Vinte e dois - Senhor Wang?

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JB checou seu relógio e suspirou ao ver que já se passavam quase duas horas que ele estava ali, sentado no corredor. Uma hora a vizinha adolescente do chinês apareceu e quase desmaiou de susto ao ver seu cantor favorito no chão de seu corredor. Foi uma bagunça, Jaebum teve que acalmá-la e tirou algumas fotos com a menina. Agora, o rapaz viajava nas possibilidades de Jackson não atender a porta mesmo após todo o barulho que houve no corredor.

Jaebum apertou os lábios um contra o outro, será que ele estava com alguém no apartamento? Não, pouco provável, porque JB já tinha tentado escutar alguma coisa através da porta e só recebeu o silêncio como resposta.

Algumas vozes surgiram e logo o barulho da porta do elevador preencheu o hall junto com um roçar de sacolas de plástico.

Jackson estava andando rapidinho pelo peso das sacolas e paralisou ao enxergar o homem coreano — e sonolento — sentado em frente a sua porta. Ele tinha as costas apoiadas na parede oposta da porta de seu vizinho e os joelhos levantados, além de um olhar, no mínimo, esperançoso no rosto. Wang tinha uma expressão confusa no rosto, com o cenho franzido e os olhos arregalados, Hyuntae trombou com as costas chinesas e pediu desculpas baixinho.

— Mas que porra é essa?! — Jackson exclamou e JB se pôs de pé. — Como descobriu onde eu moro?

— Jooheon me passou.

— Miserável, vou enfiar o sabre no rabo dele amanhã.

— Ele não fez por mal.

— Temos pontos de vista diferentes, pelo visto. — Jackson disse. O rapaz mais novo olhou com surpresa para JB.

— Quem é esse?

— Não começa.

— Ah, parece que o senhor tem visita, senhor Wang. — Hyuntae disse, um tom doce de voz. — Se eu soubesse não teria proposto de te ajudar com as sacolas.

— Pode deixar que eu ajudo. — O cantor interveio, incomodado com a presença do rapaz que deveria ter a mesma idade dos dois, ou até alguns anos a menos. Pegou as sacolas das mãos de Hyuntae, encarando-o nos olhos com o queixo erguido; por estar ocupado demais bancando o superior, Jaebum não prestou atenção e deixou as quatro sacolas caírem no chão e Jackson gritou de raiva.

— YA! — Berrou. — Tem vidro aí, seu idiota!

O mais velho recolheu as poucas coisas que caíram e Hyuntae observou os dois em silêncio, sendo fuzilado pelo olhar do coreano sem saber o motivo. Wang sussurrava palavrões em cantonês a tempo que JB encarou o rapaz desconhecido novamente.

— E quem é esse? — Insistiu. — Seu amigo?

— Pelo amor de Deus... — Jackson soprou, balançando a cabeça. Abriu um sorriso para o rapaz prestes a entrar no elevador. — Muito obrigado pela ajuda, Hyuntae, nos vemos depois.

— Por nada, senhor Wang! Até depois.

O esgrimista esperou as portas de ferro fecharem e o elevador começar a se mover para depois olhar JB nos olhos, com uma raiva explícita na feição. Jaebum fez um bico lateral, vendo Jackson destrancar a porta, os dois asiáticos entraram no apartamento de conceito aberto e dois quartos do chinês, as paredes em um tom calmo de cinza e móveis claros. Não havia muito, mas não parecia que Jack morava ali há apenas dois dias, levando em conta o cobertor no sofá, as diversas plantas espalhadas e os quadrinhos nas paredes. Havia uma janela única na sala de estar, indo do teto ao chão.

Ao lado da porta de entrada, um cabide pregado na parede pendurava seu uniforme de esgrima; próximo a ele, uma pequena estante guardava os troféus e medalhas do atleta. Jackson deixou os tênis no sapateiro e levou as compras até as bancadas, pegou as que Jaebum tinha em mãos e as deixou no mesmo lugar.

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