Catorze - Jinyoung.

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Jooheon soltou um assovio depois de estacionar o carro na frente do condomínio que Jinyoung e Jackson moram. O chinês não se atreveu a sequer olhar para a janela, passou a viagem inteira em um completo silêncio, encaixando e desencaixando o círculo de metal da chave no dedo anelar com a aliança. O joelho pendia debaixo para cima repetidas vezes desde que entrara no carro do melhor amigo. Jooheon olhou para trás, encontrando Bambam e Yugyeom com a mesma expressão de “eu não sei o que dizer” estampada na cara.

Mesmo depois de Wang insistir que queria lidar com aquilo sozinho, os três rapazes deram um jeito nas próprias rotinas e teimaram em acompanha-lo naquele momento. O coreano de cabelos tingidos de um laranja vivo pousou a mão no joelho calmo de Jackson, tirando-o de um transe que nem ele sabia ter entrado.

― Você precisa subir, Jack. ― Yugyeom falou, um tom de voz cauteloso. Wang pressionou a aliança contra o círculo de metal da chave.

― Talvez eu demore um pouco. ― Jackson respondeu, a voz sem ânimo algum. Olhou no visor do carro pelo rabo de olho. 11:08, Jinyoung o esperava e ele estava oito minutos atrasado. Não era a melhor ideia do mundo deixa-lo ainda mais irritado na situação em que estavam.

― Nós vamos esperar você. ― O mais novo dos quatro afirmou, sorrindo pequeno. Jackson mordeu o lábio inferior.

― Vocês podem ir sem―

― Nós vamos esperar você. ― Jooheon interrompeu. ― Vai logo, você sabe que o Jinyoung fica puto pra caralho quando você se atrasa.

O esgrimista deu um riso sem achar muito engraçado, na verdade e saiu do carro depois de sussurrar um “já volto”. Os três amigos o observaram andar até a portaria e, após cumprimentar o porteiro, desaparecer no corredor de elevadores.

 Bambam soltou um suspiro alto, sem perceber que estivera segurando a respiração desde o momento em que chegaram. Jooheon passou ambas as mãos pelo rosto e Yugyeom apoiou a cabeça no encosto do banco claro do veículo.

― Eu nunca fui com a cara dele mesmo. ― O ruivo resmungou e Bambam lhe deu um beliscão no antebraço.

― Jinyoung não é o errado da história. ― Diz o tailandês. ― E eu avisei que isso iria acontecer, que Jackson e Jaebum iriam se aproximar demais e que Jinyoung iria descobrir tudo.

― Ah, vá à merda, Bambam. ― Yugyeom bufou.

Jackson estava com medo. Medo para caralho. E se sentia patético, ele era um tremendo covarde que, enquanto flertava sutilmente com JB não tinha coragem nenhuma em pensar no noivo. Mas, pelo menos, ele nunca fez ou disse algo explícito, eram flertes “inocentes” de duas pessoas carentes de afeto.

Era só isso e nada mais.

Certo? Ele se questionou em silêncio antes de abrir a porta do apartamento. O cheiro era tão familiar que Wang precisou de um minuto para apagar a nostalgia que invadiu sua memória; enxergou o sofá creme da sala e lembrou de quantas vezes Jinyoung e ele assistiram a documentários bizarros sobre coisas inúteis e discutiram sobre isso por horas.

Encarou a parede de tijolinhos da cozinha e veio à tona o quanto foi difícil de convencer o noivo a comprar este revestimento naquele tom meio laranja meio vermelho. No tapete da sala Jackson quase conseguiu ver os dois se perdendo uns nos braços dos outros enquanto se beijavam de forma desengonçada.

Por fim, ele viu seu noivo parado no batente da porta do quarto. As olheiras estavam fundas e o cabelo não era o mesmo arrumado bonito que Jinyoung insistia em ter. Jackson respirou fundo, sem quebrar o contato visual. Não precisava perguntar, sabia que Park não havia dormido naquela noite e se sentiu ainda mais culpado por ter conseguido pegar no sono com facilidade.

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