Dez - Por pouco.

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― Que cara é essa? ― Jackson brincou, vendo a expressão que Jaebum tinha no rosto.

Era um sorriso fraco, os olhos brilhavam e ele tinha a cabeça levemente inclinada. O coreano não o respondeu, parecia ter entrado em uma espécie de transe que fez com que Jackson o encarasse também. Divididos por um sofá, o esgrimista analisou cada pedacinho do rosto de seu chefe, sentindo um leve formigar nas mãos quando observou o pouco que estava sendo exposto do pescoço pálido do cantor; as veias azuis e verdes destacavam-se devido ao excesso de brancura.

Os ombros de Jaebum eram largos num nível que atiçava a curiosidade de Wang; será que era musculoso também? Se havia algum sinal de gominhos em seu abdômen? E como seriam seus tríceps? E os músculos das costas que ele tanto encarava? E a nuca? Parecia ter o tamanho exato para que Jackson entrelaçasse os dedos ali. Queria sentir o cheiro de baunilha diretamente da fonte.

Será que todo seu corpo cheirava a baunilha?

― Você acabou de me dar uma ideia para uma música. ― JB disse, encarando o chão.  ― Só preciso de um adjetivo que não mostre para Jinyoung que eu estou falando de você.

O nome do noivo fez o sorriso de Wang sumir e suspirar pesadamente. Era o segundo dia que ele não dava nenhum sinal de vida e as costas do chinês já estavam doloridas de dormir no colchão velho de Jooheon, por mais que transparecesse estar bem, estava pensativo. Sentia falta de Jinyoung ao se deitar de noite, sentia saudade das mensagens e dos beijos antes de sair para treinar ou trabalhar.

Mas, ali, não sentiu falta do noivo; só ponderou um pouco, olhando para o rosto de Jaebum.

― Não é uma canção romântica, não precisa fazer essa cara. ― JB fez uma careta, rindo pelo nariz.

― Não é nisso que estou pensando... ― Jackson disse, se sentindo desconfortável em tocar no assunto. Respirou fundo antes de continuar: ― É que... Jinyoung e eu...

O toque que alertava uma nova mensagem no celular de Jaebum interrompeu a explicação do chinês e o cantor logo de desculpou e pediu que Jackson esperasse um minutinho antes de continuar a falar.

"Estou aqui fora, abre a porta que eu tô bravo." Jaebum leu, entrando em pânico logo depois. Lançou um olhar assustado para o esgrimista que ergueu as sobrancelhas, sem entender a agitação toda.

JB correu até a área da sapateira e buscou os tênis de Jackson, enfiando-os em um armário vazio da cozinha. Depois, correu até o chinês e começou a empurrá-lo em direção à despensa.

― Ei, ei! Que porra é essa? Me solta! ― Jack protestava com a voz alta enquanto tentava fazer com que Jaebum parasse de arrastá-lo.

― Shhh! ― O coreano disse num sussurro, com desespero. ― Fala baixo, miséria! Tá querendo que ele descubra que você tá aqui?

Uma sessão de batidas impacientes na porta de entrada fez com que o cantor ficasse ainda mais tenso, seu nome foi chamado logo após e ele reconheceu a voz do melhor amigo.

― Puta merda. ― Jackson sussurrou. ― Por que não disse antes, idiota? Onde eu me escondo?

― Na despensa, não ouse fazer nenhum barulho.

O mordomo assentiu e saiu correndo, fechando a porta atrás de si. JB acalmou a respiração antes de receber Jinyoung com um falso olhar confuso para o rosto irritado do amigo coreano. Ele usava um longo sobretudo marrom e uma blusa vinho de gola alta; havia um par de jeans simples nas pernas e botas bonitas nos pés.

Apesar das roupas elegantes e charmosas, e do topete bonito que Jinyoung havia feito no cabelo, estava com olheiras. Fundas e escuras, nem uma maquiagem cara e alta cobertura faria aquilo sumir. Com a cara emburrada, ele empurrou o amigo cantor e entrou na casa sem dizer uma palavra.

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