||CASSIE||
ME APROXIMO DO CARRO com cautela e fazendo o mínimo de barulho possível. Olho por dentro dele procurando algo que me indique a onde seu dono pode está mas não encontro nada. Quando vou abrir o carro com o meu grampo, ouço passos atrás de mim. Me viro na mesma hora com a arma apontada e meu coração dispara em ver quem está aqui.
- Sebastian? - franzo o cenho - O que você está fazendo aqui?
Seu semblante que me diz que ele não está nada feliz em me ver aqui.
- Eu que te pergunto, o que você está fazendo aqui Cassie?
Abro e fecho a boca procurando uma desculpa para lhe dar mas sei que de qualquer maneira ele não vai cair no que eu disser. Três dos seus homens estão de costas vigiando o lugar enquanto iniciamos a nossa pequena discussão.
- Escuta...
Ele me interrompe.
- Você mentiu pra mim.
Ele está bravo, merda!
- Não adianta mentir, eu sei que está acontecendo algo de mim.
- Calma tá? Não é bem assim... - faço gesto com as mãos para ganhar tempo.
- Ah não? - ele altera a voz e passa as mãos nos cabelos.
Puta merda, ele está muito puto.
- Tá, eu menti.
Ele fecha a cara e trava o maxilar enquanto me encara, eu tento me aproximar mas ele se afasta.
Fodeu.
- Há dois dias atrás eu recebi uma carta anônima na minha casa, nela dizia que se eu não abandonasse o caso da Stacy eu e você acabaríamos mortos. - franze o cenho.
- Quem mandou essa carta?
- Eu acho que foi o mesmo cara que me seguiu nas docas, ele estava de capuz e tinha a mesma altura.
- E como ele sabe de mim?
- Provavelmente ele está me seguindo a dias e sabe que estamos juntos mas acho que não sabe que você é o irmão da Stacy.
- Como você sabe que é ele?
- Por que eu vi nas gravações das cameras de seguranças dos meus vizinhos, tenho certeza que é ele.
Sebastian anda de um lado para o outro preocupado.
- E por que você não me ligou assim que você recebeu a porra da carta?
- Por que eu não queria te sobrecarregar com mais coisas, e eu tenho capacidade suficiente para resolver isso sozinha. Sempre foi assim.
- Mais agora não é mais assim porra. - ele grita e seus olhos frustados encontram os meus - Você esqueceu da parte em que estamos juntos? Principalmente quando envolve o caso da minha irmã?
Consigo sentir através do seu olhar que isso o deixou bastante chateado, não era esse o meu intuíto.
- Eu sei Sebastian, mas...
Ele me interrompe.
- Mais você enão confia em mim, não é?
- Não! Você está entendendo tudo errado.
Tento uma reaproximação, ele balança a cabeça indignado e se afasta mais uma vez.
- Eu sabia que estava rolando algo, no dia em que eu fui na sua casa e te abracei por trás você me aplicou um golpe, vi nos seus olhos que tinha alguma coisa errada, nunca te vi agir daquele jeito. Eu perguntei a você e você me disse que não era nada. Quando eu fui no banheiro antes do jantar, eu vi a sua gaveta entre aberta e vi o cano da sua arma, sabia que havia mexido a pouco tempo. Por isso te segui até aqui. - ele passa as mãos no rosto - Você devia ter falado comigo.
Sim, eu errei.
- Me desculpe.
- Desculpas não vai resolver, agora tem um assassino atrás de você e como você acha que eu irei colocar a cabeça no travesseiro depois de saber disso?
- Calma Sebastian, eu tenho uma arma e a minha casa tem sistema de alarme.
- Foda-se, dois dos meus homens ficaram de vigia e eles vão fazer a sua segurança.
- Não! Tá louco? Não tem necessidade disso. - ele aponta o dedo pra mim.
- Eu já estou muito puto com você por não ter me dito a verdade, agora me escuta e me obedece. Enquanto eu não pegar esse desgraçado, eles farão a sua escolta.
Coço a cabeça nervosa e contrariada ao que ele disse.
- Sebastian não dá, o que eu vou falar com o meu pai? - ele da de ombros ainda de cara fechada.
- Seu pai daqui alguns dias estará indo embora, até lá eles serão discretos. - eu tento reivindicar mas ele me interrompe - Acabou o assunto.
Ele agarra um dos meus braços e me leva na direção dos seus seguranças.
- Pra onde estamos indo?
- Pra casa.
- Mais eu estou no meio de uma investigação.
Ele para e se vira para me encarar com o maxilar travado, suas esferas verdes me intimidam e sua respiração bate em meu rosto indicando que ele está muito irado.
- Você já fez merda de mais por hoje, vou te levar pra casa agora você querendo ou não. Me da a chave da moto.
Engulo seco e lhe entrego a chave por saber que estou errada e por não querer lhe deixar mais irritado do que já está. Ele desgruda seus olhos dos meus mas suas mãos continuam em meu braço e ele me puxa até seu carro antes de entregar a chave da minha moto para um dos seus seguranças e dois deles ocupam os bancos da frente enquanto nós dois sentamos no de trás.
A tensão se instaurou no pequeno espaço, Sebastian se manteve longe de mim a viagem inteira e não disse uma palavra se quer. Eu virei para ele algumas vezes mas ele nem se quer fez questão de corresponder. Eu sei que ele está muito chateado comigo e não tiro sua razão, mas agora já está feito. Eu me arrependo de não ter dito nada a ele. Fiz uma escolha errada e estou arcando com as consequencias.
Quando o carro parou em frente a minha casa ele continuou olhando para a janela e suas únicas palavras foram:
- Os meus seguranças irão começar hoje a vigia, manenha o alarme acionado e janelas fechadas. É só isso, pode ir.
Suas gélidas palavras atingiram diretamente o meu coração, Sebastian nunca foi tão seco comigo e isso me magoa demais.
Um dos seguranças abre a porta, eu olho para ele pela ultima vez na esperança de que ele ao menos se despeça de mim mas nada acontece. Engulo seco sentindo o impacto que eu causei ao omitir a carta, e desço do carro sem olhar pra trás. Um outro segurança me entrega a chaves da moto antes de eu entrar em casa e as primeiras lágrimas escorrerem por meu rosto.
(...)
No dia seguinte...
VIM AO MERCADO fazer compras e deixei papai em casa vendo seus programas idiotas favoritos, foi mais como uma distração do que uma urgência, costumava funcionar antigamente mas dessa vez não está adiantando. Os olhos chateados de Sebastian não saem dos meus pensamentos, o jeito frio que ele me tratou ainda amarga a minha boca e mesmo que eu ache um exagero ele ter ficado puto, eu senti que não foi para ele. Parando pra pensar, talvez seja uma questão pessoal.
Reviro os olhos ao encontrar um dos seguranças de Sebastian parado próximo ao caixa me aguardando, saber que estou sendo vigiada 24h por dia me irrita mas eu não estou em condição de exigir nada, então eu tento esquecer essa parte.
Passado o momento mórbido, decido ir para casa pois essas compras não vão suprir a angustia que está infiltrada no meu peito. Destranco a porta e por não ouvir a tv ligada, chamo pelo meu pai.
- Pai?
Ninguém responde, estranho as vou direto a cozinha deixar as sacolas. Quando vou para sala procurar por ele arregalo os olhos e puxo o ar perplexa ao ver:
Fotos da Stacy.
Fotos da Stacy com Sebastian.
Deus!
Anotações e recorte de jornais sobre o seu desaparecimento espalhados sobre a mesinha de centro.
- Quando você iria me contar que está investigando o caso da filha do governador Cassie?
Engulo seco e me viro, encontro meu pai de braços cruzados e bastante irritado me encarando.
- Por que mexeu nas minhas coisas pai?
- Você deixou a gaveta entre aberta e eu encontrei uma das fotos no chão, eu iria guardar mas quando eu vi que se tratava da filha do governador de Toronto eu sabia que tinha algo de estranho. Ficou louca? Você está investigando outro desaparecimento, não basta o que aconteceu no ultimo? - fecho os olhos rapidamente sentindo o peso dessas palavras.
- Pai, eu posso explicar...
- Estou ouvindo, e estou curioso para saber o que o Sebastian tem haver com essa garota desaparecida, e o por que eles tem fotos juntos?
Merda.
Merda.
Merda.
- Tá, isso é complicado... - coço a cabeça sem saber o que falar e o que eu posso falar - Eu não posso falar nada sobre o caso, assinei um contrato de sigilo absoluto. Preciso que confie em mim. - papai franze o cenho e diz preocupado.
- Cassie, em que confusão você se meteu?
- Não tem com que se preocupar papai.- minto - Quase ninguém sabe que estou nessa investigação.
Ele balança a cabeça e coloca as mãos na cintura, ele faz isso toda vez que vai me dar um sermão.
- Eu não quero saber se ela é filha do governador, ou seja lá o que for, eu quero que você largue esse caso.
Abro e fecho a boca.
- Não é tão simples como parece.
- É sim, só eu e Louise sabemos o que você passou com caso do Jasper. Aliás, a sua amiga sabe disso?
- Não.
Ele bufa e senta no sofá encarando as provas do caso Stacy.
- Pelo amor de Deus Cassie, eu não quero te ver daquele jeito novamente. - engulo seco.
- Pai não será como daquela vez, eu vou conseguir trazer a Stacy de volta para a família dela.
- Por que não larga esse caso? Você sabe os danos que isso pode te trazer...
- Esse caso já se tornou muito pessoal pra mim e eu espero que o senhor entendam.
Papai balança a cabeça negativamente, passas as mãos no rosto e se levanta do sofá visivelmente chateado.
- Eu só não quero que isso reflita no seu psicológico. Pense bem no que eu te disse, boa noite.
Ele vai para o seu quarto provisório sem beijar minha testa, como sempre faz quando eu faço besteira. Bufo e me jogo no sofá absorvendo mais um dia exausto e turbulento.
(...)
"Corro pela casa abandonada em busca do Jasper, aponto a minha arma antes de virar mais um corredor. Meu coração está na boca e mesmo que eu não tenha medo de nada a adrenalina de está atrás de um serial killer que sequestrou jovem de apenas 14 anos me domina.
Eu trabalhei durante semanas nesse caso e quando os pais de Jasper foi me procurar eu acertei o caso na mesma hora. O desgraçado que o sequestrou tem uma ficha enorme na polícia e eles nunca conseguiram pega-lo. Como se tratava de um serial killer eu precisei contatar a polícia antes de vir mas como a burocracia de mandar uma viatura até o local é demorada, eu tomei a frente e agora estou procurando a onde esse filho da mãe escondeu Jasper.
Ouço um barulho no cômodo da frente, a casa está em estado de calamidade, está caindo aos pedaços. Me apresso em seguir o barulho de sapatos que ecoam pelo lugar.
Quando chego na sala eu vejo uma das piores imagens da minha vida. Jasper está amarrado em uma cadeira e amordaçado, sua garganta está cortada assim como seus pés.
Me ajoelho no chão com o impacto, o ar começa a falhar em meus pulmões e a dor de ter fracassado em um caso tão importante me chicoteia como lâminas me levando a um buraco escuro e sem volta."
ACORDO NO MEIO DA NOITE puxando ar dos pulmões e me sento na cama desesperada por ter tido mais um pesadelo. Há semanas que eu não tenho pesadelos e já estava me acostumado com isso.
Parece que dessa vez foi pior do que as outras vezes, sufocante e muito real. Esse caso mexeu tanto comigo que tenho medo de que aconteça novamente.
Não Cassie.
Dará tudo certo, Stacy voltará bem pra casa.
(...)
Mais um dia.
Já se passaram três dias desde a última vez que eu vi Sebastian. Olho no celular de hora em hora na esperança que ele ao menos responda as minhas mensagens ou ligue... Sei lá, mande um sinal de que está tudo bem, que vamos ficar bem.
Os dias se passaram lentamente, papai foi embora ontem levei ele até o aeroporto junto com a Lou, ele continua chateado comigo mas ao menos me disse que chegou bem em casa. Minha melhor amiga reparou que eu não estava bem e me fez milhares de perguntas, omite grande parte do que havia acontecido e disse que eu e Sebastian tínhamos tido uma DR. Ela me deu conselhos dizendo que se eu estava errada, eu deveria dar o braço a torcer e ir atrás dele mas não é tão fácil assim. Sebastian desperta muitos sentimentos dentro de mim r isso as vezes me assusta.
Essa dependência que eu tenho de quere estar com ele me assusta.
Tudo isso vira uma bola de neve que só vai se acumulando dentro do meu peito, o que me faz sufocar e às vezes me odiar por saber que a grande culpada nisso tudo sou eu mesma.
A rotina voltou com tudo, casa, escritório, escritório, casa... Urg, um saco. Mesmo que eu não tenha grandes avanços no caso da Stacy, é ele que está me distraindo a maior parte do meu dia.
(...)
Mais tarde...
Bateu a bad.
Eu jamais imaginei que sentiria tanta falta do Sebastian como estou sentindo hoje. O que me deixa mais frustada é nao saber ate quando isso vai continuar, ele longe de mim, sem dar notícias... O mais próximo que eu tenho dele são esses dois brutamontes do lado de fora da minha casa.
Bebo mais uma dose de whisky virando tudo de uma vez, respiro fundo e decido que vou atrás dele. Ele veio atrás de mim quando errou, então agora é a minha vez.
Pego minha moto na garagem mas não abro a porta principal, não quero que seus capangas me sigam dessa vez. Então eu saio pela porta de trás que da no meu quintal e corto caminho pelo quintal do vizinho. Quando chego na rua, subo na moto com destino certo, o norte da cidade.
No caminho, acabo de lembrar que eu não sei a onde é a casa do Sebastian. Isso é estranho, já que sou a sua namorada, bom até alguns dias atrás eu era. Quando me aproximo da sua fábrica, eu diminuo a velocidade. Antes que eu me aproxime mais, vejo uma movimentação na entrada. Um carro preto de vidro fumê para em frente ao portão de aço, estreito os olhos levemente curiosa e paro para observar de longe.
Pouco depois de alguns seguranças de Sebastian sair pelo portão, o meu coração dispara ao ver Sebastian saindo, ele está lindo vestindo uma calça jeans, sobretudo e camisa preta por baixo, por cima um cachecol, deixando ele ainda mais charmoso. Sorrio e quando tomo coragem para ir em sua direção uma mulher linda cabelos longos lisos, vestido vermelho e sobretudo branco sai sorrindo para ele. Meu rosto fecha na mesma hora e meu coração para ao ver a mão dele nas costas dela, os dois conversam com intimidade e sorrisos para dar e vender. Ele abre a porta do carro para ela, que parece agradecer próximo de mais a ele, depois ele da a volta ocupa o banco ao seu lado.
Uma lágrima rola em meu rosto.
O carro da partida e eu fico aqui sozinha, confusa com coração na boca e com milhares de pensamentos ruins.
Não, ele não faria isso...
Porra Cassie, você é uma otária.
Ligo a minha moto novamente, faço o retorno e vou em direção ao centro da cidade em busca de um bar qualquer que me faça esquecer todas as merdas que aconteceu nos últimos dias. Principalmente esquecer que Sebastian está com outra.
Filho da puta.
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NOTA DA CAAH: Quem tá com raiva do Sebastian levanta a mão 🙋😒
Vocês acham que ele faria essa sacanagem com a Cass? 🤔
Fica ai o questionamento.
Beixiin
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Desejo Perigoso
RomanceEle voltou. Mais intenso. E mais quente do que nunca. Cassie é uma detetive particular que tem uma vida solitária e está sempre agarrada a uma garrafa de whisky ou bourbon. Por trás do seu jeito de durona, esconde um passado obscuro que vive lha ato...