Dezoito - Você vai fazer mais vezes?

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Jaebum andou atrás do mordomo, ajeitando as próprias roupas amassadas do corpo. Wang não fez questão nenhuma de abotoar a camisa social, andava com as mãos nos bolsos frontais da calça social conforme ambos passavam pelos corredores de parede salmão até entrarem no escritório. Era o mesmo cômodo em que haviam fechado o contrato do serviço de mordomo de Jackson, e esse era um dos assuntos principais que o chinês desejava discutir. JB, por outro lado, mal conseguia andar direito com os joelhos ainda trêmulos da intensidade do orgasmo sofrido.

— Então você quer conversar, — começou, com um coreano ausente de sotaque e contrariado em colaborar com o chinês; seu corpo ainda estava quente, excitado e um tanto quanto fadigado, — não era algo que estava nos meus planos, para ser sincero, Jackson, mas... Se você insiste...

— Ah, por favor. — O chinês revirou os olhos antes de apoiar o queixo em uma das mãos. — Poupe-me de sua pose de durão e escuta.

Surpreso com o tom de voz de Wang, JB obedeceu prontamente, tentando manter uma feição de dignidade, o que fez o rapaz em sua frente sorrir divertido. Sentaram-se frente a frente, separados pela mesa de escritório do cantor. Este se debruçou na mesa, cruzando os braços, correu os olhos pelo tronco exposto e segurou um suspiro. Porra de conversa.

— Jaebum, não ache que eu não gosto do que nós... Estamos fazendo. Essa tensão sexual que a gente tem e tal, eu gosto disso. Mesmo.

— Certo. — JB ergueu uma sobrancelha, incerto de onde aquilo iria parar. Viu o peito do esgrimista subir e descer ao respirar fundo e acabou por imitar o gesto. Jackson desviou os olhos para as próprias mãos, encarando os dedos agitados se enroscando sem uma sequência exata. Estava tentando arrumar as palavras em uma ordem coerente dentro da cabeça, mas nem ele sabia o que ele estava tentando dizer. Jaebum pressionou os lábios por um segundo antes de ajudá-lo: — Jack. Por acaso você quer que a gente pare?

Wang abriu a boca para responder, mas Jaebum o interrompeu.

— Eu não vou te obrigar a nada, se você não está confortável, não faremos mais nada além do profissional.

— Eu... Não é essa a questão, JB. — Jackson o encarou. — Ainda vou continuar a ser seu mordomo? Mesmo não tendo mais nenhum propósito para isso? Eu consigo me sustentar tranquilamente com o salário da esgrima, você sabe.

— Você não quer mais ser meu mordomo? — Ele ergueu as sobrancelhas e o chinês deu de ombros.

— Não disse isso.

— Então... Eu não vejo um problema. — Jaebum deu de ombros, despreocupado, enquanto Jackson se movia na poltrona na falha intenção de diminuir seu desconforto. Algo ainda parecia incerto. — Tudo bem?

— Eu acho que sim. — Respondeu, sem compreender os próprios sentimentos. JB projetou o lábio inferior e assentiu, as mãos ainda entrelaçadas se separaram ao serem espalmadas na mesa com calma, auxiliando o cantor a se levantar.

— Bom, eu adoraria continuar o que a gente estava fazendo alguns minutos atrás, mas tenho uma reunião para decidir os planos sobre a turnê mundial.

— A propósito... — Jackson começou, quando o cantor já havia alcançado a porta. Levantou o dedo indicador, sem virar para trás, entretanto o rosto bonito de Jaebum estava direcionado para as costas da poltrona. — Eu estou disposto a fazer de tudo, Jaebum... Mas não pense que não vou cobrar o mesmo em troca.

As pupilas castanhas de JB variaram de um lado para o outro antes de ele correr os dedos pelos fios tingidos de um azul desbotado. Abriu um sorriso nervoso e inclinou a cabeça por uma fração mínima de segundos, tentando entender o que aquilo significava.

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