A igreja católica de São Lucas estava cheia naquela manhã gelada de domingo.
Doutor Alexandre Enderson Vidigal, médico urologista conhecido em todo o Brasil, especialista em câncer de próstata, olhava pra o padre Romero que consagrava a hóstia, mas tinha os pensamentos longe.
Todos em silêncio, respeito total com a cerimônia.
Ao lado do médico, a família perfeita que era invejada por toda a sociedade: sua esposa Janete, também 45 anos, assistente social, baixinha, delicada, cabelos castanhos.
A filha mais velha, 15 anos, Larissa, puxara a mãe: cabelos castanhos, compridos, rosto com algumas sardas, era revoltada por não ter puxado nem a cor, nem os dentes lindos e nem a altura do pai e, como a mãe, ser obrigada a viver coberta por filtro solar para proteger a pele muito branca do sol! Usava aparelho nos dentes, usava óculos e era gordinha, combinação perfeita para sofrer bullying na escola. Como reflexo de sua negação de si mesma, vivia tendo problemas para perder peso, o que era reforçado pela mãe, amante do corpo esbelto.
Caio, o caçula, 7 anos, puxara o pai. Pele negra, puxara a inteligência do pai, precoce, também carismático.
"É o xerox do pai! Uma criança adorável", todos elogiavam.
Doutor Alexandre já fora considerado por uma pesquisa como o homem mais bonito da cidade! Ganhara o concurso de beleza negra e depois o concurso de garoto estudante na escola por dois anos seguidos!
Era o colega de sala de Janete que não perdera a chance de fisgar o belo e levá-lo ao altar antes que outra garota o fizesse, especialmente a melhor amiga Camila que ganhara o concurso de garota estudante ao lado de Alexandre.
_Mas o meu genro realmente é um homem lindo!_cochichara Helena, a mãe de Janete, no dia do casamento ao ver Alexandre de terno preto.
_É a genética._dizia Rosária, a mãe orgulhosa sempre que tinha oportunidade._E os médicos confirmaram que o meu filho tem o QI acima da média, a Janete te contou?
Ninguém a contestava, pois ela realmente se parecia com ele: 73 anos, pele negra, barriga chapada, mesmo tendo tido três filhos. Os dois irmãos talvez tivessem negado os genes da mãe, pois eram gordinhos, baixos. Aldo, o mais velho, tivera que fazer cirurgia bariátrica, perdera quase cinquenta quilos, mas já recuperara tudo novamente. Guilherme, o mais novo, também caminhava pelo mesmo caminho.
Alexandre era o filho do meio, 1,90, corpo sarado, pele negra, sorriso maravilhoso, gostava da cabeça raspada, visto que a calvície viera bem cedo. Carismático, envolvente, charmoso, generoso, competente, seguia a filosofia espírita, apesar de não se recusar a acompanhar a família à igreja aos domingos.
Apesar de estar mentalmente repassando a agenda do dia seguinte (pedir PSA para o paciente das 8 horas...fazer toque retal no paciente das 9...pedir para o paciente das 10 repetir os exames de sangue...), foi atraído pela esposa que lhe cutucou as costelas:
_O padre está falando de você, amor!_ela sussurrou percebendo que o marido estava distraído.
Ele encarou o padre a sua frente com o semblante sério.
_Agradecemos a Deus pelo retorno do filho pródigo doutor Alexandre Enderson Vidigal._disse o padre entusiasmado demais para anunciar o médico.
O médico poderia ter concordado que só voltara à cidade com a família para realmente engrandecer o nome de sua cidade natal...ou mesmo para cuidar dos pais idosos, mas ele sabia que aquilo não era verdade.
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EM PRIMEIRO LUGAR...NÓS TRÊS!-Armando Scoth Lee-romance espírita gay
RomantikIMPRÓPRIO PARA MENORES DE 21 ANOS!!! _Dois homens casados envolvidos num amor proibido...duas esposas se unindo para tentar salvar o casamento...uma criança que precisa reencarnar para junto aos pais resgatarem uma história de outra vida! Como um...