CAPÍTULO 21 - CIÚMES

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||SEBASTIAN||

IRRITADO COM A OUSADIA de Marie, grito o nome de Russel com a raiva estampada em minha voz, ele entra segundos depois receoso.

- Você enlouqueceu? Colocar a porra da Marie para cuidar de mim? Você viu de perto tudo que essa desgraçada causou na minha vida... Dê o se jeito e arrume um médico. - ele franze o cenho.

- Do que você está falando Galvani? Tem uma equipe a sua disposição, Marie inventou algo para te desestabilizar? - bufo.

- Filha da puta. Eu não quero essa mulher dentro da minha casa, entendeu?

- Sim, senhor. - passo as mãos pela barba.

- E assim que eu me sentir melhor voltamos para Toronto, a fábrica deve estar um caos e eu odeio não ter o controle das minhas coisas.

- Ok, eu ja me atualizei da situação e Tairus está comandando as fabricações e as entregas, o único problema é que uma das maquinas apresentou defeito na hora de imprimir as notas, o nosso técnico já consertou mas parece que ela precisa ficar mais dois dias parada para se realinhar e voltar a impressão normal.

- Merda... E as entregas? Estão no prazo? - coloco a mão sobre a minha cabeça enfaixada ao sentir uma pontada.

- Sim, não houve atrasos.

- Eu preciso voltar antes de quarta, tem uma entrega muito importante dos chineses que vai me render uma boa grana e preciso supervisionar isso de perto. Não pode haver erros.

- Pelo que a medica disse, ficando mais um dia em repouso e tomando os remédios necessários podemos voltar no domingo.

- Odeio remédios... Trás o meu cigarro, preciso fumar se não eu enlouqueço depois dessa merda toda. Outra coisa, Marie já estava na cidade? Ela voltou de vez?

- Sim, parece que a mãe adoeceu depois que o pai morreu e ela voltou para cuidar dela.

- Que porra... Eu quero ela longe daqui.

- Pode deixar, ah a detetive ligou.

Merda.

Pego meu celular em cima da cabeceira e vejo as milhares de chamadas perdidas, 90% são dela.

- Ela deve estar puta comigo... - Russel me olha com a testa franzida - Sem perguntas e trás e o meu cigarro.

Ele sai e penso em esperar ele trazer o meu cigarro para poder ligar para ela, eu sei que ele já está desconfiado do nosso "relacionamento" e dos meus sentimentos quando o assunto é ela. Antes dele voltar o celular toca novamente e abro um sorriso ao ver que é ela.

- Detetive?

- Porra o que houve? Como você está? Pelo menos tá vivo. Estou ligando a dois dias e ninguém me atende, só hoje mais cedo que o Russel atendeu mas não me disse nada. Pelo amor de Deus me diz o que está acontecendo? - ela puxa o ar por ter falado sem parar.

Que saudades dessa voz...

- Está tudo bem, se acalma Cassie. - seguro um sorriso do seu desespero.

- Eu odeio quando você não atende o celular.

- Eu amo quando você demonstra que se importa comigo. - ela fica alguns segundos em silêncio e depois pigarreia.

- Como que foi no Texas?

- Tivemos alguns problemas?

- Como assim Sebastian?

- Perdemos muitos homens e um dos capangas do Mascarenhas me acertou na cabeça quando eu me distrai ao ver Stacy... - digo abalado.

- Mais foi muito forte a panca... Pera ai, você viu a Stacy? - respiro fundo.

- Sim... Ela estava lá nas mãos daqueles merdas, sendo levada por eles e eu... Eu fui um merda e não pude fazer nada. Eu não consegui salvar minha própria irmã.

- Calma Sebastian, não fala assim. Você fez o possível...

Russel entra no quarto e ao me ver no telefone segura um sorriso, deixa meu cigarro e o isqueiro sobre a cabeceira e sai.

- Vamos conseguir tira-la de lá.

- Só de lembrar me da vontade de voltar no Texas e matar aquele desgraçado com as minhas próprias mãos.

- Ué? Você já voltou para Toronto?

- Não, eu estou em Colima no Mexico. Como aqui é divisa com Texas e eu não poderia ser internado lá por que havia a possibilidade de sermos atacados por Mascarenhas, meus homens me trouxeram pra cá.

- Hum.. E você volta quando?

- Não sei, os medicos falaram que eu preciso ficar em observação, então vou ficar aqui por mais alguns dias.

Ela fica em silêncio, parece pensativa.

- Tem certeza que está tudo bem? - sorrio adorando a sua preocupação comigo, quem diria?

- Sim detective.

- E essa cidade que você está é a onde você morava antigamente?

- Sim, eu tenho uma casa aqui.

- Nossa...

- Pode ficar tranquila, já já estarei de volta para você matar as saudades que está de mim.

- O que? Eu não estou com saudades de você... Urg eu odeio seu ego. - sorrio.

- Também adoro você detective... - silêncio - Aposto que está sorrindo e mordendo os lábios.

- Cala a boca Sebastian... - gargalho - Ah o governador foi solto graças a Deus.

- Obvio que ele não passaria nem dois dias na prisão, ele é o governador de Toronto.

- Soltaram ele porquê viram que ele era inocente e estavam cometendo uma injustiça. Não tinham provas concretas.

- Hum... - resolvo não prolongar sobre esse assunto - E sobre a foto que você achou da Stacy? Descobriu algo?

- Advinha quem revelou as fotos? Stuart. - franzo o cenho.

- O mesmo cara que mandou o e-mail para minha irmã?

- Sim, com certeza ele é um dos capangas do Mascarenhas.

- Vou descobrir com o meu infiltrado se tem algum Stuart no bando do Nunes.- ouço o barulho da sua campainha.

- Ah vou desligar, Louise deve ter chegado.

- Vão sair?

- Noite das meninas.

Fecho a cara não gostando nadinha disso, ouço ela abrir a porta e a amiga falar de fundo.

- Vamos logo, o táxi está nos esperando e o pessoal já chegou lá. - estreito meus olhos.

- Quem mais vai?

- Algumas amigas, preciso desligar...

E não escondo a irritação ao perguntar:

- Aquele lutadorzino de esquerda não está incluído nesse "amigas" não né? - sinto ela sorrir.

- Ciúmes?

- Precaução.

- Hum tá, respondendo a sua pergunta não, ele não vai estar. - fico mais aliviado - Se cuida e melhore logo, qualquer coisa me liga por favor, qualquer horário...

- Ok detetive, se comporte. - e então a amiga grita novamente.

- Eu vou cuidar dela tatuado, fica tranquilo.

- Tchau.

- Tchau detective.

Desligo a ligação mas a sensação de receio e preocupação não passa. Saber que ela está em um bar com as amigas não me deixa confortável e não é pelo fato dela estar lá e sim dos perigos em saber que ela vai beber e voltar sozinha. E eu não poder fazer nada quanto isso... Quer dizer, posso sim. Ligo para Taiurus e ele atende no segundo toque.

- Galvani? Como você está?

- Estou bem, eu quero que você mande um dos meus homens seguir a detetive, ela foi para algum bar no centro provavelmente. Peça que siga de longe, sem ela perceber.

- Mas chefe estamos em número reduzidos já que muitos estão ai com o senhor.

- Foda-se, mande um deles ir atrás dela e me manter atualizado. E só interrompe se ela estiver correndo perigo.

- Ok, pode deixar.

Desligo o celular e passo a mão na barba.

Essa mulher me enlouquece e isso me assusta.

||CASSIE||

Saturday, México.

AINDA ESTOU SEM ACREDITAR que eu escutei o conselho da Louise ontem a noite e que acabei de desembarcar no México.

Eu enlouqueci, não tem outro termo para o que eu estou fazendo nesse momento.

Sim, estou agindo por impulso e atropelando todas barreiras que construí nesses últimos anos mas porra... Quando o assunto é Sebastian eu não consigo raciocinar direito. O meu coração fala mais alto que a razão e isso me deixa bastante confusa e com medo.

Medo do que tudo isso pode acarretar futuramente. Medo de não saber lidar com os meus próprios sentimentos. Medo de me entregar completamente para ele e não receber na mesma intensidade.

Urg, isso é uma merda.
Uma merda muito fodida.

Eu jurei que não iria atrás dele novamente, que no dia que ele me ligou bêbado e eu fiquei mega preocupada seria a última vez. E cá estou eu, no meio do saguão do aeroporto de Guadalajara aguardando o próximo voo para Colima.

Deus, por quê eu bebi ontem a noite?

Estou aqui por conta das três doses de tequila e das duas pinas coladas que ingeri antes de Louise me convencer a comprar passagens para o México na intenção de visitar Sebastian depois de eu passar grande parte da noite falando sobre ele. Segundo ela, eu preciso assumir o que sinto e embarcar nessa paixão.

Porra, paixão? Acho que é muito cedo pra isso Cassie Joplin.

É, tem razão.

Outra questão que martela a minha cabeça é como irei encontrar a casa de Sebastian em Colima? Espero que a cidade seja pequena com pessoas simpáticas que conhecem todos os moradores. Eu nem sei o que eu faria se não o encontra-se.

Ué, é só você pegar suas trouxas e ir embora com rabinho entre as pernas.

Não, só se eu tiver a plena certeza que ele não está mais lá.

Por Deus, estou conversando comigo mesma enquanto me derreto esperando a chamada do meu voo. Esse país faz muito calor e esse ar do aeroporto não está dando vazão. Ainda bem que trouxe roupas mais frescas.

Pela graça do Senhor, meu voo é chamado e eu espero as indicações serem ditas em inglês para que eu possa embarcar. Estou fodida.

Como eu vou me comunicar com as pessoas em Colima? Eu não sei, espero que o Google tradutor me ajude.

Colima, yo me voy.

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NOTA DA CAAH: AHHH nossa detective chegou no México!! Será que teremos um embate? 🤔😏
#jaquero

Até o próximo.

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