CAPÍTULO 14-ALEXANDRE SE DECEPCIONA!

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Alexandre lembrava-se de todos os cursos extras que surgiram ao longo de seu período naquela escola mundialmente famosa e que ele não precisou pagar, pois era-lhe informado que a pedido do professor Kelly, ele teria a bolsa garantida! 

Realmente, aquele homem em estágio terminal tinha direito sim de lhe fazer um último pedido, reconheceu o brasileiro.

_Eu respeito a sua opção sexual, Alexandre..._começou o doutor Kelly.

Aquela frase fez com que o médico brasileiro sentisse o coração gelar dentro do peito!

_Admiro a sua heterossexualidade...o seu carinho ao falar de sua família...esposa...filhos...mas eu sou gay, Alexandre._confessou o moribundo tocando a cintura do médico brasileiro numa nítida intensão de atraí-lo para mais perto.

O negro automaticamente deu um passo atrás e viu, estampado no rosto do antigo professor, uma expressão triste, sofrida  por se sentir rejeitado.

_Eu nunca pensei..._gaguejou Alexandre Enderson.

_Que um homem casado, quatro filhos, sete netos pudesse ser homossexual? Acredite...é mais comum do que você possa imaginar, Alexandre! Por favor, tente não me olhar com tanta repulsa... te imploro.

Alexandre umedeceu os lábios. Desejou que Weber estivesse ali...desejou que qualquer pessoa estivesse ali a fim dele poder sair e deixar aquele homem sob os cuidados de outra pessoa para descer daquela mesa!

_Até alguns minutos atrás você se dizia agradecido...sensibilizado com a minha situação...disposto a fazer o que fosse para me retribuir por tudo o que eu fiz por você, Alexandre. Negaria o último pedido de um moribundo que lhe estendeu as mãos um dia?

_Mas eu nunca poderia pensar que seria algo desta natureza, confesso! Já lhe adianto que não há nenhuma possibilidade de trair a minha esposa, professor Kelly!_disse com repulsa._Na verdade...seria trair a mim mesmo, professor!

O professor tinha os olhos úmidos, um sorriso triste e apaixonado nos lábios:

_Eu nunca soube dizer o que mais me atraía em você, Alexandre...se a sua cor...o seu sorriso...este seu jeito de ficar sério...este seu corpo que me dizia que a saúde é da cor marrom bombom e que o cacete que pertence a um homem assim deve gotejar um líquido mais doce do que o manjar dos deuses!_revirou os olhos já trêmulo.

Alexandre sabia que o outro podia perceber que ele iria sair dali correndo a qualquer momento, chocado demais com tudo aquilo, a ponto de abandonar aquele homem moribundo...por isso, Kelly falou rápido:

_Não lhe peço nada além de deixar que eu...que eu apenas sinta o seu cheiro, Alexandre...apenas encoste os meus lábios...apenas um pouquinho para sentir o seu membro em meu rosto, em minha boca...sei que não seria difícil você pensar em outra pessoa para se excitar. Sua esposa, talvez? Ou...quem sabe...outra pessoa que lhe atraia?_insinuou já rouco, excitado._Por favor...é o meu último desejo...por favor...

Alexandre deu outro passo atrás, se afastando mais ainda...decidido:

_Não. Professor, eu me sinto condoído pela sua condição, pela sua saúde debilitada e juro que se fosse algo de outra natureza...realmente eu o ajudaria, mas não conte comigo para algo assim.

O professor sorriu emocionado.

_Não esperaria nada além disso vindo de um homem como você, Alexandre. Nunca tive coragem de lhe oferecer vantagens em troca de favores quando ainda era o meu aluno.

O médico brasileiro abriu a boca enquanto, em sua mente, desfilaram os rostos de colegas que sempre tinham, com aquele professor, mais notas do que realmente mereciam! Somente de Alexandre o professor cobrava mais...nunca estava certo ou bom o suficiente...nunca estava perfeito! Ele exigia sempre mais e mais e mais!

EM PRIMEIRO LUGAR...NÓS TRÊS!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora