CAPÍTULO 32-SÓ MAIS UMA VEZ!

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O dia da partida amanheceu nublado e triste, como se comungasse daquele retorno triste à civilização...ao movimento...aos problemas  que aguardavam o pequeno grupo!

Santiago conseguira convencer Caio que ele realmente não iria conseguir montar num cavalo e o garotinho, agora mais confiante na ajuda dele para a cura de sua doença,  não insistiu na aventura.

Foi difícil ficar olhando Alexandre e o filho andando juntos num cavalo enorme e robusto pelo gramado na frente da casa. 

Caio queria ter saído pelos morros, correr, mas o pai sabia que não era o momento de se arriscar a uma queda, a um sangramento.

Os sinais da doença já se faziam presentes: febre, perda de peso, sangramento nasal, fadiga, suor, tontura, perda de apetite e falta de ar.

Os três homens, dispostos a realmente fazer daqueles dias o passeio dos sonhos do pequeno, conseguiram driblar muito bem todos os obstáculos já impostos pela doença e desviar a atenção de Caio. Claro que o garoto em breve descobriria por si só, inteligente como era, que tudo aquilo só mostrava que o seu caso realmente estava requerendo cuidados e concessões da parte de todos. 

O pequeno sabia que os pais nunca o deixariam faltar tantos dias de aula, se não fosse algo sério! Porém, Caio não falou nada...deixou eles todos acharem que o enganavam...pois não queria que ficassem tristes por ele!

_Pai, vai na frente com o vô Manoel agora na volta e deixa eu ir com o tio Santiago aqui atrás?_pediu o garoto.

O pai não se opôs...especialmente porque já era visível que o garoto estava ficando cansado com mais facilidade e, provavelmente, ele iria querer dormir um pouco durante a viagem de volta. 

Mas, não foi aquilo que aconteceu: a exemplo do pai, também Santiago tinha as suas brincadeiras e histórias para animar Caio na parte de trás do carro.

Alexandre agradecia por Manoel ter pegado o volante, porque ele não estava realmente em condições de dirigir imaginando que logo não estaria mais durante todo o dia ao lado daquela pessoa que ele aprendera a respeitar tanto...seu primo.

Alexandre reconhecia o quanto o comerciante havia se empenhado para  fazer aqueles dias memoráveis para Caio! Mas não era só isso que estava mexendo com o urologista...ele não conseguia mentir pra si mesmo.

O médico percebera o quanto o padeiro estava a fim dele...a fim de seu toque...de sua pegada...sabia o quanto ele também havia gostado do encontro que haviam tido no córrego... e sabia que Manoel também tinha conversado com Santiago.

_Não precisava ter falado essas coisas com o Santiago, Manoel! Ele é muito sensível, deve ter ficado desconsertado._defendera o médico.

_Desconsertado ele vai ficar quando Caio chegar em casa e sair falando, nos almoços de domingo com toda a família, que o pai dele mordeu a bunda do primo...carregou o primo...

Alexandre o interrompeu piscando aflito como se pudesse afastar aquele pensamento!

_Para...não posso nem pensar!

_Meu gaydar apitou de forma ensurdecedora desde a primeira vez que eu vi vocês dois juntos._confessou o idoso.

_E por que não me avisou pra tomar cuidado? Talvez eu tivesse me mantido na minha, Manoel!_reclamou o outro.

Manoel suspirou derrotado:

_Porque não teria adiantado...porque vocês dois tinham pendências desde lá daqueles anos de escola...e de vidas passadas, claro! Achei que era melhor resolverem isso antes da doação. Só que eu não sabia que iriam resolver tão bem!

EM PRIMEIRO LUGAR...NÓS TRÊS!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora