Cinco - Gravata Borboleta.

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Jaebum fechou a porta e parou a passos de distância do esgrimista em sua frente. Pressionou os lábios por um segundo antes de pensar em uma resposta; não queria ficar sozinho e ter que lidar com seus fantasmas irritantes novamente. É claro que ele não falaria o que se passava em sua cabeça: por favor, não me deixe sozinho. Comece agora mesmo.
Jackson, se não gargalhasse bem na sua cara, daria meia volta e sairia sem olhar para trás.
― Antes de tudo, temos alguns detalhes para discutir. ― O coreano pautou, ele pediu silenciosamente para que o atleta o acompanhasse e, juntos, eles subiram as escadas de madeira claríssima e alcançaram o primeiro andar.

Jackson fez questão de lançar um olhar rápido para todos os elementos que formavam o pequeno cômodo que servia como intersecção, ligando os diversos corredores até ele. As paredes tinham um tom suave de salmão e quadros bonitos decoravam as paredes; um lustre elegante pendia no teto alto e Wang só pensou em quanto aquilo deveria custar.

Os dois rapazes de vinte e quatro anos adentraram o escritório e estúdio que Jaebum possuía na casa, as vezes era mais relaxante cantar e produzir suas músicas em sua própria residência, ele gostava de dizer que sua voz ficava mais confortável naquele ambiente.

Depois de se sentarem ― Jackson em uma poltrona vermelha e Jaebum atrás de uma mesa, como se estivessem em uma reunião de negócios ― o coreano pegou um folha de papel e uma caneta.

― Para isso funcionar, precisaremos de regras. ― Jaebum disse e viu o chinês erguer as sobrancelhas.

― Que tipo de regras?

― Não vou poder contratar outros funcionários enquanto você está aqui. ― Ele apoiou a caneta no queixo, olhando pensativo para a folha de papel em branco. ― Eles adoram dar com a língua nos dentes. São os responsáveis por metade dos boatos sobre mim. ― Resmungou.

Jackson abriu um sorriso travesso e cruzou os braços sob a mesa.

― Então você não trepou com todas as integrantes daquele grupo da mesma empresa que você? ― O chinês provocou.

Jaebum o olhou por baixo dos cílios.

― Andou lendo fofocas de mim?

― Eu prefiro a seção de esportes, mas Jinyoung te xinga de burro e idiota algumas vezes. São poucas as chances que ele me dá de concordar.

― Enfim. ― Jaebum suspirou, voltando o olhar para o papel, fugindo daquele assunto. ― Você vai entrar às nove e sair às seis, um dia sim, um dia não. Não quero que Jinyoung suspeite de nada para evitar problemas, você vai ser responsável pela limpeza geral e refeições. Sabe cozinhar?

Wang piscou algumas vezes, o idioma coreano escapando de sua língua.

― Co... zinhar?

O cantor franziu o cenho.

― É o mínimo, você será meu mordomo, espero que me sirva direito. ― Disse, rindo sem muito humor. Jackson não mudou sua expressão séria, apenas assentiu sutilmente. Jaebum suspirou, deixando a caneta de lado. ― Escuta, por mais que eu esteja fazendo isso somente pelo Jinyoung, não vou aceitar trabalhos incompletos. Tenho uma agenda muito ocupada para ficar cuidando da casa e conferindo se está tudo em ordem todos os dias, então vou precisar confiar em você.

― Tudo bem. ― Jackson murmurou; ele estava cooperando tanto que parecia até estranho, mas o chinês temia que Jaebum voltasse atrás e o deixasse sem saída novamente.

Trabalhar para o rapaz um dia sim, outro não, era perfeito, pois assim ainda teria tempo para treinar e passar com o noivo, aprenderia cozinhar aos poucos e faria o seu melhor.

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