustado mas ao comparar o que eu já havia vivido morando na rua, aquilo não seria nada.
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Desejo Perigoso
RomanceEle voltou. Mais intenso. E mais quente do que nunca. Cassie é uma detetive particular que tem uma vida solitária e está sempre agarrada a uma garrafa de whisky ou bourbon. Por trás do seu jeito de durona, esconde um passado obscuro que vive lha ato...