CAPÍTULO 29 - TEXAS

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||CASSIE||


Dois dias antes...

ACORDO SENTINDO MINHA cabeça pesar de tanta dor, coloco a mão sobre ela antes me sentar na cama. Faço uma careta ao sentir o gosto amargo da bela ressaca que enfrentarei pelas próximas 24h. Puxo nas minhas memórias lembranças do dia anterior e de como eu cheguei em casa mas antes que eu force minha cabeça para lembrar Louise entra no quarto com um copo de suco e uma aspirina na mão.

- Bom dia Srta. Ressaca.

Fecho os olhos e pressiono minha testa com os dedos na intenção de amenizar a dor, mas é em vão.

- Péssimo dia.

Pego o copo de suas mãos e a aspirina, bebo de uma vez enquanto Lou senta na ponta da cama me olhando com uma cara de poucos amigos.

- Antes que você comece o seu esporro matutino, eu peço que tenha piedade da minha cabeça que está explodindo de dor.

- A culpa da dor é sua, consequência de uma noite de bebedeira. Vem cá você tem quantos anos mesmo? 15? Ah não é 26, mas a atitude que teve parece de uma adolescente inconsequente. – reviro os olhos.

- Ah por favor, sem sermão Louise.

- Pensasse nisso antes de beber como se não houvesse amanhã.

- Tá, eu agi como uma idiota. Já aceitei isso.

- Idiota e inconsequente, se eu não te ligasse o que você faria? Iria voltar para casa de moto e acabar se matando? – arregalo os olhos.

- Puta merda, minha moto.

- Eu já fui buscar, não se preocupe. A questão aqui é: Beber por causa da porra de um homem?

Respiro fundo e passo as mãos pelos cabelos desgrenhados.

- Vamos pular essa parte?

- Não! – me encara e mexe as mãos – Você conseguiu ser mais babaca que ele Cassie, você sabia muito bem que o último lugar que deveria ir era para um bar.

- Ah como eu fui idiota em acreditar no papo dele? – reviro os olhos.

A dor que senti em vê-lo com outra depois de dias me evitando me magoou de mais, mais do que deveria.

Louise vira o rosto e da de ombros.

- Ontem ele pareceu bem sincero.

- Ontem? – estreito meus olhos e meu coração acelera – Ele esteve aqui?

- Sim, faltou fazer um escândalo para te ver. – bufa.

Meu Deus.

- Co-como assim, me conta o que rolou.

– Eu joguei umas verdades na cara dele, ele merecia. – arregalo meus olhos e puxo seu ombro para se virar pra mim.

- Que porra você disse?

- Ah nada de mais, só falei que tudo que estava rolando era culpa dele. Por ter te ignorado por dias e aparecer com outra.

- O QUE? – grito – Você disse que vi ele com outra? Que eu estava bebendo por causa dele? Enlouqueceu Louise?

- Ué? E não é verdade?

Me jogo na cama bufando, passo as mãos pelo rosto e respiro fundo sem acredita que ela disse isso a ele.

Louise, por que você fez isso?

- Que merda Louise, agora ele sabe que eu fiquei na merda por causa dele. Urg.

- Se serve de consolo ele também estava na merda, na verdade ele segurou o choro para não desabar na minha frente.

Descubro meu rosto e volto a me sentar na cama curiosa com que acabou de dizer.

- Sério?

- Sim, depois que eu expulsei ele daqui, socou a janela do próprio carro. Foi um pouco assustador mas eu entendi, ele estava com raiva de si mesmo pelo que causou a você.

Engulo seco sentindo uma pontada de dor ao ouvir isso mas logo descarto pelo mal que ele me causou nos últimos dias.

- Ah, ele me disse que não tinha nada com a mulher que você viu com ele, que você entendeu tudo errado, e realmente ele não parecia estar mentindo. - abaixo o olhar lembrando da cena.

A incerteza ainda é grande pelos danos causados por ele. Não é tão fácil aceitar o que ele disse, pode ser da boca pra fora.

- Que seja... – dou de ombros – Ele preferiu se afastar ao me escutar, isso não se faz dentro de uma relação.

- É, ele vacilou mas antes de ir embora disse que sente muito, que a última coisa que ele queria era magoa-la.

Meu coração acelera mais uma vez.

Urg, coração idiota.

- Ele me magoou amiga e você sabe que o meu maior medo era de me machucar ao deixar ele entrar dentro do meu coração, e foi o que ele fez. – digo baixo segurando as lágrimas e Louise me abraça.

- Ah Cass, não fica assim... Vocês deveriam sentar e conversar. – nego com a cabeça.

- Não, ele vai ter exatamente o que fez comigo, o desprezo e sei exatamente como deixar ele louco.

A proposta do governador.

- Cass, o que você irá fazer? – abro um meio sorriso.

- Nada que seja fora da lei, relaxa Louise.

Louise analisa meu semblante e da de ombros.

- Se é assim que você quer... Agora me tira uma dúvida, por que os seguranças dele estavam vigiando a sua casa? Ele trabalha com o que mesmo? É um milionário pra ter tantos seguranças?

Merda.

- Ahn... Ele é empresário, sempre andou com bastante seguranças. – Lou franze o cenho e sei que o que eu disse atiçou ainda mais a sua curiosidade.

- E você não acha isso muito estranho não? Deveria ter cortado isso no início da relação, parece muito controlador.

E ele é.

- Eu deixei por que ele achou muito perigoso eu ficar sozinha depois que rolou um assalto na casa da rua de baixo. – minto.

- Nossa, então é por isso que colocou alarme na casa?

- Sim. - respiro fundo - Agora podemos mudar de assunto? – me levanto da cama ainda sentindo minha cabeça pesar – Você fez o café? Estou morrendo de fome.

(...)

LOUISE PASSOU O DIA inteiro comigo, me distraindo e falando amenidades quando não tentava contar piadas sem graça. Sua intenção era me distrair e ela conseguiu, não pensei no que havia acontecido e nem nele em momento algum e agradeço muito a minha amiga por ter feito essa gentileza. Louise é tudo pra mim, faz parte da minha vida e da minha família. Esteve comigo nos piores momentos e me ajudou a reerguer a minha vida e o meu psicológico. Agora que Louise foi embora, posso dar continuidade a minha decisão. Pego meu celular e disco o número do governador, está decidido irei ao Texas ajudar na busca para achar Stacy.

- Srta. Joplin?

- Boa noite governador, desculpe ligar essa hora mas tenho um assunto pendente com o senhor.

- Sim, pode falar.

- Eu vou ao Texas junto com a equipe que o senhor recrutou, quero ajudar nas buscas com a minha experiência.

- Ah que ótimo, eu só estava esperando a sua posição. Vou ligar para o comandante Liam que é o responsável e organizar os ultimos detalhes e te ligo ainda hoje para explicar como irá funcionar.

- Ok, fico no aguardo. - desligo.

Enquanto espero o governador retornar, rou as unhas nervosa por saber que irei fazer parte de uma mega operação e que terei que trabalhar em equipe, coisa que eu não gosto. Enfio minha mão no pote de pipoca e encho a boca minha boca ansiosa. Quando me celular começa a tocar eu levo um susto quase caindo do sofá antes de antende-lo.

- Oi governador.

- Tudo certo Srta. Joplin, a viagem está prevista para amanhã. - arregalo os olhos.

- Já?

- Sim, algum problema?

Deus! Como irei organizar a minha mala em menos de 15h?

- Não, é que eu pensei que seria mais pra frente...

- Não podemos esperar mais. - diz com a voz embargada e depois pigarreia - Organize suas coisas e não se esqueça do passaporte. Ah, preciso lhe dizer algo importante, a partir de amanhã você será a policial Clare Sanders do FBI, a única pessoa que saberá a sua verdadeira identidade é o comandante Liam que comandará a operação. Tenho plena confiança nele e ele é a única pessoa que você poderá confiar. Liam já sabe que vocês dois trabalharam juntos e que você tem total liberdade para opinar.

- Tudo bem, sem problemas. Vocês tem uma estimativa de quantos dias ocorrerá a operação?

- Entre 4 a 5 dias, vocês precisam se alocar, estudar o mapa e o planejamento antes de implementar o plano.

- Entendido.

- Um carro irá passar na sua casa amanhã às 9h para lhe buscar.

- NÃO! É.. eu prefiro ir sozinha, não precisa se preocupar.

- Ta ok, te aguardo amanhã as 10h na sala de reunião do aeroporto.

- Combinado!

- Srta. Joplin, não esqueça que essa operação é de estrema confidencialidade, é muito importante o sigilo absoluto.

- Claro governador, pode contar com a minha descrição.

- Até amanhã. - desligo.

Respiro fundo tentando organizar a minha mente antes de pensar em organizar a minha mala. Estou completamente perdida, o que se veste em uma operação? Preciso pensar como uma policial mas é muito dificil. Espiono pela janela da sala e vejo que os dois brutamontes do Sebastian permanecem aqui, urg que saco. Terei que dar um jeito de sair sem eles verem novamente e agora eu não posso nem levar a minha moto.

A primeira coisa que eu faço e pegar a minha arma, depois corro para o meu quarto e retiro minha mala de cima do armário. Abro as portas do guarda roupa e analiso minhas roupas imaginando os dias que passarei no Texas. Não será nada fácil.

(...)

ENTRO NO UBER as pressas com medo que os seguranças de Sebastian descubram que eu estou na rua de baixo com uma mala enorme. Eu nem imagino o que Sebastian faria se soubesse que eu estou indo com o FBI e a CIA para o Texas, provavelmente impediria a qualquer custo de eu embarcar mas não é o que vai acontecer.

Desço do carro tentando me equilibrar nas botas de salto, escolhi uma calça jeans, camisa de manga longa e sobretudo preto, Toronto amanheceu muito frienta. Caminho pelo saguão e peço orientação a um dos seguranças do local a onde seria essa tal sala de reunião. Sigo as orientações e chego ao meu destino final, uma sala discreta e toda fechada em um dos corredores da lateral do aeroporto.

Respiro fundo encarnando a policial Clare e abro a porta de uma só vez. Um nervoso percorre em minhas veias ao ver tantos policias federais, FBI e CIA espalhados pelo lugar e o mais confuso é não saber quem é quem já que todos estão com roupas normais. O governador e sua mulher Trish estão em pé conversando com um homem alto que está de costas. A primeira dama sorrir disfarçadamente pra mim e retribuo. Sei que precisamos ser o mais profissional possível e eu não posso bobear com o meu disfarce.

Alguns olhares se voltam para mim enquanto caminho pela enorme sala puxando a minha mala, permaneço plena e de cabeça erguida até sentar em uma das poltronas na primeira fileira ficando ao lado de uma mulher negra linda.

- Olá. - ela puxa assunto e me viro com um sorriso.

- Oi.

- Meu nome é Valerie e o seu?

- Clare Sanders. - apertamos as mãos.

- Sou do 9° e você? - franzo o cenho.

- O que?

- Distrito.

- Ah! Eu sou no 6°. - digo o primeiro que vem na minha mente.

- Nossa, dizem que é o melhor. - dou de ombros.

- Não tenho o que reclamar. - sorrio.

- Em suas posições! - alguém grita com a voz firme.

Todos se levantam e olham para frente com as mãos juntas ao corpo, eu faço o mesmo esperando não ser desvendada por não saber fazer esse simples ato.

- Sou o comandante Liam e estarei de frente nessa operação.

Desvio meu olhar para encontrar o dono da voz imponente que ecoa sobre a sala e fico surpresa em encontrar um homem alto, forte, de barba rala e rosto fechado caminhando de um lado para o outro enquanto fala com sua equipe.

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