Quinze - Pois não, hyung?

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Jackson teve certeza de que demorou mais para se acalmar do que o tempo que ficou dentro do apartamento com Jinyoung. Estava no jardim dos fundos do condomínio, onde sabia que ninguém o encontraria. Abaixado no chão, encarando os próprios pés com os braços esticados, apoiados nos joelhos e os dedos entrelaçados de maneira desleixada.

Respirou fundo pela milésima vez, queria parar de ver os pontinhos molhados que surgiam no chão abaixo de si pelas lágrimas que escorriam de seu rosto. Não conseguia decifrar os sentimentos dentro de seu coração, estava magoado, arrependido e solitário. Sentiu vontade de falar com seus amigos, mas a vergonha em mostrar o rosto vermelho e chorão o fez permanecer imóvel, fungando uma ora ou outra.

Levantou o rosto e se apoiou na parede do prédio atrás de si, fechando os olhos e controlando a respiração. Não iria mais chorar, ele não tinha nem o direito de ficar triste. Jinyoung não estava errado, quem estragou tudo havia sido Jackson, de qualquer forma.

Jooheon não perguntou nada quando Wang entrou em seu carro, Bambam muito menos ― Yugyeom tinha uma mania péssima de se encostar em qualquer lugar e dormir, portanto só se ouvia a respiração calma do mais novo adormecido.

― Não vai ligar o carro? ― Jackson perguntou, a voz levemente trêmula e o rosto ainda avermelhado. O ruivo encarou o melhor amigo e enxergou os sinais que deduravam que o chinês estava chorando. Puxou a mão direita do esgrimista e a tirou de dentro do bolso do moletom.

― Sua aliança... ― Ele falou, encarando o dedo anelar. Jackson puxou a mão com raiva, não queria falar daquilo no momento. ― Não acredito que ele terminou com você. Que canalha.

Ele? Honey, eu só fiz merda e o Jinyoung... ― Jackson suspirou, sem saber o que dizer. Era óbvio que o canalha da história não era o rapaz mais novo, mas doía demais dizer em voz alta que havia magoado o ex-noivo com tanta maestria. ― Preciso me distrair.

― Vou levar você para o ginásio. ― Jooheon afirmou, ligou o carro e dirigiu até o local de treino de esgrima com Bambam em silêncio no banco de trás e Yugyeom dormindo um sono profundo, a cabeça encostada no vidro.

Mark apareceu uma hora depois de ter recebido a mensagem de Jinyoung, preocupado que o rapaz pudesse ter feito alguma burrada. Não se preocupou em bater, girou a maçaneta e encontrou Park sentado no chão abraçando os próprios joelhos enquanto assistia a um filme infantil na televisão. Não havia potes de sorvete ou caixa de lenços ao seu redor. Estava ali, sentado em silêncio com os arredores dos olhos vermelhos e levemente irritados ― de tanto afastar as lágrimas teimosas com raiva.

Mark se sentou em sua frente, esboçando um sorriso triste. Levou uma das mãos até a bochecha do rosto de Jinyoung e sentiu quando ele inclinou a cabeça para aprofundar o carinho suave que o americano passou a fazer ali. Park fechou os olhos e curvou os lábios minimamente.

― Quer conversar sobre isso?

Ele negou com a cabeça.

― Quer companhia?

― Por favor. ― Jinyoung sussurrou, colocando a destra por cima da mão direita de Tuan. Abriu os olhos e encarou o rapaz de cabelos vermelhos lhe lançar um olhar carinhoso, as pupilas escuras brilhando levemente. ― Se importa em dormir comigo hoje?

Mark sorriu largamente, o coração errando uma batida. Ele poderia ser considerado um filho da puta por ter contado a Jinyoung sobre o novo mordomo de Jaebum, mas não se arrependia.

Afinal, ele teve um quê de egoísmo na situação toda.

― Posso dormir com você sempre que precisar, Jiny.

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