Quem eu virei?

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Ellen:

Passei a noite inteira no sofá, meus olhos não ficaram fechados por muito tempo, eu fitava o corpo de Patrick coberto pelas cobertas, ele estava sem camisa e sua pele alva era coberta pelo cobertor vermelho.

O dia não demorou muito para chegar , Patrick levantou mas não trocou nenhuma palavra comigo apenas saiu para um jogo de tiro com os amigos do Peter.

Me direcionei para o banheiro o mesmo estava com um cheiro doce e conhecido.Céus! Quando este sentimento irá acabar?
Enquanto eu dançava com a escova entre meus dentes eu encarava o espelho, as vezes me pergunto quem sou ? Eu sempre fui assim? Não! Eu era boa, sentimental era capaz de amar. Hoje no entanto eu virei isso! O que é? Eu não sei. Em algum momento da minha vida eu construi uma muralha envolta de mim. Aí quando aparece alguém pra mim, alguém como Patrick eu corro pra dentro no meu esconderijo e me prendo, ele parece entender isso, bom eu acho que sim.
Eu iria ficar mais algum tempo no quarto, não estava muito afim de sair. Eu olharia um canal de TV mas isso seria impossível já que aquele lugar era um museu.

Eu queria ler um livro, eu tinha quase certeza que eu coloquei um dentro da minha bolsa, merda! Cadê está porcaria? Eu dei um olhada a procura do livro e o avistei encima da escrivaninha. Respiro fundo e caminho até o lugar, seguro o mesmo entre os dedos e puxo, deixando um pedaço de papel amarelado cair no chão. Achei estranho,pois nunca usei marcador de livro algum.

Seguro o folheto entre os dedos e o abro avistando meu nome.

Minha única e querida Ellen.

Não sei onde você está, nem se vai ser capaz de me ouvir quando amanhecer, quando acordei você tinha saído.
São exatamente 4 da manhã. Não consigo dormir, sabendo que aquele homem pode estar com você esta noite. Sei que isto me levará a loucura , mas fico aqui deitado imaginando-o deitado ao seu lado,tendo licença para tocar em você, abraça-la, sei que é errado mais eu daria tudo pra tornar minha esta liberdade novamente.
Devo ter sido um tanto quanto irresponsável,não estávamos bêbados mas posso dizer que foi um ato irresponsável. Os homens magoam a si mesmo quando machucam alguém, e a simples idéia de te machucar consome minha mente.
Estou aqui sentando na escrivaninha do nosso quarto, segurando um copo de Uísque, procurando palavras para eu escrever. Sei que nunca lerá isto mas é uma forma de me manter mentalmente instável. O orgasmo que proporcionamos um ao outro ainda corre pelo meu corpo o deixando extasiado, posso sentir cada parte do meu corpo formigar com a sensação de sua mão me tocando.
Eu soube no momento em que você olhou pra mim que, se fossemos pra cama eu estaria perdido. Eu não conseguiria afastar você, como eu fiz com outras, nunca me daria por satisfeito por uma parte sua. Andei me enganando para pensar o contrário. Por essa razão estou aqui bebendo, tentando me embriagar e esquecer aquilo,pois eu sei que quando nos vermos nos trataremos como animais. Como mero desconhecidos, então a bebida me ajudará a deixar estas sensações estranhas irem embora, e talvez eu até esqueça o que aconteceu. Por mais que não queira.

Com muito carinho... Seu Paddy

Leio o papel mais duas vezes, tantando absorver cada palavra, cada ponto ou vírgula. Ele realmente avia escrito isto? Ele tinha medo de me ver com outro eu... O que está havendo comigo? Em um momento eu sou apenas a agente 190 e em outro estou construindo sentimentos pelo meu parceiro e estou sendo correspondida, quem eu virei?

Se tem uma pode ter outras certo? Eu deveria procurá-las? Talvez tenha mais alguma a respeito de mim, será? Sou uma espiã sei esconder meus rastros. Passo uma olhada no local procuro nas gavetas da escrivaninha e continuo a procurar, passo a mão por várias partes do quarto até desistir de achar, eu deito na cama e olho para o lado.

Havia um criado mudo ao lado da cama não custava nada dar um olhada ali. Eu abro a gaveta e esboço um sorriso ao ver o folheto amarelado.

Para a única e querida Ellen.

Estou aqui no jardim deste gigantesco lugar, tentando não pensar nas mãos nojentas daquele cara estarem tocando você. Não estou com raiva de você, é livre, não somos um casal.
Mas por algum motivo desconhecido doí recordar daquela imagem, dos seus lábios carnudos e desejáveis tocando a boca de outro homem, faz meu coração bater enfraquecido no peito.
Por mais que eu odeie o fato daquele verme existir ,eu não posso deixar de invejá-lo, por estar tendo seu corpo junto ao dele. Você me odeia e eu compreendo isso, eu apenas não entendo isso que está crescendo dentro de mim,pois quando acho que vamos dar um passo a frente você nos puxa para trás.
Eu juro que eu tentei não voar no pescoço dele, pois não temos nada. Agora me arrependo amargamente de não ter feito isso.

Atenciosamente... Seu paddy.

Minha missão é  te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora