Vinte e cinco - Apaixonados

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Eles se encaravam por poucos minutos, mas que pareciam horas. Provavelmente não mais do que dois, mas era mais dramático quando se jogava o jogo de “quem piscar primeiro, perde”. Tentavam não rir no processo, mas era difícil porque Jinyoung insistia em fazer cócegas na palma do americano.

Estavam sentados no chão da sala da casa de Mark, descobrindo quem iria lavar a louça depois do banquete que eles prepararam juntos.

Mark piscou quando as cócegas ficaram mais intensas e ainda se permetiu empurrar Jinyoung para longe por ter perdido a brincadeira em meio a risadas.

— Seu idiota! — Mark xingou e Jiny riu. — Isso não valeu.

Jinyoung se deitou de lado no chão, descansando a cabeça na palma da mão com o auxílio do apoio do cotovelo.

— Divirta-se com a louça, querido.

— Você é um trapaceiro.

— E você é lindo.

Tuan fez uma careta com a cantada ruim e revirou os olhos ao ver o namorado gargalhar pela reação. Reluto, levantou-se e foi em direção à louça suja; brincar com Jinyoung era mil vezes melhor do que fazer algo relacionado à faxina, tinha plena certeza disso, então estava um pouquinho rabugento em ter que interromper sua felicidade por alguns minutos.

Park agora prestava atenção na televisão, trocando de canal despreocupado até se deparar com o de esportes e ver três rapazes parados lado a lado no campeonato de esgrima. Os dois da ponta estavam em degraus mais baixos, sendo o da esquerda o menor; no centro estava o degrau maior.

E Jackson Wang estava em cima dele, tentando conter um sorriso sem muito sucesso.

Jinyoung viu quando uma mulher surgiu com três medalhas e colocou a de ouro no pescoço de seu ex-noivo. Entregou-lhe um cheque e um troféu que Jackson abraçou com uma força discreta. Park percebeu que o chinês tentava segurar o choro, mas seu rosto tomava uma coloração mais avermelhada aos pouquinhos. Então ele havia ganhado o nacional; ganhado o dinheiro que teria sido usado para seu casamento se as coisas tivessem caminhado corretamente.

O coreano, por outro lado, não se sentia com raiva. Acho que ter se apaixonado por Mark diminuiu seu nível de mágoa, porque assim como Jackson e Jaebum deveriam estar felizes, ele também estava. Pensou se deveria parabenizá-lo, afinal conhecia muito bem o rapaz e sabia o quanto poderia ser rígido com o próprio desempenho na maioria das vezes.

Deveria? Talvez não. Seria estranho, não é? Eles se ignoraram por mais de mês. E o que diria? “Parabéns pela sua vitória, Jackson. :D”

Que ridículo. De jeito nenhum,não faria isso. Mas estava feliz pelo Wang. Muito.

Mark cantarolava alguma música em inglês na cozinha e Jinyoung sorriu, talvez seu relacionamento atual também não seja o mais honesto do mundo, mas estava feliz. Olhar o americano de cabelos vermelhos o trazia um desconforto no estômago característico da paixão e Jinyoung gostava disso.

Jackson entrou no próprio apartamento com o troféu em mãos, o cheque dobrado no bolso e a medalha no pescoço. Ele cantava uma música chinesa que falava sobre vitórias com empolgação, se permitindo dançar de maneira engraçada em certos versos.

Deu um pulinho de susto ao encontrar Jaebum no sofá. A televisão ligada, o cantor dormindo e na mesa de centro, uma garrafa de vinho cheia até um pouco antes da metade e uma taça vazia logo ao lado. Jackson sorriu, deixou o troféu na mesa e se sentou ao lado do namorado adormecido.

Por estarem sempre na casa do outro o quanto podiam, acabaram por compartilhar cópias de chaves. JB viajaria para a turnê mundial em dois dias e passaria três meses fora fazendo show ao redor do mundo, por esse motivo em especial os dois estavam mais grudados que nunca. Jooheon disse que Jackson tomou um chá de rola e viciou no gosto.

Até que não é totalmente mentira.

Cutucou a bochecha do coreano repetidas vezes, vendo-o murmurar algum som incompreensível.

— Não acredito que você bebeu e dormiu, JB. — Jackson riu, os olhos encarando o outro com carinho. — Somos dois fracos para bebida, assim não vai dar certo, coração.

— Hmm. — Jaebum murmurou, aconchegando-se no pescoço do namorado. Ele estava meio acordafo, já era um avanço. — Desculpe, não consegui ver o campeonato inteiro.

A voz dele estava um pouquinho arrastada, fazendo Wang rir baixinho.

— Não tem problema, você provavelmente ia achar bem repetitivo.

— Você ganhou?

Jack afastou o corpo do cantor e ergueu seu queixo com as pontas dos dedos, fazendo-o olhar para o troféu na mesa. Jaebum abriu um sorriso enorme e, ao voltar os olhos para o chinês, enxergou a medalha em seu pescoço.

— Caralho, você ganhou até uma medalha!

— Não acha que mereço algum tipo de recompensa? — Jackson sorriu, o corpo apoiado no encosto do sofá lateralmente de maneira relaxada.

Mais? Você já tem duas, Wang. — JB brincou.

Os dedos chineses traçaram um caminho sem rumo pelas coxas do cantor.

— Ah, coração, você vai ficar três meses fora, sabe… A gente tem que compensar tudo em dois dias.

— Compensar sexo de três meses em dois dias? — Jaebum gargalhou e ergueu as sobrancelhas. — Considerando que a gente fica duas horas fodendo, não sei se vai ser possível.

— A gente só vai saber se tentar. — Wang diz, puxando a coxa do outro para que sua perna ficasse em cima da própria.

— Que tesão reprimido é esse? — JB diz, os dedos acariciando a pele exposta do pescoço. Era verdade que a ideia de passar três meses longe de Jackson era enriquecedora, estavam apegados um ao outro como nunca aconteceu antes.

Talvez o apelido “coração” tenha uma parcela de culpa nisso.

— Nem vem falar do meu tesão reprimido, na primeira oportunidade você me pede um boquete!

Jaebum passa o polegar no lábio inferior do chinês, exibindo um sorriso malicioso ao lembrar da sensação deliciosa que aquela boca o faz sentir.

— Eu não me importaria em receber um agora, para ser sincero.

— Ah, jura? — Jackson ironiza, trazendo o corpo alheio mais perto. Jaebum se inclina para beijar suavemente o pescoço do Wang, fazendo círculos na região com as pontas dos dedos.

— Juro, é tão bom… Me faz me sentir ótimo. — Ele sorri quando sente Jack estremecer em um arrepio e logo sente um apertão na própria bunda.

— Posso fazer você se sentir melhor ainda, hyung.

— Pode? — Esfregou a pontinha do nariz na área abaixo da orelha do chinês.

— Você só tem que deixar.

Jaebum parou por um segundo e afastou o rosto para olhar os olhos castanhos de Jackson.

— Tá de sacanagem.

— Ah, qual é! Já disse que sei fazer direito, Jaebum.

JB fez uma careta de desgosto e deixou Jack roubar uma sequência de selinhos.

— Por que isso agora?

— Agora? Eu estou falando isso desde antes de a gente transar pela primeira vez. — Ergueu as sobrancelhas. — Por que você não bebe mais um pouco, hm? Você bêbado fica um bottom tão dengosinho.

Jaebum ficou em silêncio. Considerando a proposta. Jackson encarou o namorado com esperança, um sorriso travesso nos lábios enquanto os dedos curiosos adentravam por baixo da camiseta.

— O que me diz? Se você não gostar a gente não repete nunca mais.

— Nunca mais?

Jack concordou com a cabeça e beijou-o brevemente.

— Pega a outra garrafa de vinho na geladeira, não quero ser o único bêbado aqui.

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